Primeiro Com "P" de Amor

Viagem

Na segunda-feira à noite, Jimin sentou na mesa de quatro lugares com o pai, e a relação dos dois parecia estar indo bem – dentro do possível. Aquele foi o momento perfeito para pedir ao mais velho que assinasse a autorização da viagem que o time faria junto com os estudantes do último ano para Boryeong, Daecheon. Seria a semifinal do campeonato, e Jimin estava treinando muito para ganhar ou, na pior das hipóteses, empatar.

Mas, apesar de jogar a tarde inteira, estudar e dar atenção a Taehyung, não conseguia tirar Yoongi da cabeça. Estava torcendo para ele ir lhe ver jogar, assim como também esperava que os dois tivessem algum tempo juntos. Sabia que o mais velho estaria com os amigos, incluindo Jeongguk, o garoto do segundo ano, no entanto, desejava que os dois conversassem, andassem ao redor da praia e segurassem as mãos como vinham fazendo há uma semana.

Jimin queria usar aquela viagem como uma fuga da realidade que vivia, em que achava que estava errado por gostar do mais velho, ainda que não soubesse como especificar esse "gostar". Sabia que era forte, tomava conta dos seus pensamentos e dias, porém, não sabia de que modo colocaria em palavras, ou se deveria colocar em palavras. Era muito novo e confuso, e, às vezes, Jimin só desejava aproveitar antes de tomar qualquer atitude mais séria.

– A Younha também vai nessa viagem ou é somente para o time de futebol e os formandos? – Junghyun perguntou, olhando para Jimin por alguns segundos.

"Por que isso é tão importante?", ele quis questionar, mas não queria que outra briga tivesse início sendo que a relação estava indiscutivelmente frágil.

– Não sei. Acho que não – respondeu, brincando com os poucos grãos de arroz que havia deixado no prato. O desconforto no estômago por estar perto do pai após as palavras que ouviu uma semana antes deixava Jimin sem apetite. – Alguns alunos de outras turmas podem ir, principalmente para torcer pelo time, mas acho que ela não vai.

– Ah, entendi – Junghyun respondeu, suspirando. Ele sabia que estava agindo errado com Jimin, mas pedir desculpas era muito difícil. – Então não tem mais volta, é isso?

– Eu não quero voltar e duvido que ela queira, pai.

Nunca teve sentimentos românticos por Younha, por que continuaria insistindo naquele relacionamento? Não fazia sentido algum, mas Junghyun não entendia. Ele nunca entendia o filho, na verdade. Nunca procurava ouvi-lo, sequer perguntava como ele estava.

Além do mais, Jimin estava descobrindo outros sentimentos, estes que talvez fossem os certos para si – e eram. Ele não queria forçar um namoro com Younha, muito menos se pressionar a sentir por ela o que estava começando a sentir por Yoongi. Mas o pai também nunca, nunca entenderia isso.

– Tudo bem, pode trazer a autorização que eu vou assinar para você. – Junghyun sabia o quanto a escola era segura. Jamais deixariam um grupo de adolescentes viajar sozinhos, e já negava coisas demais a Jimin para lhe tirar algo de que gostava tanto.

Sentiria-se péssimo caso não deixasse Jimin jogar, além de já se sentir um pai horrível por tudo o que dizia ao garoto – e pelo que não dizia também. No fundo de seu coração, queria mudar isso, e estava realmente tentando, porém, detestou saber que Jimin terminou o namoro com uma jovem tão boa, que parecia confortá-lo quanto a sua ausência. Se o mais velho soubesse que nada disso importava para o filho, que, na verdade, o que ele queria era salvar a relação dos dois...

No entanto, conversas demais foram jogadas para escanteio, assim como sentimentos, palavras que deveriam ter sido ditas em algum momento, um pedido de desculpas e uma tentativa para que não se perdessem como tinham feito. Junghyun era cheio de culpa e arrependimento, sentimentos que não dividia com Jimin. Enquanto isso, o mais novo era cheio de saudade e tristeza, que também não dividia com o pai.