CAPÍTULO 38 - PARA CASA

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Um passo.

Depois outro. E outro, e outro, e outro.

Taehyung corria por entre as árvores da floresta. Lutava desvairadamente contra o mato, escorregava na grama molhada e quase caía nas áreas de cascalho. Mas nunca parava de correr.

Ao longe, conforme o céu escurecia junto à noite, conseguia ver a fumaça vinda do lugar onde Jeongguk provavelmente montara sua fogueira. Rezava para que ele ainda estivesse lá, dormindo sob as ruínas da antiga casa do lavrador.

Quando finalmente chegou, estava ofegante. Tranquilizou-se ao ver Donas amarrado ali perto, pastando.

O cavalo ergueu a cabeça e olhou para Taehyung de forma pouco amistosa, mas logo retornou ao que fazia antes, sem muito interesse.

A cabana do lavrador, mesmo que abandonada e mal cuidada, ainda tinha um teto e uma porta de madeira velha. As paredes estavam inclinadas para o lado, porém ela parecia ser suficientemente segura ao ponto de não desabar tão cedo.

Caminhando silenciosamente, empurrou a porta; o coração prestes a sair pela boca.

Assim que seus olhos se fixaram na figura de Jeongguk, Taehyung se sentiu completamente aliviado, não conseguindo acreditar que quase o tinha deixado para sempre.

Como conseguiria viver sem ele? Não havia como.

E, vendo-o dormindo próximo à lareira feito um anjo caído, de barriga para cima como sempre fazia, as mãos cruzadas sobre o estômago, a boca ligeiramente aberta e os fios escuros sobre o rosto delicado; teve mais certeza ainda de que abandoná-lo seria impossível agora.

Agora, já o amava. Amava demais para que sobrevivesse a uma separação.

Admitir isso para si mesmo fez com que Taehyung sentisse as lágrimas se acumulando ao redor de seus olhos.

Amava Jeongguk. Amava, aquilo que temera chegar a acontecer desde o dia em que se casara. E amar doía ao mesmo tempo em que também era bom. Doía porque era um sentimento forte demais, pesado demais para um único e simples coração.

Observando-o em silêncio e tomando coragem para se aproximar, Taehyung notou os caminhos prateados das lágrimas já secas que Jeongguk tinha em suas bochechas. Ele estivera chorando antes de aparecer.

Tal constatação o destruiu.

E se Jeongguk tivesse ficado a tarde inteira esperando-o surgir pela porta da cabana do lavrador, mas tão logo começou a anoitecer pensou que Taehyung havia mesmo o deixado para trás e retornado à sua própria época?

Taehyung mordeu o lábio inferior e uma lágrima escorreu, livre. O peito sofria diante da perspectiva de que havia feito Jeongguk sofrer, mas também doía por saber que era amado da mesma forma, na mesma intensidade.

Então, movendo-se o mais silenciosamente possível, ele se aproximou.

Andou até Jeongguk e se agachou ao lado dele. Pensou em acordá-lo, mas Jeongguk dormia tão serenamente que Taehyung achou por melhor não fazer isso.

Assim, admirando-o, deitou-se ao lado dele e se aconchegou ao seu corpo, como vinha fazendo todas as noites em que dormiam juntos. Apoiou o rosto contra as suas costas e inalou o cheiro familiar daquelas roupas.

Sonolento e ainda dormindo, Jeongguk se virou ao sentir o corpo de Taehyung próximo ao seu. Abraçou-o, recostou o rosto nos cabelos castanhos e aninhou-os na cama improvisada sobre o chão de terra daquela cabana.

Semiconsciente, Jeongguk também alisou os cabelos de Taehyung para afastá-los de seu nariz; tudo na mais completa rotina habitual. Dessa forma, Taehyung não ficou surpreso ao senti-lo ter um violento solavanco quando acordou.

SÉCULOS - TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora