CAPÍTULO 16 - FASNTAMAS NA JANELA

1.6K 282 222
                                    




Taehyung não conseguia dormir.

Sentia-se inquieto, agitado.

Por isso, estava encarando a feição sonolenta de Jeongguk ao seu lado, que dormia tranquilamente de bruços enquanto abraçava o travesseiro, com apenas uma fina coberta cobrindo seu corpo nu.

Estava o encarando desde que ele tinha caído no sono após o boquete.

Agora, o sol já havia saído e seus raios entravam pelas brechas das cortinas do quarto, iluminando um pouco da escuridão que ficara depois que a fogueira se apagou no final da madrugada.

Seus fios negros pareceram mais brilhosos no momento em que um raio de luz os iluminou.

Taehyung podia ver a poeira flutuando pelo quarto e, lá no chão, as roupas continuavam jogadas e amassadas.

Mas, como se não bastasse todas essas evidências denunciando o que tinham feito a noite toda, ainda haviam o cheiro de sexo e a ardência que Taehyung sentia entre as pernas.

Sabia que teria de começar a pensar sobre o que faria agora, talvez até devesse planejar um novo plano de fuga, mas ele não tinha cabeça para essas coisas ainda.

Continuou a observar Jeongguk dormindo, admirando cada parte de seu rosto.

Aproximou-se, deslizando pelo colchão, e uma sensação urgente de tocá-lo surgiu. No entanto, assim que levantou uma das mãos, pretendendo tocá-lo na bochecha, um pequeno pensamento veio:

Talvez Jeongguk fosse o fantasma da janela.

E isso o fez parar seu movimento, com todas as peças parecendo se juntar dentro de sua cabeça: o fantasma, as previsões do futuro, as cicatrizes nas bochechas e a canção folclórica de Duri. Tudo se interligou e Taehyung recolheu sua mão, em choque demais para saber o que fazer ou sequer conseguir respirar.

Jeongguk era o fantasma da janela.

Virou-se na cama, olhando para o teto do quarto.

Ele era o fantasma e a mulher que lera sua mão estava completamente certa sobre seu segundo casamento.

Taehyung olhou mais uma vez para o homem deitado ao seu lado, observando suas bochechas lisas e desprovidas de qualquer cicatriz.

A canção também estava certa. Taehyung iria voltar. E Jeongguk permaneceria no passado, onde seguiria sua vida, morrendo não muito antes de completar mais de trinta anos (isso, é claro, com tudo baseado nas observações que Eunwoo havia feito no dia da tempestade).

Jeongguk conseguiria a maldita cicatriz e morreria infeliz.

Talvez Taehyung estivesse sendo muito egocêntrico ao pensar desse jeito, mas tinha quase certeza de que a tristeza agonizante que Eunwoo vira estampada no rosto do fantasma do Jeon naquela noite, era por conta do fato de que iria retornar à sua época em algum momento.

Deixaria Jeongguk para trás e ele se tornaria em um espírito solitário, vagando pelas terras escocesas durante décadas e mais décadas; totalmente mergulhado nas lembranças depreciativas dos momentos em que passara ao lado do homem que amara.

Até que, em mais um dia de sua longa e fadada eternidade angustiante, após 200 anos vagando pelo mundo do vivos, Jeongguk avistaria uma janela brilhando sob a luz de velas no meio de uma noite tempestuosa. Taehyung estaria lá, alheio a tudo e penteando seus cabelos em frente à penteadeira e Jeongguk se aproximaria para observá-lo melhor, não conseguindo acreditar que, depois de tantos anos, finalmente o estava vendo novamente.

Talvez ele até tivesse esperanças de que o ômega o reconhecesse.

Mas, naquela noite, Taehyung ainda não tinha ido ao passado. Não sabia quem era Jeongguk e não sabia que fantasmas existiam, nem que viagens no tempo poderiam acontecer.

SÉCULOS - TaekookWhere stories live. Discover now