• quinze •

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CAPÍTULO QUINZE
doubt

Por mais que tentasse fugir de Sirius o quanto conseguisse, ainda era praticamente impossível não encontrá-lo em todos os lugares possíveis, com seus olhos atentos e o jeito de quem estava sempre procurando encrenca, na maioria das vezes ele verdadeiramente estava. Toda vez que passava por ele nos corredores fingia que estava olhando para o céu ou conversando com sabe-se lá quem ela visse em sua frente, não queria de forma alguma que ele voltasse com o assunto da aposta. Primeiro, porquê ela havia ganhado e segundo, porquê ela era uma megera frígida e sem coração, só alguém assim conseguiria ser tão ruim. E ela sentia tudo isso, apesar de saber que fora Remus quem tomara a iniciativa, surpreendendo-a com um beijo menos apaixonante do que o esperado de alguém como ele, tão gentil e cavalheiro.

Ah, claro, ela esquecera de mencionar também que agora eles passavam mais tempo juntos que o normal, já que Morgana também quisera se aproximar do garoto e Pandora... bem, ela já estava bastante próxima dele, talvez até demais.

Não que fosse ruim, jamais, mas era algo a ser estranhado por todos os alunos que os viam passar em bando, dessa vez, sem Severus. Ele, agia feito uma criança mimada, como se estivessem o trocando por um dos indivíduos que lhe fizera mal, sendo que ele próprio não parava de ofender Remus o quanto podia, como se sua cruz fosse centenas de vezes mais difícil de segurar, mesmo segurando-a por querer. Machucava Pandora ter um amigo tão arredio a qualquer coisa que fizessem, como se tomasse conta das duas, segurando-as por fios imaginários como bonecos de ventrículo, sempre voltando para ele. Remus só precisava de mais amigos e as duas garotas quiseram ajudar.

Durante a aula de História da Magia, a única coisa que Pandora conseguiu pensar, enquanto estava sentada ao lado de Morgana e Remus, foi na burrice que fizera ao aceitar aquela aposta. Onde estava com a cabeça? Ofenderia a lua se dissesse que estava no mundo dela. No fim da aula, os três se encaminharam até a rua, onde se separaram e Lupin seguiu na direção dos amigos, que o receberam com confusão em seus rostos. Enquanto comiam o almoço na rua, nesse caso apenas Pandora, as duas ficaram se perguntando onde Severus havia se metido, já que normalmente ficava junto delas naquele momento. Pandora devorava o frango assado e os legumes, ao mesmo tempo que via sua melhor amiga nem tocar a comida dela.

— Perdeu o apetite, Morgie?

Ela sabia dos problemas de Morgana e que ela não se sentia confortável com o próprio corpo, tudo culpa de sua mãe, que nunca estava satisfeita e colocava suas próprias expectativas na filha.

— Preciso estar magra para impressionar... — contou. — Não sei quem minha mãe quer que eu impressione agora.

— Não há problema algum em ser gorda, você sabe disso, Morgie. — Pandora falou.

Inclusive, essa fora uma das únicas questões que nunca afetara a garota, crescera em um lugar tão livre e cheio de pessoas diferentes, que aprendera desde pequena a amar tudo sobre o seu corpo. Mas ela sabia, é claro, que sua melhor amiga não crescera assim.

— É claro que eu sei disso, mas a minha mãe... Você sabe como ela é. Mais fácil obedecer.

Pandora se culpava, como sempre, por não saber como ajudar. Encarou a amiga mais uma vez, até serem interrompidas por uma figura quase obscura como a de um espírito agourento, ela reconhecia toda aquela estrutura e a carranca que o acompanhava, mas era a primeira vez que o rosto jovem direcionava raiva para elas. Severus Snape, como um morcego, segurava-se em suas capas com os nós dos dedos quase esbranquiçados pela força.

— Sev! — Morgana sorriu. — Não vimos você na aula hoje.

— Ah, claro, estavam mais preocupadas em confraternizar com o inimigo. — ele disse.

UNTAMED • sirius blackWhere stories live. Discover now