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CAPÍTULO UM
edge of seventeen

Havia poucas coisas que Pandora Madison não gostava e em toda sua vida ela pôde facilmente contar em seus dedos todas elas, como noites de domingo, as quais ela achava entediantes, ou talvez comer peixe, eram insossos em sua opinião... mas a única coisa que ela detestava verdadeiramente e do fundo de seu pobre coração, andava, falava e voava em uma vassoura idiota com seus amigos idiotas. Sirius Black, era a coisa da qual ela detestava mais do que peixes ou domingos, a criatura mais detestável que já pisara na terra, seu maior inimigo.

Seu nêmesis.

Quando decidiu estudar em Hogwarts, ao invés de permanecer perto de casa, Pandora pensou que conseguiria se encaixar facilmente. Mas os anos não foram realmente tão fáceis para ela, talvez pelo fato de que já aos onze anos teve de se adaptar à um outro idioma, ou então aos alunos que caçoavam do seu sotaque e viviam debochando do seu jeito de ser... mas imaginava que aquilo tudo a tornara mais forte, não teria feito cada um deles se renderem aos seus encantos e nunca mais rirem dela se não tivesse sido forte. Apesar disso, todas as vezes em que voltava para Hogwarts, sempre pensava qual seria o desafio da vez, se teria de lidar com crianças cruéis ou então um garoto que não saía de seu pé... mas naquele ano as coisas estavam diferentes.

— Dora! Você está ouvindo?

E Sirius... ele permanecia junto dela feito um fantasma, ou simplesmente um espírito agourento que, grudado às suas entranhas, nunca ia embora. Eles eram terríveis um com o outro, de maneira até perigosa de vez em quando, como na vez que Sirius lhe deu bombons que fizeram seu cabelo cair. Para falar a verdade, nenhum dos dois odiava a posição de rivalidade, tendera a ser divertido o jeito com que se detestavam, simplesmente esquecendo que tinham mais em comum do que deveria ser aceitável. Mesmo assim, Pandora sabia que deveria ser a última vez que deixava Sirius encher sua cabeça, então ela pensou que deveria fazer aquilo com estilo.

— Terra para Pandora? Alô?

Além das inimizades, os anos em Hogwarts não lhe trouxeram apenas rivais e inseguranças, Pandora ganhou os melhores amigos que o mundo poderia lhe dar depois de entrar na casa Sonserina com esmero e honra. Morgana Bouveair, a garota mais bonita e gentil que ela já conhecera, sua melhor amiga, sua irmã e Severus Snape, ao qual as duas praticamente adotaram para o seu bando quando ele perdeu os outros amigos. Eram um grupo inseparável desde o quinto ano e se possível, seriam daquele jeito para sempre. Pandora era definitivamente boa em fazer amigos, mas era ainda melhor em metê-los em enrascadas.

— Ei! Já encontrou um jeito de fazer a porcaria do antídoto?

E às vezes, as enrascadas eram irresponsáveis demais.

— Já disse, Morgie. Eu preciso dos materiais, só posso usá-los se eu pegar no armário do Slug. — respondeu.

Estavam sentados perto da grande árvore perto das salas, abaixo da sombra, enquanto Severus escutava a conversa e lia um livro.

— Eu falei que era uma má ideia. — disse ele.

— Não falou nada, mentiroso. — Pandora brincou.

A amiga, sentada ao seu lado enquanto penteava os cabelos loiros com os próprios dedos, parecia preocupada com a situação.

— Vai dar tudo certo, só tem que aturar ele por mais alguns dias.

Morgana se virou na direção dela e ficou vermelha de ódio.

— Você deu uma poção do amor para o cara mais idiota dessa escola inteira na tentativa de que fosse para outro babaca... — ela tentou não gritar. — E recaiu sobre quem? Sobre mim!

Ah, sim... Pandora Madison fizera uma poção do amor para Sirius Black com a intenção de ganhar todos os jogos contra a Grifinória e fazer com que ele se apaixonasse por ela, podendo levar um belíssimo pé-na-bunda na frente de toda Hogwarts. Essa fora sua grande ideia para fechar com chave de ouro a rivalidade deles durante a escola. Obviamente não deu certo. Na verdade, nem perto de certo, deu tudo completamente errado e o azarado que sentiu os efeitos da poção foi James Potter. Mas essa é outra história...

