Sete: Jogo para dois

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Eu vou morrer. Essa verdade me atinge violentamente, mas mesmo assim, eu não tenho forças para parar o que o vampiro está fazendo. Na verdade, eu não tenho objeção nenhuma quanto ao que ele está fazendo. Aparentemente, o meu instinto de sobrevivência tirou umas férias e não pretende voltar.

Eu sinto o meu sangue correr mais rápido pelas minhas veias, quente como fogo. Uma tentativa desesperada do meu corpo de manter todos os tecidos e órgãos com o mínimo de sangue. Uma tentativa desesperada de não morrer.

Vamos, dê um jeito nisso! Eu grito mentalmente para mim mesma, na esperança de algo acontecer.

Eu não tive que esperar muito.

Como se fosse ensaiado, Nikolay recua como se tivesse tomado um choque. Pela sua expressão, o vampiro parece atônito, mas seus braços ainda sustentam o meu corpo. Uma fina linha de sangue desce pelo seu cavanhaque e queixo, sua íris carmesim brilhante ilumina o escritório como um farol e suas presas ainda estão estendidas, como se estivessem irritadas por serem interrompidas no meio do "serviço".

- Isso certamente foi interessante... - ele se recupera do susto e sorri para mim, lambendo a fina linha de sangue que desce pelo seu queixo.

Eu gostaria de ter me mantido indiferente àquele movimento, mas acabei caindo nessa armadilha, parecendo ser hipnotizada por esse olhar rubro brilhante e pela língua que acaricia o mesmo cavanhaque que antes encheu o meu corpo de arrepios.

Logo os olhos do vampiro voltam à habitual cor verde e o único indício do que aconteceu é o sorriso malicioso em seus lábios. Eu nunca vi um vampiro com tanto autocontrole.

Nikolay avança sobre mim mais uma vez, entretanto, diferente do que eu pensei, não para me morder novamente. Ao invés disso, ele passa a língua pela minha pele, limpando o rastro de sangue que desce pelo meu pescoço e vai em direção ao vale dos meus seios, entretanto, ele se limita a passar a boca somente até pouco abaixo da minha clavícula. Sua língua macia trabalha habilmente na minha pele, enviando malditos arrepios de prazer por todo o meu corpo.

- Posso fazer mais do que isso, mas temo que você precise tirar a blusa... - seu tom falsamente inocente fritou os meus nervos, mas eu estou tão fraca, que apenas me limito a mostrar-lhe o quão bonito é o meu dedo do meio.

O vampiro ri baixo e me pega no colo sem esforço, me colocando sentada no sofá. Nikolay tira um cubo de gelo do recipiente em cima da mesa e se abaixa, posicionando o seu corpo entre as minhas pernas, sugestivamente. Mais um sorriso malicioso do vampiro para mim, me fazendo apenas censurá-lo com o olhar. Ele posiciona o cubo de gelo sobre os dois furos no meu pescoço, que começam a arder, e faz movimentos circulares imitando uma massagem.

- Você parece ser muito experiente nisso... - eu comentei. Minha voz soa um pouco enrolada, como alguém que está embriagado.

- Pode não parecer, mas eu sou muito, muito velho. Posso fazer isso de olhos fechados.

- Quantos anos você tem? - minha curiosidade parece me despertar do torpor, mas o vampiro não aparenta estar muito inclinado a responder a minha pergunta. Então, ante a sua falta de resposta, eu decido chutar. - Cem?

- Mais... - o vampiro semicerra os olhos, como se me desafiasse.

- Duzentos, então? - Nikolay meneia a cabeça em negativa. - Trezentos?

- Você não vai acertar a minha idade no chute, acredite...

- Por Deus, você não pode ter mais de trezentos anos! - eu falei em descrença.

- Eu posso te dizer que sou mais velho do que qualquer outro vampiro que você tenha conhecido. Isso basta por enquanto. - o vampiro me lança uma piscadela.

A Pecadora (Concluído)Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora