Capítulo 25 - Píer

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Adentraram no carro e logo o mesmo começou a movimentar-se. Palloma dirigia o carro em uma direção que Vanessa desconhecia. A mesma estranhou o fato de não saber para onde estavam indo, porém não perguntou nada sobre o assunto.

- E então... O que você gosta de fazer, ou alguma coisa que gosta? Faz um tempo que eu te conheço e não sei de nada sobre você. - Palloma indagou, dando uma pequena risada após, acompanhada de Vanessa.

- Ah... Eu gosto de ler, até escrevo as vezes... Escutar músicas. Gosto de sair, mas as vezes prefiro ficar em casa assistindo um filme.

- Gosta de ler o que?

- Tudo. Porém, tenho preferências, como romance, suspense, terror, ficção...

- Hum... E músicas?

- Gosto mais de músicas calmas.

- Gosta de sair pra que lugares, assim...?

- Não curto muito sair toda hora pra festa, balada, essas coisas... Uma praia de tarde, ir em uma pracinha, sei lá, as vezes é ótimo, faz relaxar, faz você parar e pensar nas coisas direito...

- Quando ta sozinha, né?

- Também. - disse Vanessa, rindo.

- E quando ta acompanhada?

- As mesma coisa, ué... E você?

- O que tem?

- Me fala sobre você, Palloma.

- Ah, não tenho nada pra falar.

- Ah, qual é? Fala!

- Eu gosto de sair, gosto muito de sair, pra festas. Escuto músicas mais animadas... E amo desenhar.

- Hum... E sua família?

- O que tem?

- Ué, sei lá... Fala sobre ela, se quiser.

- Meus pais são casados, moram um pouco longe do meu apartamento, vejo eles poucas vezes, mas tenho muito contato com a minha mãe.

- Eles sabem de você?

- Me assumi pra todo mundo com dezesseis anos.

- Nossa. Eles aceitaram de boa?

- Mais ou menos. Meu pai sim. Minha mãe foi um pouco complicado, ela queria que eu fosse a princesa, a filhinha, que algum dia iria encontrar o príncipe encantado. Mas depois de um tempo ela finalmente aceitou, ela viu que era o que eu realmente era e o que eu realmente gostava e queria se resumia à mulheres.

- Que sorte, nem com todo mundo é assim.

- E você se assumiu com quantos anos? - Palloma perguntou animadamente, enquanto parava em um sinal vermelho e virava-se para olhá-la.

- Eu não sou assumida. - disse, depois de hesitar um pouco.

- Como? - Palloma havia escutado, porém ficou um pouco surpresa com o que a morena havia dito.

- Não pra minha família, sabe?

- Só não pra família?

- Sim.

- Por que não contou ainda?

- Tenho medo.

- Medo de que? De soltar o que você tem vontade de falar e fazer o que você quer, sem se importar com o que acham?

- Não é tão fácil assim.

- Você já é adulta, Vanessa. - Palloma indagou, enquanto voltava a colocar o carro em movimento.

- Não tanto.

- Não entendi.

- Eu saí de casa há pouco tempo, não sou tão velha assim, Palloma. Eu ainda não sou independente.

- E o trabalho?

- Não da pra ser independente com o dinheiro que ganho. Sou estagiária ainda, não sou funcionária, mesmo, do hospital.

- E seus pais moram aonde?

- Eles moram em Belo Horizonte. Vim de lá faz um ano.

- E... Vai voltar algum dia?

- Se eu for, vai demorar muito tempo.

- Entendo. - Palloma disse, e foi o suficiente para entender que aquele assunto havia morrido.

- Não vai me falar mesmo onde vamos?

- Não. - Palloma respondeu-a dando um sorriso de canto, olhando para a estrada, enquanto Vanessa olhava a rua pela janela, tentando descobrir para onde estavam indo.

Poucos minutos depois, Palloma estacionou o carro em um lugar um tanto deserto para o estado em que moravam. Desceram do carro rapidamente. Palloma saiu andando na frente da morena, que estava logo atrás a acompanhando.

- A gente vai entrar aí? - perguntou Vanessa um tanto desconfortável ao ver que Palloma a levava pela mão até a entrada de algo no meio do mato. A palavra era certamente apropriada para o local, mato.

- Relaxa, já vim aqui várias vezes. É só ter um pouco de cuidado pra não enganchar os pés nas raízes das árvores.

- Hum... - Vanessa respondeu-a um pouco insegura.

- Vamos, você vai gostar. - disse Palloma, enquanto adentrava no caminho rodeado por mato, levando a morena consigo.

O percurso durou poucos minutos, logo, Vanessa avistou, saindo da terra em que pisavam, um piso de madeira, como uma ponte. Assim que pisaram no piso e escutaram o barulho ao tocar seus pés no mesmo, Palloma virou-se para Vanessa e lhe deu um sorriso, que retribuiu imediatamente.

Vanessa olhou ao redor, não havia mais mato, havia agora uma ponte com longa extensão, feita por madeira. Sob a ponte, havia uma lagoa. O local era completamente silencioso, apenas escutava-se sons de pássaros cantando, aquele lugar transpirava paz. A água da lagoa, não emitia som algum, só dava para ver a água indo e vindo, de um lado para o outro, e alguns peixes pequenos nadando rapidamente. Estavam em um píer.

Palloma puxou a mão de Vanessa, e a fez caminhar junto com ela até o final da ponte. Sentaram-se, ficando apenas com parte das pernas para fora da extensão de madeira. Vanessa desde que haviam chegado, não havia falado nada, ainda olhava o ambiente, maravilhada com o que estava em seu campo de visão. Uma brisa leve tocava-lhe o rosto e fazia com que seus cabelos fizessem movimento. Olhou para Palloma que até aquele momento não havia lhe tirado o olhar, apenas esperando com que Vanessa saísse de transe e falasse algo.

- Aqui é lindo... - finalmente disse.

- É mesmo, não é?! - disse, sorrindo exageradamente e dando uma olhada rápida no lugar. - Te trouxe aqui porque achei que fosse gostar, assim como eu.

- Eu amei. Faz tempo que vem aqui?

- Não muito. Poucas pessoas sabem que tem isso aqui. Descobri há pouco tempo. Queria que você visse pelo menos o pôr do sol comigo. É perfeito.

- Já trouxe alguém aqui?

- Não. Por que?

- Por que me trouxe?

- Porque to com você... E imaginei que você fosse querer ver.

- E por que não trouxe ninguém pra cá?

- Não vale a pena. Isso aqui é muito bonito pra mostrar pra qualquer pessoa. - Palloma respondeu-a, fazendo a morena dar uma gargalhada.

- Ciúmes da natureza, Palloma?

- Ah, pode ser. - disse, sorrindo, enquanto puxava Vanessa mais para si.

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Branca Como A NeveWhere stories live. Discover now