CAPÍTULO 51- FORTALEZA INCENDIADA

666 138 48
                                    


Terminados os preparativos para a cirurgia da mão direita, Taehyung avaliou os danos mais uma vez, decidindo novamente o que deveria ser feito (afinal, qualquer decisão em falso poderia acarretar em graves consequências). Jeongguk prendeu a respiração com força quando tocou em um local especialmente dolorido, mas manteve os olhos cerrados enquanto Taehyung tateava devagar ao longo de cada junta de osso, observando a posição da fratura e do deslocamento.

- Desculpe-me. - sussurrou Taehyung, vendo que, ao tocá-lo, causava-lhe dor.

A primeira junta estava boa, mas a segunda falange estava fraturada. Sem raios X ou qualquer experiência para guiá-lo, apertou o dedo com mais força, a fim de determinar o comprimento e a direção da fratura.

A mão ferida permaneceu imóvel diante da força aplicada, mas a mão boa se fechou em punho num movimento de retração. Estava doendo.

- Desculpe-me. - ele sussurrou de novo.

Então, Jeongguk se ergueu nos cotovelos. Cuspindo fora o pedaço de couro que mantinha na boca, fitou-o com uma expressão de divertimento e exasperação.

- Sassenach - disse ele. -, se pedir desculpas toda vez que me machucar, vai ser uma noite muito longa. E ela já durou até demais, não concorda?

Taehyung deve ter parecido chocado diante de sua reação, porque Jeongguk começou a estender o braço para tocá-lo. Mas ele logo parou o movimento, contraindo-se de dor.

- Sei que não tem a intenção de me machucar. - falou, gentil. - Mas você não tem outra escolha além dessa, assim como eu também não tenho outra escolha além de sentir tudo isso. E não há necessidade de que mais de um de nós sofra pela minha dor além de mim. Faça o que for necessário e eu gritarei se tiver que gritar.

Voltando a se deitar na cama com cuidado e fazendo uma careta de dor devido às costas, braços e pernas machucadas, Jeongguk pegou o pedaço de couro e olhou para o teto.

- Além do mais - disse ele. -, se os ingleses aparecerem depois disso tudo, acho que vou implorar para que me levem de volta e me enforquem.

Um clima mais pesado do que antes tomou conta da sala diante da declaração.

Taehyung fixou o olhar em Jeongguk, que acabara de colocar o couro na boca novamente, e resolveu que o melhor seria permanecer em silêncio, retomando seu trabalho.

[...]

Foi uma operação longa, horrível e devastadora. E agora, Taehyung começava a compreender porque médicos raramente tratavam pessoas de sua própria família.

Algumas partes, como entalar os dois dedos com fraturas simples, transcorreram sem dificuldades. Outras, não.

Jeongguk realmente gritou (bem alto, por sinal), quando Taehyung precisou encanar os ossos do dedo médio, aplicando uma força considerável, necessária para conduzir as pontas lascadas dos ossos através da carne. E enquanto o ouvia gritar, não ousando parar o seu trabalho, lembrou-se subitamente do que Jeongguk lhe dissera na noite em que o bebê de Mina nasceu: "Eu mesmo posso suportar a dor, mas não aguentaria vê-lo sofrer. Está acima das minhas forças."

Bom, ele tinha razão. Era necessário muito sangue frio para conseguir permanecer inalterado ao ouvir a pessoa que ama berrar aos sete ventos por pura dor. Ainda mais, sabendo que você mesmo era o culpado daquilo tudo.

Conforme trabalhava, Taehyung começou a perder a consciência de qualquer outra coisa além da cirurgia que realizava.

Jeongguk gemia de vez em quando e teve que parar duas vezes para vomitar, expelindo praticamente apenas uísque, já que comera pouco na prisão. No entanto, durante a maior parte do tempo, o Jeon manteve murmúrios constantes em gaélico que, devido à mordaça de couro, o outro não sabia se eram xingamentos ou orações.

SÉCULOS - TaekookTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon