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GH

Empurrei a porta com o pé entrando na sala de casa com Renata nos braços, ela ria sozinha e cantava uma música que só ela conseguia entender, no idioma Renata

- Esse sapato maldito tá acabando com meu lindo pezinho - ela resmungou caindo pro lado quando a coloquei sentada no sofá

- Tudo bem, vamos tirar o sapato - puxei seus saltos devagar colocando eles no canto do sofá

- Eu to com fome - ela continuou resmungando

- Você tá sempre com fome - dei risada - Consegue tomar banho sozinha? Faço alguma coisa pra gente comer enquanto isso - olhei pra ela que tava deitada toda torta no sofá

- Sim, acho que sim - ela se levantou devagar e eu fiquei olhando ela andar, na lerdeza de uma tartaruga no rumo das escadas

- Certo, eu faço alguma coisa rápido e já subo pra ver como você está - alcancei ela na escada e ela concordou

Tirei a blusa e o tênis colocando perto dos sapatos dela, calcei minhas havaianas indo na direção da cozinha, olhei as horas e imaginei que fazer alguma coisa muito trabalhosa demoraria muito, então peguei pão, presunto, queijo e fui fazer um misto

Coloquei as coisas lado a lado organizando como ia começar a arrumar o misto, e ouvi um barulho alto

- Merda...- soltei as coisas rápido e subi as escadas na velocidade da luz, entrei no quarto e fui na direção da porta do banheiro, estava aberta e o cheiro de shampoo dominava

Ela estava abaixada pegando o frasco grande de máscara que deixou cair no chão, me encostei na porta relaxando

- O que foi? - ela se virou pra mim

- Você quase me mata do coração, achei que você tinha caído ou alguma coisa assim - olhei pra ela que deu uma risadinha

- Ficou preocupado comigo, que gracinha...- abriu o box e me jogou um pouco de água me fazendo virar o rosto

- Eu me preocupo com você sua palhaça - fechei a cara e ela deu risada

- Esbarrei no pote de máscara, derramou bastante, é a minha favorita - ela falou fazendo bico e me mostrando o pote fechado

- Compro outra se você quiser, quantas você quiser - ela sorriu

- Não precisa, ainda tem uma boa quantidade, tá fazendo alguma coisa pra gente comer? - me olhou - Meu estômago tá quase chegando no cérebro - gargalhei

- Exagerada - virei as costas e sai do quarto

Voltei a cozinha e fiz os mistos, coloquei em um prato e quando ia subir vi ela descendo as escadas, com uma blusa e uma cueca minha, usando como se fosse short

- Eu deixei? - franzi a testa olhando pra ela

Ela gargalhou

- Como se eu precisasse pedir alguma coisa - me olhou com deboche e se sentou no balcão de frente pra mim

- bobona - falei revirando os olhos e ela riu

Peguei dos copos, uma coca e coloquei na nossa frente enquanto ela mordia um dos mistos, começamos a comer em silêncio e quando estávamos terminando percebi que ela estava prestes a fazer alguma pergunta, e não qualquer pergunta, alguma que estava incomodando ela de algum jeito

- Posso te perguntar uma coisa? - me olhou

- Até três - ela sorriu de lado bebendo o resto da coca

- Não te incomoda as pessoas cochicharem sempre que elas acabam vendo a gente junto? - me olhou - Pelo fato da nossa idade ser tão diferente...- completou

- Claro que não pô, que ideia é essa? - olhei pra ela sem entender

- As pessoas falam que eu estou com você pelo seu dinheiro, pela sua posição no tráfico, por reconhecimento...- ela falou meio baixo - Não é a verdade, você sabe, mas é que eu não sei como lidar com isso - respirou fundo

- As pessoas aqui sempre vão falar da vida dos outros já que a delas não tem credibilidade nenhuma... - comecei - Eu gosto de você Renata, não tem nada de errado nisso, você tem 20 e eu 33, somos maiores de idade e temos total consciência das coisas que fazemos, ninguém tem nada haver com a nossa vida - peguei na mão dela que estava em cima do balcão - Não quero que você fique preocupada com o que as pessoas acham do que nós temos, só eu e você sabemos do nosso relacionamento - ela deu um sorrisinho

- Temos um relacionamento...- me olhou ainda sorrindo

Dei risada

- Não tenho mais idade pra ficar no intermediário, gosto de você e você gosta de mim, não tem porque não manter as coisas sérias - expliquei - Você quer um pedido mais elaborado? - debochei e ela me olhou com o mesmo deboche

- Não precisa velhinho, deu pra entender que você está louquinho por mim - brincou fazendo cara de deboche, ri

- Você me chamou de que? - semicerrei os olhos

- Velhinho gagá? Velhote? Idoso? - ela perguntou saindo do banco e andando na direção da sala

- Olha aqui garota se eu for até aí...- ameacei olhando pra ela que se virou pra mim

- Vai fazer o que? - arqueou as sobrancelhas - Me perseguir com seu andador? - gargalhou

- Traiçoeirazinha! - me levantei rápido do banco, ela correu subindo as escadas e gargalhado

Sorri de lado pensando o quanto eu estou apaixonado por essa garota e subi as escadas atrás dela.

Morro do alemãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora