O Que Fizemos Naquele Verão

Capítulo 13

June sentia o vento espalhar sua franja de forma incômoda, o que lhe despertava a vontade de simplesmente abrir mão dela. Observou a estrada que se estendia à frente enquanto a bicicleta seguia firme.

Madison cantarolava animadamente e June olhou para trás, fitando o rosto dela. Depois do incidente com a pressão, Madison tomara as rédeas e a fez descansar por dois dias antes de voltarem às buscas. Esse pequeno período foi bom para não sumirem das atividades do acampamento, mas June voltara a ser alvo dos olhares vigilantes do diretor, o que a incomodava profundamente.

Depois do período de descanso, estavam de volta à estrada, no entanto, era a mais velha quem pedalava, para poupar a outra, que aceitou de má vontade a condição. Ambas já tinham tomado café da manhã e agora seguiam para mais um dia de buscas, combinando que voltariam apenas no fim do horário do almoço.

June segurava o canivete com firmeza, sentindo sua textura familiar e observando o brilho do material.

— Maddie? – Chamou.

— Fala. – Respondeu Madison, ligeiramente hesitante ao ser chamada pelo apelido.

— Vamos para a lagoa. 

Madison franziu a testa.

— Agora? Mas não íamos fazer isso só a tarde?

— A lagoa foi o mais próximo que chegamos de encontrar alguma coisa. - Explicou June. – Precisamos ter certeza de que não tem mais nada lá.

Os olhos verdes estreitaram-se em uma careta concentrada, contudo, alguns segundos depois, ela respondeu:

— Você tem certeza de que está bem pra fazer isso? Eu não consigo mergulhar o suficiente para chegar ao fundo.

June assentiu.

— Não se preocupe, eu já estou bem. – Concluiu.

Madison pensou por um momento, mas depois concordou silenciosamente, guiando a bicicleta até a área onde já estavam acostumadas a ir. Escondendo o veículo entre arbustos, seguiram pela floresta e só pararam quando encontraram a lagoa, que agora sabiam não ser tão intocada assim.

— Depois do que encontramos, eu não tenho mais vontade de mergulhar aí. – Confessou Madison.

June jogou a mochila no chão. Sem perder tempo, ela começou a se despir, pronta para iniciar as buscas. Um arrepio correu frio por sua nuca ao pensar que poderia se deparar com um corpo, caso procurasse bem. Contra sua vontade, sua mente processou a imagem de um cadáver inchado, azulado e sem os olhos. Tremeu.

Madison já estava sentada perto da mochila e observava June tirar as roupas com certa hesitação, o que não passou despercebido pelos olhos puxados. Desde o episódio no quarto, sempre que mergulhavam em silêncio, uma tensão desconfortável se impunha sobre elas. June sentiu o rosto queimar ao se lembrar das palavras que seus lábios soltaram, mas não conseguia se arrepender.