Capítulo 2 - Emprego

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Saí do restaurante sem esperar resposta. Não sei como, mas aquela menina que eu nunca tinha visto na vida, tinha conseguido me irritar mais rápido do que o normal. Mas apesar de tudo, ela era incrivelmente linda.

Fim da narração de Palloma.

Palloma foi para o ponto de ônibus, depois de uns 25 minutos já estava em seu apartamento, jogada no sofá com a televisão ligada. Ficou em casa o dia inteiro fazendo absolutamente nada, só assistindo televisão e pensando em como seria amanhã no trabalho. À noite, com o telefone na mão falando com sua mãe, tinha decidido contar sobre o trabalho no restaurante do Paulo.

- Mas mãe, eu preciso trabalhar!

- Não é necessário Palloma, você tem que trabalhar com o que gosta, depois que terminar a faculdade você pensa nisso, ok?

- Não, já pensei e já fiz, amanhã eu vou treinar no restaurante, e vou conseguir o emprego. - a mãe de Palloma, dona Rosa ficou em silêncio. - Nem devia ter ligado pra contar, olha só!

- Não, tudo bem filha, só acho que você não precisa disso.

- Não quero ficar a vida inteira dependendo de você e do papai, mãe! - se fez silêncio de novo, Palloma percebeu que tinha machucado a mãe de alguma forma e falou - Mãe, eu já tenho 24 anos, tenta entender, vai! Preciso ser independente alguma hora.

- Ok, filha, eu entendo.

- Ta bem, então eu vou desligar, ta? Estou com sono, preciso descansar e vou acordar cedo amanhã.

- Ta bem, dorme bem e se cuida viu senhorita Palloma Albuquerque! - Palloma riu.

- Sim senhora, não se preocupe. Boa noite, te amo.

- Boa noite filha, também amo você.

Palloma foi direto para o banheiro, tomou um banho relaxante e bem demorado. Saiu enrolada na toalha e nem se deu o trabalho de se vestir. Se jogou na cama, cobriu-se com o edredom e dormiu rapidamente.

Acordou às 08:43, levantou-se da cama, vestiu uma roupa simples. Short, uma blusa folgadinha e uma havaiana. Foi até a padaria a pé, ficava em frente ao seu prédio. Palloma não sabia cozinhar, todo dia tomava seu café da manhã naquela padaria. No dia anterior não tinha ido por conta da entrevista e seu atraso. Tomou seu café rapidamente e acenou para a Laura, a funcionária da padaria, quando estava voltando para seu prédio. Passou a tarde sem fazer nada até dar 15:00h.

Foi direto para o banheiro, fez o necessário. Vestiu uma calça jeans folgadinha, uma baby look e um all star, como sempre. Olhou o relógio e marcava 15:45, não daria tempo de ir de ônibus. Desceu até a garagem do prédio e saiu com o seu carro, uma pajero 4x4 preta. Chegou à tempo, estacionou seu carro em frente ao restaurante e foi em direção ao mesmo.

Entrou às pressas, de longe avistou a Luciana, foi diretamente até ela.

- Oi, Luciana, boa tarde! - Palloma disse.

- Oi , garotinha! Boa tarde. - sorriu.

- Bom, o Paulo me falou pra eu vir hoje de tarde, pra ter um tipo de treino, pra ver se consigo o emprego.

- Sim, sim, você mesma me avisou ontem. Venha comigo.

Palloma seguiu Luciana até os fundos do restaurante, um tipo de depósito. Luciana pegou um avental, entregou o mesmo para Palloma e disse:

- Coloca isso. - Palloma obedeceu imediatamente. - Bom, agora pega esse bloquinho de pedidos, a caneta, e vai lá fora começar a atender, garota! - Luciana riu.

- Ai, não sei, estou com medo. Será que eu sei atender? - falou nervosamente. Luciana riu novamente.

- Sabe falar e carregar bandejas? - Palloma acenou com a cabeça. - Então sabe, garotinha!

- Ta bom, vou lá. - falou insegura.

- Boa sorte, e relaxa, esse emprego é seu! - Palloma sorriu, virou-se e saiu porta à fora até as mesas do restaurante para começar a atender.

Tinha poucos clientes no momento, todos atendidos. Se escorou no pilar perto do balcão de pagamento. Depois de uns 25 minutos em pé, entrou um homem e sentou-se em uma mesa. Palloma olhou para Luciana e o olhar da mesma era um ''vai lá!''. Palloma descorou do pilar e foi em direção ao tal homem, parou em frente à ele e disse:

- Boa tarde.

- Boa tarde, moça. - o homem respondeu-a sorrindo.

- O que o senhor deseja pedir?

- Bom, eu queria um café. Me recomendaria algum? - falou olhando-a atentamente. Com um olhar meio... Diferente.

- Não entendo de café senhor, desculpe. - o homem riu.

- Ok então, me traz um capuccino e uns biscoitinhos salgados, por favor. - Palloma afirmou com a cabeça e anotou o pedido.

- Algo mais?

- Não, obrigado.

- Sim senhor, com licença. - disse e se retirou indo até o balcão de pedidos entregar o papel anotado. Rapidamente o pedido ficou pronto. Pegou uma bandeja de alumínio redonda e colocou o café e os biscoitos em cima da mesma. Foi em direção à mesa do homem concentrada em não derrubar, ou derramar nada. Conseguiu. Colocou tudo em cima da mesa e saiu em direção ao balcão de onde a Luciana estava atrás sorrindo para ela.

- E aí? Como fui? - Palloma perguntou.

- Esse emprego já é seu, como já te disse.

- Como pode ter tanta certeza, Luciana? - Palloma riu.

- Ah, eu tenho minhas intuições.

- Ah, ok. - as duas riram.

Passou o dia inteiro indo e vindo, dos balcões até as mesas e vice-versa. Um bom começo. Às 20:30, quando o restaurante estava em pouco movimento, o senhor Paulo chamou-a do segundo andar. Palloma olhou para Luciana e a mesma deu um sorriso confiante. Subiu as escadas rapidamente e um pouco nervosa. Bateu na porta e entrou.

- Senhorita Albuquerque, o que eu tenho para dizer é rápido. - Paulo disse olhando para Palloma, que ficou tensa.

- Sim senhor.

- Não me chame de senhor! Pode me chamar de você ou de Paulo. - Paulo disse e riu.

- Desculpa. - Palloma riu junto.

- Bom, tenho uma notícia boa e uma ruim, qual você quer primeiro?

- A ruim.

- A ruim é que agora suas manhãs não vão estar mais desocupadas. Bom, e a boa é que você agora é a minha funcionária. - Palloma sorriu exageradamente.

- Obrigada, senhor. - Paulo a olhou com um ar de reprovação. - Ah, obrigada, Paulo!

- De nada, senhorita. Estarei te aguardando toda segunda à sexta das 09:00 até às 15:30, ok?

- Sim, sim.

- Agora pode ir para casa descansar.

- Obrigada, até segunda.

- Até, Albuquerque.

Branca Como A NeveWhere stories live. Discover now