Capítulo 37 - Não posso

8.3K 491 127
                                    

Já amanheceu. Em uma brecha que havia na cortina do quarto de Palloma, um raio de luz mais intenso atingiu-lhe os olhos, fazendo-a acordar com um calor em seu rosto. Tentando acostumar-se com a claridade do dia, notou que a cama estava vazia.

Percorreu os olhos pelo quarto e parou na porta do banheiro, entre aberta, avistou a morena olhando-se no espelho, prendendo o cabelo em um coque bagunçado. Vanessa sorriu quando saiu do quarto e a pegou observando-a.

- Bom dia, flor dia - esgueirando-se por cima de Palloma, tocou seus lábios levemente em sua bochecha, fazendo Palloma amolecer, tendo como reposta um sorriso completamente apaixonado.

- Sabia que eu poderia acordar assim todos os dias da minha vida?

- Sabia que eu não imaginava que você seria essa romântica brega?

Respirando fundo, Palloma a respondeu:

- As vezes um pouco de romantismo brega, cai bem. Você deveria estar acostumada. Acho que não é muito difícil alguém se apaixonar por você, é?! - com isso, Palloma levantou-se da cama e saiu em direção a cozinha, deixando a outra sozinha na cama.

- O que porra você tá fazendo? - perguntou a si mesma.

Pouco menos de um minuto, Vanessa se sentou no balcão da cozinha, vendo Palloma fazer o café da manhã.

Palloma por um instante parou os olhos na morena e perguntou:

- O que foi?

- Nada - Vanessa mordia os lábios.

Palloma levantou as sobrancelhas, ignorando sua resposta inútil e esperando por outra.

- De que horas nós vamos? Para casa dos seus pais - perguntou, vendo a garota à sua frente baixar os olhos.

- Hum... Você ainda quer ir?

- Por que não iria? - perguntou, juntando suas sobrancelhas, confusa.

- Não sei, acho que quero ficar em casa hoje.

- Então ficamos.

- Na verdade... Quero ficar sozinha em casa hoje - respondeu, mordendo os lábios.

Vanessa a encarou por um instante. Pulou do balcão e saiu andando até o quarto. Pouco depois encontrou a morena arrumando suas coisas.

- Pensei que fosse ficar pra tomar café comigo.

- Pensei que me queria aqui - respondeu-lhe, devolvendo um olhar fulminante para Palloma.

Se aproximou.

- Ei... - tentou pegar na mão de Vanessa, que se afastou, ainda encarando-a - Vanessa, para com isso.

- O quê? Você quer ficar sozinha, obviamente, estou indo embora.

Palloma se aproximou novamente, colocando o rosto da outra entre suas mãos.

- Eu não sei o que eu estou fazendo. Me desculpa. Eu não quero te magoar. Só não estou pronta.

- Pronta pra que, Palloma? Foi você que me chamou, foi você que falou coisas bonitinhas de gente apaixonada, foi você, sua idiota! E quem fala isso é você?

- Eu não sei o que eu estou fazendo, porra! - Palloma aumentou seu tom de voz, olhando nos olhos da morena - Eu não quero sofrer.

Com uma risada debochada, Vanessa saiu de seus braços, por fim, pegando sua bolsa.

- Sofrer? O que você sabe sobre sofrer? Você nem sabe o que é gostar de alguém! - gritou, e saiu do apartamento batendo a porta com força.

Vanessa saiu do apartamento de Palloma às pressas, correndo até seu carro, atordoada. Entrou, colocou o cinto de segurança e parou, olhando pelo para-brisa do carro. Olhando para o nada.

Branca Como A NeveWhere stories live. Discover now