Capítulo 34 - Pavor

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A recepcionista olhou para Palloma, logo após virou-se para o computador a sua frente e começou a digitar algo. Palloma se encostou na bancada, com as mãos inquietas. Segundos depois, a recepcionista se pronunciou.

- Pelo que vi aqui no histórico, a senhorita Vanessa, ligou hoje mais cedo e disse que não estava passando muito bem. Por esse motivo, ela não veio para o trabalho.

Escutou a recepcionista e logo depois, abaixou sua cabeça junto as suas mãos, que ainda estavam na bancada. Fechou os olhos fortemente, respirou fundo.

- De qualquer forma, valeu. - disse, afastando-se lentamente e se retirando do hospital.

Entrou no carro. Olhou para a parede branca que havia na frente do mesmo por breves segundos. Colocou sua cabeça junto ao volante do carro.

- Porcaria! - gritou.

Novas lágrimas. Lágrimas. Mais lágrimas.

Vanessa, agora, estava sentada em frente a televisão da sala, com um pote de sorvete na mão e uma colher na boca.

Típico.

A campainha atreveu-se a soar em seus ouvidos.

- Mas... Quem diabos será que ta tocando a campainha? - perguntou-se para si mesma, logo levantando-se e indo em direção a porta. Anteriormente, deixando seu sorvete em cima do centro.

Não fez questão de olhar quem seria pelo olho mágico. Abriu a porta devagar, olhando para o chão.

Aqueles pés. Olhou-os. Reconheceu. Subiu seu olhar vagarosamente, como quem quer admirar algo por todo o tempo que poderia, mas, ela não. A última coisa que ela faria, era admirar. Seus olhos se movimentavam, carregados de raiva. Transbordando raiva.

Finalmente, ficaram cara a cara. A morena permaneceu em silêncio, aguardando a atitude da outra.

- Vim ver como você está.

- Estou ótima. Agora, se não se importa... - terminando sua fala, fechava a porta, quando ela pôs a mão, impedindo que o acontecesse. Vanessa respirou fundo. - Não quero confusão.

- Nem eu! Só quero conversar. Por favor, deixa eu entrar.

- Não.

- Vanessa, porra!

- Não, Brenda! - aumentou seu tom de voz.

Fez força, empurrando a porta, procurando espaço para que conseguisse adentrar a casa. Vanessa desistiu facilmente. Deixou que entrasse. Caminhou até o sofá novamente.

- Que surpresa magnífica! O que te trás aqui? - a ironia da morena era uma de suas características mais consideráveis.

- Vim aqui te dar sua última chance sobre nós. - disse seriamente.

- Ha. Ha. Ha. Ha. - pausadamente, ironicamente. Logo depois, gargalhou.

Brenda ficou a olhando, quieta. Calada. Esperando que ela parasse com seu deboche.

- Nós? Não existe ''nós'', ora!

- Você não me esqueceu, Vanessa. Eu sei.

- Não sabe de nada.

- Eu sinto.

- Não sabe de nada, não sente nada! Vocês, mulheres, não se importam com nada! Com ninguém! - gritou.

- Não se esqueça que também és uma. - disse, com um sorriso provocativo estampado em seu rosto.

- Como consegue ser tão... Tão...

- Tão...?

- Repugnante!

- Como assim repugnante? Estou aqui, correndo, pra te fazer feliz.

- Faz me rir, né?!

- Me escuta. - disse, pegando em suas mãos. - Eu vou embora daqui. Morar em Washington. E, queria que fosse comigo.

- Tem uma cara de pau maior, não?

- Vanessa... Eu sei que errei, mas, caralho, eu amo você.

- Ah, também tem a parte que, vocês mulheres são muito, mas muito mentirosas!

- Já disse... Não esqueça que és uma. E você também magoa. Não é só você que sofre, não é só você que tem coração, sentimentos. Ouviu?!

- Pode ter certeza, que melhor que vocês, eu sou! - disse, soltando-se dela.

Andou até a cozinha. Brenda veio atrás.

- Como assim ''vocês''? Tem outra?

- Ah, quer saber? Vai embora daqui. Desejo tudo de bom pra ti lá, ta bom? Agora vaza.

Aproximou-se da morena, com passos duros. Agarrou-lhe pelos braços, com força.

- Então quer dizer, que você ta com outra? Por isso não responde mais minhas mensagens, não atende minhas ligações. E eu pensava que tinha feito você sofrer! - apertava-a ainda mais.

- Me solta! Ta me machucando!

...

Parou em frente a casa de Vanessa. Estranhou.

''Por que a porta ta aberta?'' perguntou pro seu consciente.

Saiu do carro e andava ligeiramente. Entrou na casa com pressa. Quando ouviu.

- Eu não quero, me solta!

Era a voz de Vanessa. O jeito que ela falou, entregava que a mesma estava em desespero.

Correu até a cozinha.

Ao chegar no mesmo, se deparou com tal cena.

Vanessa agora se encontrava, encostada na mesa de mármore no centro da cozinha, sendo esmagada por tal mulher, que Palloma até agora não sabia de quem se tratava.

Olhou. A morena a olhou. Olhar de medo.

- Mas que porra é essa?! - falou baixo, mas fez com que Brenda a olhasse. O olhar da Brenda, esse estava em chamas. A raiva consumia-a.

- Então é você? É você que destruiu a minha vida? Não é?

- Solta ela! - foi indo em direção as duas, quando Brenda apertou a morena mais ainda com um de seus braços. A outra mão não ficou livre por muito tempo. Havia uma faca.

- Chega mais perto pra ver o que acontece! - disse. Os olhos de Brenda quase saltavam. Também estava nervosa. Tanto quanto as duas restantes ali. Suava. Sua respiração falhava.

Palloma deu um passo para trás, boquiaberta. Deu passos lentos e medrosos, se encostou no balcão da pia.

- Não machuca ela, por favor... - falou baixo.

- Por que? Se incomodaria?

- Muito. - Palloma colocou a mão por trás de suas costas, sentiu uma faca, em meio a vários talheres que estavam no balcão da pia. Pegou-a discretamente.

- Ah, é? - aproximou a faca da barriga de Vanessa.

- Não faz isso... Não vai te levar a lugar nenhum. - disse Palloma, com a voz trêmula.

- E se eu não fizer, também não vai me levar a lugar algum.

Palloma desviou seu olhar para a morena. A mesma estava com a expressão de pânico. Chorava. Seu rosto estava de cor vermelha. A olhava.

- Você a ama? - perguntou-lhe. Brenda assentiu. - Então, você não quer ver a pessoa que você ama, sofrendo, não é? - negou com a cabeça. - Você quer ver ela feliz, certo?

- Quero... - sussurrou, olhando para Vanessa.

- Então solta ela.

- Eu quero ver ela feliz comigo! - gritou, pressionando levemente a faca em sua barriga.

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