CAPÍTULO 50 - 1 DE SETEMBRO

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Feito lixo, Taehyung foi jogado dentro de uma vala atrás da prisão.

Fora de Wentworth ainda era dia, mas o ar estava gelado e o vento era frio, assemelhando-se a agulhas batendo contra seu corpo desprovido de roupas quentes, nenhum pouco preparado para encarar aquele clima hostil.

A frente fria de outono da qual Hoseok se referira antes havia chego e parecia carregar uma atmosfera triste e melancólica, um prelúdio do que aconteceria no dia seguinte.

Amarrado, Taehyung não se moveu, os olhos abertos enquanto fitava a extensão da vala funda cavada na terra suja.

Sentia-se oco.

A vontade de se libertar daquelas cordas desaparecera, assim como todo o resto de seus pensamentos e emoções.

Fitando a terra imunda e com restos de alimentos apodrecidos que provavelmente vinham da cozinha, Taehyung somente conseguia enxergar a imagem de Jeongguk preso à mesa pela mão martelada.

Ainda conseguia ouvi-lo gritar e chorar de dor ao ter o prego atravessando os músculos sensíveis. E ainda podia sentir o calor de ter seus lábios unidos em um último beijo.

Um último beijo.

Pensar nisso foi o suficiente para que Taehyung criasse forças e empurrasse o corpo para o lado, os tornozelos já queimados e doloridos pelas cordas apertadas fortemente.

Não seria o último beijo.

Não seria porque Taehyung tiraria Jeongguk de lá. Ele o salvaria antes que Chaewon pudesse ter a chance de por aquelas mãos imundas no corpo já maltratado demais de seu marido.

Havia um pequeno declive ao seu lado e Taehyung se empurrou naquela direção.

O corpo magro rolou pela terra com dificuldade, sujando-se por inteiro, e os olhos escuros insistiram em permanecer abertos enquanto girava no chão, fitando as paredes de terra ou encarando o céu azul cada vez mais coberto por nuvens carregadas.

Então, ao final do declive, quando parou de rolar e voltou a ficar parado, Taehyung notou o rosto arroxeado de um homem enfiado entre a terra.

Um cadáver.

A pele ainda não havia começado a se decompor, significando que provavelmente fora jogado ali recentemente, ainda que já estivesse quase que totalmente coberto por terra. A boca estava aberta, os dentes sujos e cobertos de cáries, e os olhos sem vida olhavam na direção de Taehyung, como se estivesse a observá-lo desde o momento em que caíra ali.

Taehyung paralisou, fitando o rosto do cadáver com horror.

Um prisioneiro.

Provavelmente havia sido enforcado e tivera seu corpo atirado ali, em meio ao lixo, porque era assim que prisioneiros eram tratados quando mortos.

Aquela vala, na verdade, deveria estar cheia dos corpos sem vida de todos os homens e mulheres que tiveram a infelicidade de falecer dentro dos corredores de Wentworth.

Os olhos do cadáver eram escuros. Pretos como os de Jeongguk. E aquela vala também seria o lugar para onde seu alfa seria jogado se Taehyung não conseguisse salvá-lo.

Num lampejo de adrenalina e numa atitude dominada pelo pânico, Taehyung firmou os pés no chão e empurrou o corpo para trás, chocando-se contra uma das paredes de terra. De maneira dolorosa, conseguiu se apoiar para ficar de pé, quase perdendo o equilíbrio no processo.

As mãos continuavam presas às suas costas e ele não tinha ideia de como se soltar das cordas. Sua cabeça somente pensava que precisava encontrar Hoseok e Sana o mais rápido possível.

SÉCULOS - TaekookWhere stories live. Discover now