Onze: Mais um para a conta

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Como sempre, a La Petite Morsure fervilha de pessoas. Eu passo direto pela fila gigantesca, ignorando os olhares pouco amigáveis das pessoas esperando e sou parada na porta por um dos seguranças. Minhas novas palavras mágicas favoritas se tornaram "Nikolay está me esperando." Isso abre muitas portas, definitivamente.

Como a boate está cheia, eu não sou escoltada como da última vez, apenas indicam que eu devo encontrar Nikolay no mesmo escritório de antes.

Oh, esse fatídico escritório.

Um pressentimento paira sobre a minha cabeça desde que eu acordei: antes que essa noite termine, eu vou precisar de uma ou duas doses de tequila. Talvez mais.

Eu serpenteio entre as pessoas do lugar, passando pelo bar e pela pista de dança o mais rápido que consigo. O espaço está abarrotado de corpos, que dançam de acordo com a batida eletrônica pulsante orquestrada pelo DJ. Eu já estou a poucos metros do início da escada que leva ao escritório de Nikolay, quando sinto uma mão se fechar com força sobre o meu antebraço.

- Ei, japinha! Vamos dançar. - uma voz que eu nunca escutei grita sob o barulho da música e da multidão.

A mão me puxa rápido e grosseiramente, meu corpo praticamente colide de encontro a um maciço peito masculino. Eu levanto o meu olhar e me deparo com um homem que nunca vi antes.

Como todas as pessoas nesse lugar, ele veste roupas pretas. Apenas um colete de couro preto cobre a parte superior do seu corpo, mostrando braços musculosos; o desconhecido não é muito mais alto que eu, mas é mais corpulento. Calvo, com uma barba espessa castanha escura, duas argolas douradas enfeitam os lóbulos das suas orelhas, seus olhos são castanho claros, seu nariz tem aquela aparência torta, como se tivesse sido quebrado várias vezes e seu lábio superior mostra uma cicatriz, que cruza até o meio da bochecha. A cicatriz se torna mais evidente com esse sorriso estranho que ele ostenta. Um sorriso um tanto maligno.

- Acho melhor você me soltar, amigo. - eu falo em um tom calmo.

Eu conheço esse tipo de pessoa, sei que a melhor abordagem inicial é passar autoconfiança. Como uma forma mais sutil de intimidação.

- Ah, vamos lá. Eu não vejo mulheres do seu tipo com muita frequência aqui, japinha. Dança comigo. - o homem continua com a mão firmemente atada sobre o meu antebraço, enquanto o seu outro braço transpassa as minhas costas, me obrigando a ficar nessa posição, quase colada ao seu corpo.

- Eu não quero dançar com você. Então, me solte. - falei um pouco mais alto.

O homem chega mais perto do meu ouvido, seu hálito cheira à alguma bebida destilada forte, como rum ou qualquer coisa que o valha. O braço que segura as minhas costas começa uma lenta descida pela minha coluna, me enojando instintivamente.

- Você vai dançar comigo, sua vadiazinha de olhos puxados. Ou eu vou te fazer desejar nunca ter nascido! - o homem vociferou, me puxando mais de encontro ao seu corpo.

Meu corpo reage por instinto, aproveitando que o homem está a poucos centímetros do meu rosto, eu impulsiono a minha cabeça para frente, atingindo em cheio o seu nariz com a minha testa.

Não consigo evitar o sorriso de satisfação que brota nos meus lábios, quando escuto o som dos ossos do seu nariz se partindo com o impacto. Mais um pra conta, seu filho da puta!

O homem urra de dor e cobre o nariz com as mãos que me seguram, me libertando do seu aperto, enquanto o sangue flui. Tão logo o pequeno rio vermelho começa a escorrer, ele para. O estranho volta o seu olhar novamente para mim, tirando a mão que cobria o nariz, mostrando-o totalmente regenerado - mas ainda com aquele "entortamento natural" -, bem como um par de olhos vermelhos como o sangue que antes gotejava do seu nariz. O homem solta um rugido alto, mostrando as suas presas.

A Pecadora (Concluído)Where stories live. Discover now