Capítulo 16

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(POV S/N) 

Meus olhos não acreditavam no que estavam vendo, como um descrença que eu não sabia como dar fim. Algo em mim se recusava a ver o que de fato estava diante de meus olhos. 

Max: Vem, (S/a), vamos entrar. -Ouvi sua voz abafada diante da perplexidade que dominava meu corpo. 

Eu não consegui andar, por mais que quisesse, não conseguia, era como se minhas pernas não seguissem os comandos dados pelo meu cérebro. Meu corpo estava estático, imóvel...descrente. Cre
io que Max tenha percebido, pois ela abraçou meus ombros, tentando passar o que eu precisava no momento...algo concreto. 

Max: Ei, sei que você  não está nada bem agora, mais vamos entrar,  ok? Vai ficar tudo bem. 

Os cientistas sempre disseram que a cor azul podia transmitir tranquilidade e paz ao cérebro humano, eu particularmente nunca acreditei nisso, mais naquele momento de caos, quando encarei os olhos excessivamente azuis de Max, soube que de fato, as teorias eram reais.

Desfocando das, calmas e tranquilizadoras, íris de Max  encontrei as íris castanhas intensas de Charli, que estavam chorosas, desesperadas...

Em um movimento rápido, ela pulou da casa da árvore e veio em passadas largas em minha direção. 

Eu queria ir embora, queria mesmo, mais talvez meu coração desejasse saber o que ela tinha a dizer, saber até onde iria sua imaginação para estipular uma desculpa. 

Charli: Amor, me deixa explicar, eu...-Sua voz morreu, algo no seu rosto me confirmava que por vez, ela esperava que eu saísse dali, porém eu não fiz. 

V: Não, você pode explicar, eu quero ouvir exatamente tudo.

Charli: Eu sinto muito, eu não...eu não queria. 

Respirei fundo e desvivei o olhar, evitando que minhas lágrimas caíssem. Eu evitava chorar, evitava mostrar que estava vulnerável, eu me recusava a aceitar que havia sido tola novamente, que havia confiado meu coração a alguém que não o merecia. 

Charli: Por favor, olha para mim. -Se aproximou e segurou em uma das minha mãos, e me olhou nos olhos. -Só me deixa explicar.

V: Só me responde uma coisa...Você beijou ele? 

Charli: Eu...-Foi rude da minha parte, porém a cortei antes que ela concluísse a frase. 

V: Sim ou não, Charli. -Sua expressão ficou tensa de algum modo transmitindo o estranhamento do seu nome saindo de minha boca. 

Charli: Eu beijei ele...mas...- Ela estendeu as mãos para tocar meu rosto, porém dessa vez, meu corpo  obedeceu meus comandos e desviou. 

V: Acho que escutei tudo que tinha de escutar. -Falei me afastando, fazendo ela negar freneticamente, fazendo suas pequenas tiras de cabelos, caírem delicadamente sobre sua feição pintada por lágrimas. 

Fui em direção a porta, e senti a presença de seu corpo, indo de encontro com o meu.  

Max: Não. -Impediu. 

Charli: Eu preciso falar ela. -Sua voz saia deseperada, em súplica.

Max: Tudo bem, você pode falar, mais não agora. Então te peço, fique longe dela. 

Charli: Mais...

Max me olhou como quem cobrava um posicionamento da minha parte. 

V: Eu não quero falar com você agora. -Falei em um fio de voz. 

(HORAS ANTES) (POV CHARLI) 

Nossa relação não era mais a mesma...eu encarava o celular, ou melhor, os comentários contidos nele.

Ficar sozinha com meus pensamentos, não era nada produtivo. Eles me consumiam com ácido tomando e corroendo tudo que existia em mim. 

Talvez eu não seja assim, talvez esse sentimento tenha sido algo totalmente da minha cabeça, afinal, eu nem mesmo sei se amo (S/n)....QUÊ? Charli, é claro que você ama ela, e ela te ama também. 

Eu precisava ficar com (S/n), deitar aos seus braços e ouvir os batimentos do seus coração até esse sentimento passar. 

Peguei o pequeno pinguim de pelúcia e segui para a casa na árvore. 

Charli: Amor, eu preciso de você agor...Oh, desculpe, eu pensei que fosse a (S/a). 

Dylan: Não, sou o Dylan. -Falou rindo enquanto levantava. -A nerd saiu. 

Charli: Ela não me avisou. -Peguei o celular em meu bolso da calça. 

Dylan: Você mal fala com ela. -Falou fazendo eu cair na real. -Você está traindo ela? 

Charli: Não, eu...

Dylan: É difícil ser namorada de uma lésbica estranha, né? A mídia cai em cima de você, né? 

Ele se aproximou de mim. 

Dylan: Você não precisa passar por isso. Você pode ter um relacionamento normal, e viver tranquilamente, Grace. -Saindo de sua boca não tinha o mesmo efeito de quando ELA falava. 

Eu sabia que amava a (S/n), mais eu não sabia que estava disposta a passar por tudo aquilo, eu não sabia que podia ser forte o suficiente. Se eu não podia ser forte para isso, eu não merecia  ter (S/n). Eu não a merecia...

Puxei a jaqueta jeans de Dylan, fazendo ele me encarar vitorioso. 

Charli: Por favor, me faça sentir alguma coisa. -Implorei antes de beijar ele. 

(AGORA) (POV CHARLI)

Eu não estava sendo fraca quando disse que estava com medo. O real sentimento de fraqueza, eu só senti quando vi a garota que eu amo se afastar, talvez para sempre, de mim. 

A porta da sua casa fechou, porém consegui encarar bem os seus olhos, eles não brilhavam mais quando olhavam para mim, como se ela não enxergasse mais um linda poesia quando seus olhos encontravam os meus. 

Dixie: O que aconteceu? -Perguntou quando cheguei, não sei como, em casa. Eu estava chorando rios, era claro que tinha perdido uma luz em minha vida. -Foi a vizinha gostosa? 

Nada respondi. 

Dixie: Eu vou acabar com a raça dela. 

Charli: Não, Dixie. A (S/a) não tem culpa, eu a perdi...-Eu não sabia do impacto disso até falar em voz alta. -Eu a perdi, Dixie. Eu perdi a pessoa que mais me amou na vida. 

Dixie: Como assim? Como isso aconteceu? 

Charli: Eu estava com medo. Dixie, ela me fazia sentir tão especial, tão magnífica, tão...única, eu nunca pensei que pudesse ser amada assim, porém eu fui idiota. Eu fiquei com medo de amar e ser amada tão intensamente e tão verdadeiramente assim que estraguei tudo.  -Minhas lágrimas escorriam, tendo um caminho na traçado em meu rosto.

Dixie me encarou sem reação, ela não tinha o que dizer, ou ao menos nada que eu já não soubesse, então ela só me abraçou muito forte. 

Dixie: Eu sinto muito. 

Sabe quando as pessoas dizem que precisamos de um baque para saber que amamos muito uma pessoa? Eu mais que ninguém sei que é a mais pura verdade, mesmo que esse baque seja depois que perdemos nossa pessoa...

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