SÉCULOS - Taekook

CAPÍTULO 52 - MOSTEIRO DE ST. ANNE BEAUPRÉ

Pela manhã, Jeongguk estava com uma cor mais saudável, embora as contusões tivessem escurecido durante a noite e agora cobrissem grande parte do seu rosto.

Taehyung o observou respirar fundo assim que acordou, mas Jeongguk logo enrijeceu o corpo por conta do movimento, gemendo de dor em seguida e soltando a respiração com muito mais cuidado.

- Como se sente? – perguntou sussurrando, colocando a mão em sua testa. Fria e úmida.

Nenhuma febre, graças a Deus.

Jeongguk fez uma careta, os olhos ainda fechados.

- Sassenach, meu corpo inteiro dói. – estendeu a mão boa pela cama, tateando à procura de algo. – Ajude-me a levantar, por favor. Estou todo rígido.

Pela janela, via-se o céu cinzento feito lã.

As nuvens carregadas ameaçavam criar fortes tempestades no futuro, mas a ameaça de busca dos soldados de Wentworth era maior do que o frio que os aguardava do lado de fora.

Dessa forma, partiram da Mansão Eldridge pouco antes do meio-dia, bem agasalhados em mantos pesados.

Hoseok e Jeongguk estavam cobertos de armas por baixo de seus mantos, e Taehyung não levava nada além de sua adaga muito bem escondida na parte de dentro da bota e uma pequena pistola camuflada dentre os tecidos da calça.

Essa situação se devia porque, mesmo contra sua vontade no início, Taehyung deveria se fingir de refém inglês sequestrado caso o pior acontecesse.

"Mas eles me viram na prisão.", dissera Taehyung antes de partirem. "Sir Shiranui já sabe quem eu sou".

"Sim", Hoseok concordou, carregando as pistolas cuidadosamente e uma fileira de bolas, buchas, pólvora, varetas e sacolas fora cuidadosamente espalhada pela mesa lustrosa de Yuta.

Afinal, com Taehyung quase desarmado e Jeongguk ferido demais para fazer qualquer coisa, o ruivo seria o principal responsável pela segurança do trio.

"E essa é a ideia, Taehyung. Temos que mantê-lo longe de Wentworth a qualquer custo caso sejamos capturados. Não vai adiantar nada se você ficar preso lá, junto conosco."

"Além do mais, o próprio Genma não vai sair à caça de fugitivos, não num dia perigoso como esse", ele completou, calcando uma vareta curta pela boca da arma e socando a bucha no lugar. "Qualquer soldado que encontrarmos provavelmente não o reconhecerá. Se formos descobertos, você deve dizer que nós o obrigamos a nos acompanhar contra a sua vontade e convencer os ingleses de que você não tem nada a ver com uma dupla de patifes escoceses como eu e esse seu vagabundo".

Ele apontou para Jeongguk, que se equilibrava desajeitadamente num banco ao lado da mesa, com uma tigela de pão e leite intocada na frente do rosto.

Kayee e Taehyung haviam acolchoado os quadris e as coxas de Jeongguk o máximo possível com ataduras por baixo de uma ceroula e de calças de cor escura para esconder qualquer mancha de sangue incriminadora que pudesse vazar.

Yuta rasgara as costas de uma das camisas do marido para acomodar a largura dos ombros de Jeongguk e a espessura das bandagens o envolviam, mas, mesmo assim, a camisa não fechava na frente e as pontas das tiras que enfaixavam seu tronco podiam ser vistas.

Ele se recusara a pentear os cabelos, alegando que até seu couro cabeludo estava dolorido. Assim, possuía uma aparência selvagem e desgrenhada, as mechas duras e pretas espetadas em volta de um rosto roxo e intumescido, com um dos olhos fechado pelo inchaço.

"Se forem presos", acrescentou Kayee. "Diga-lhes que é meu hóspede e que fora sequestrado enquanto cavalgava pelas proximidades da minha propriedade, Taehyung. Faça com que o tragam a Eldridge para eu identificá-lo, isso deverá convencê-los. Diremos a eles que é um amigo de Yuta, de Londres".