Capítulo 11

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(POV CHARLI) 

Algumas gotas de chuva depois, vi (S/n) abrir a porta da frente e sair, vestindo em seu corpinho, um moletom super grosso. 

V: Grace, podemos ficar doente. Tá muito frio aqui. 

Me virei em direção a ela e a encarei, muito feliz e anestesiada por estar em meio aquela chuva. 

Charli: Por que não pulou a janela? -Perguntei fazendo ela rir.  

V: Eu ainda preciso das minhas pernas para andar. -Falou rindo, enquanto se apoiava em meus ombros. -Você está toda molhada, isso pode gerar uma hipotermia, Grace. Vem, vamos, entrar. 

Charli: Deixa de ser tão lógica. Isso é maravilhoso. -Falei rodopiando sobre as poças de lama, e abrindo a boca para que as gotas caiam sobre a mesma. 

V: Para com isso. -Falou um pouco desconfortável.- Essa água não tem íons, logo é cancerígena. 

Charli: Sim, consumida em grandes quantidades. -Sentem no batente da rua- Também sei usar o google. 

Ela riu e sentou ao meu lado. 

V: Desculpe, eu não gosto muito de chuvas, eu não tenho boas lembranças. 

Charli: Você quer conversar referente? 

V: Eu não quero ser inconveniente. 

Charli: Amor, você tem quer parar de achar que seus sentimentos são sempre inconvenientes. Olha, eu estou aqui com você- Peguei suas mãos, que estavam estranhamente quentes. -O que te afeta, me afeta também, amor. 

Ela suspirou fortemente e finalmente começou a falar. 

(POV S/N)

V: Tudo começou quando eu tinham 10 anos , não é uma idade com que se deva lembrar, mais eu...me lembro. Era para ser um dia normal, eu estava no colégio, eu estava animada,  pois...veria meu pai naquela manhã fatídica. Quando a aula acabou, eu me sentei em uma daquelas cadeiras de plástico, e vi, todas as botinhas com desenhos fofinhos, uma por uma, sumirem, e pais bem prestativos irem buscar seus filhos com seus gigantes guarda-chuvas. Eu encarava eles como, um sinal de proteção, de que eles amavam os filhos ao ponto de comprar um guarda-chuva que portasse eles e os dois. Mais, ele...não apareceu. 

A pressão de suas mãos junta das minhas se fez presente.

V: Minha mãe me buscou naquele dia, disse que meu pai tinha tido um problema. Eu vi nos olhos dela que não estava tudo bem como ela dizia. Ele havia ido embora, foi a primeira vez que ele nos deixou. Então, desde daquele dia, a chuva me deixa com uma sensação de que vou ser abandonada. 

Charli: Ei, eu não vou a lugar nenhum, eu estou aqui. -Abraçou meus ombros, fazendo pela primeira vez em um dia chuvoso, eu me sentir segura. 

V: Quer saber, é como dizem, se está na chuva é para se molhar. -Exclamei me levantando e estendendo a mão para ela. 

Charli: O que está planejando, amor? -Perguntou sorrindo. 

V: Dança comigo? Mesmo eu não sabendo dançar bem. 

Charli: Eu aceito, somente porque eu sou muito fã do "cantando na chuva". 

V: Justo, e olha, eu não prometo que não vou fazer a cena do Gene Kelly. 

Charli: Ficaria tão eufórica assim depois de um beijo meu? 

V: Ficaria até mais. 

Ficamos dançando igual duas malucas, em meio ao condomínio. A chuva havia engrossado e nossos olhos estavam vidrados, tanto que apenas ignorava as pequenas gotículas em meu rosto, e ignorava até o modo como elas desciam majestosamente pelas suas sardas, ignorava apenas para ver o fato dos seus olhos estarem com um brilho magnífico. E algo acendeu em meu coração por pensar que o motivo desse brilho poderia ser eu. 

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