Morro do alemão

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Maria Alice

Meu celular vibrou em cima da cama e eu tirei a cara já inchada do travesseiro pra ver quem era

Chamada

X: Como você está meu amor? - ouvi
Eu: Como você soube? To derrubada, acho que um pedaço do meu coração levou três tiros e jogaram sal por cima - expliquei
Ítalo: Seu tio me falou, você quer que eu vou ficar com você? Eu paro o que to fazendo aqui e vou agora - perguntou
Eu: Não quero te atrapalhar - falei respirando fundo
Ítalo: Você não atrapalha nunca, to indo aí
Eu: Amo você - falei sentindo meu coração acelerar
Ítalo: Eu amo bem mais ruiva, conta 10 aí - ele falou parecendo ter dado um sorriso

—

Respirei fundo desligando o celular e limpando o rosto, me encostei na cama tentando respirar melhor e ficar mais tranquila, aquelas palavras me doeram muito, não queria imaginar nenhuma daquelas situações de maneira nenhuma, ouvir ela criar hipóteses e eu ter chegado a imaginar me doeu tanto, mais tanto, não consigo nem explicar a sensação sufocante que foi

Eu sei o que pode acontecer namorando o Ítalo, sei o que ele é, sei que ele pode ser preso e morto a qualquer momento, mas foi uma posição onde eu quis estar, em momento nenhum ele me obrigou ou me escondeu quem ele era ou pelo quê ele iria passar, é tudo sempre na transparência, mas eu tenho medo, tenho muito medo

Ouvi barulho nas escadas e logo ele abriu a porta, me olhou alguns segundos e se aproximou devagar fechando a porta

- Você tá com a cara inchada igual uma foca...- ele comentou baixo e eu acabei dando risada fazendo ele sorrir - Bem melhor assim...- sentou na minha cama colocando a arma em cima da mesinha ao lado

- Foi horrível...- choraminguei e ele me puxou devagar me colocando em seu peito

- Eu imagino que sim - alisou meu cabelo - Ela falou do que a gente tem não falou? - ele perguntou quase afirmando

- Sim - respondi meio sem jeito

- Não vou te deixar passar por nenhuma situação que possa ferrar a sua imagem Maria, eu te amo o suficiente pra ter a certeza de que se algum dia eu fosse parar em um presídio você não colocaria nem os pés na porta, não quero que você tenha que passar por nada disso - ele falou ainda alisando meu cabelo - Você sabe como as coisas são, mas minha ficha é limpa, eles não têm prova de que eu cometi qualquer crime, temos gente que pagamos dentro da polícia e eles são aliados até a morte, não vai acontecer nada - olhei pra ele

- Eu faria qualquer coisa por você - falei olhando nos olhos dele

- Eu sei que sim, mas eu que tenho que cuidar de você, vou estar aqui pra isso - beijou minha testa e em seguida me deu um selinho

- Não leve nenhum tiro e não me obrigue a matar alguém pra te tirar da cadeia...- fiz piada deitando a cabeça novamente no peito dele, senti o mesmo levantando e subindo varias vezes com a sua gargalhada alta e gostosa

- Eu vou tentar, prometo pra você minha ruivinha - me apertou em um abraço e eu respirei fundo inalando seu cheiro gostoso que parecia grudar na minha pele

Eu faria qualquer coisa por ele e ele por mim, isso era uma certeza.