— Eu vou resolver. — repetiu.

Ela sempre resolvia tudo. Do jeitinho dela, claro.

— Espero que o mais rápido possível. — Morgana falou. — Tenho que ir, aula de Feitiços. Vejo vocês mais tarde.

Quando ela saiu, observaram-na balançar os cabelos e a capa até dentro da escola, carregando consigo os livros. Pandora e Severus ficaram, já que suas próximas aulas se dariam apenas mais tarde.

— Você poderia ter colocado um laxante na bebida dele. — Severus sugeriu.

— Eu sei.

— Ou então ter quebrado a vassoura dele.

— Eu sei...

— Até mesmo um chute na virilha, sabe... — ele riu.

Pandora revirou os olhos.

— Eu já sei, Sev! — bufou. — Pelo menos agora eu sei que consegui fazer a poção com excelência. Muita excelência!

Ele gargalhou, fechando o livro em um som alto.

— Só não teve excelência para entregar à pessoa certa. — ele debochou.

— Foi sem querer!

Bem, de fato, ela errou em ter escolhido justo uma torta de abóbora para esconder a Amortentia, já que aparentemente ela não foi esperta o bastante para descobrir que Sirius Black não gostava delas.

— Vou indo também, Regulus me pediu aulas de reforço em Poções. — Severus contou.

— Ah, diga a ele que mandei um abraço. E que ele é infinitamente mais legal que o irmão. — Pandora pediu. — E mais bonito.

Fora uma mentira imatura, nem ela poderia negar que Sirius Black era sim atrativo. Mas bem longe dela.

— Não preciso dizer, ele já sabe. — o garoto falou. — Até mais, Dora.

Ela continuou sentada ali, sentindo o vento gelado soprar contra o seu rosto e os cabelos curtos esvoaçantes. Nem sequer havia pensando em trazer um livro, afinal de contas, lera cada um dos seus livros antes mesmo de voltar para a escola, na esperança de se sair melhor que qualquer um em suas provas. E quando ela diz qualquer um, é claro que ela quer dizer Sirius Black, que apesar de parecer uma porta intelectualmente, era bastante inteligente. Fechou seus olhos, quase como se percebesse a lenta mudança da direção do sol, afastando sua sombra confortável abaixo da árvore e a deixando refém da luz quente. Ouvia o som das folhas se balançando e dos passos dos alunos que caminhavam por ela, mas não chamavam tanto sua atenção. Quando, de repente, a diminuição daquela luz e daquele calor parou, porque aparentemente alguém tinha entrado em sua frente.

— Anda tão cansada... será que é porquê sabe que não importa o quanto treinar, vai perder todos os jogos?

Ela abriu os olhos, ainda cerrados e encarou a visão do inferno, aliás, Sirius Black parado em sua frente, vestindo o uniforme de quadribol e um sorriso tão cafajeste que só poderia pertencer a ele. O cabelo bagunçado de alguém que havia saído do treino e a vassoura em seu ombro, como se quisesse se gabar de alguma coisa, como se pudesse mesmo ser melhor que ela. Pandora nem se moveu, não iria lhe dar o gostinho de ser atrevido.

— Estou imaginando a cena de quando você cair da vassoura e perder o último jogo... — comentou ela. — Já pensou? Você na ala hospitalar enquanto eu levanto a Taça das Casas.

Ela arqueou a sobrancelha.

— Aposto que você quebra um braço primeiro. — ele provocou.

— Ganho de você com o braço quebrado e de olhos vendados, Black. — ela respondeu.

— Isso é o que você acha, Madison?

Ela finalmente se levantou lentamente, caminhando na direção dele com astúcia. Encarou-o dos pés a cabeça.

— Eu tenho certeza.

— Vamos ver no jogo de amanhã, então.

UNTAMED • sirius blackKde žijí příběhy. Začni objevovat