Epílogo

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Alguns anos depois

Caminhei entrando na delegacia, alguns dos policiais me observaram e eu apenas ignorei, fui devagar em direção a sala do delegado, bati na porta 

- Pode entrar - ouvi e abri a porta - Bom dia doutora Fernadez - ele falou me olhando sínico 

- Com todo respeito, bom dia só se for pra você delegado, acordei com ligações da esposa do meu cliente aos prantos porque foram parados em uma blitz e mesmo com as documentações corretas e em dia o senhor mandou algemar meu cliente e trouxe ele aqui - falei observando 

- Veja bem doutora, ele apresentou um comportamento suspeito segundos os meus policiais - ele respondeu 

- Isso não seria um caso de racismo seria senhor delegado? - olhei pra ele - Seus policiais são brancos e eu posso jurar que no momento as câmeras da viatura estavam desligadas e não tem provas das agressões que fizeram no meu cliente, acha que ele bateu a própria cabeça no chão antes de chegar aqui? - olhei pra ele 

- Você não se sente mal por advogar para bandidos? - ele perguntou me analisando 

- Eu não advogo para bandidos,  a lei é falha e eu apenas cumpro o meu papel como advogada assegurando que eles não sejam tratados sempre como merda - respondi 

- Leve seu cliente e o b.o será apagado dos registros - ele falou se dando por vencido 

- Ótimo - falei me levantando sem paciência, caminhei devagar até onde eles o o soltariam e VT um dos vapores do morro saiu de lá de dentro com a cara lisa

- Bom dia doutora - ele falou sem graça 

- É a segunda vez esses mês, vou cobrar o adicional - eu falei ele riu quando íamos saindo 

- Eles me pegaram na covardia, eu não pude nem me defender - ele falou 

- Eu sei, mas tudo já foi resolvido - falei colocando meus óculos escuros de volta ao rosto - Quer carona? - perguntei 

- Seria ótimo - ele falou 

Destranquei meu carro e assim que ele entrou dirigi em direção ao morro, o vapores liberaram minha passagem e em seguida parei em frente a boca, nós descemos e Ítalo estava na porta da boca, quando nos viu cruzou os braços dando uma risadinha 

- Então você é quem fez minha linda esposa sair cedo sem nem me dar um beijo de bom dia? - Ítalo olhou pra ele 

- Foi mal chefe - ele falou sem jeito 

- Se orienta em VT - falou e eu ri, Ítalo se aproximou me abraçando

- Como está se sentindo? - ele perguntou 

- Bem, foi só um mal estar noturno amor - falei e ele concordou me dando um beijinho - Você vem almoçar me casa? - perguntei

- Faz um macarrão daquele de panela de pressão que só você sabe fazer - ele falou 

- To aguando por um também - concordei e ele sorriu 

- Te encontro lá doutora - me beijou feliz e eu correspondi 

(...) 

Entrei no banheiro com os quatro testes na mão e em seguida fiz os mesmos, a alguns dias tenho me sentido enjoada, tenho disfarçado e fugido disso, mas ontem a noite Ítalo me viu vomitando, esperei sentada com o coração na mão vendo os testes 

Observei um a um, todos ficarem com dois riscos bem acessos, senti meu estomago embrulhar e chorei, não era algo inesperado, Ítalo e eu concordamos que agora que eu tinha terminado a faculdade e estava trabalhando na minha profissão era o momento ideal para termos um bebê, estávamos tentando mas sem nenhuma pressa, aconteceu mais rapido do que o esperado, toquei minha barriga sentindo meu rosto se molhar com lágrimas mostrando minha mais pura e genuina alegria 

- A mamãe já te ama antes mesmo de te conhecer - falei tocando minha barriga 

(...) 

- Cheguei familia - Th entrou com as cocas 

- Graças a Deus que demora - Renata falou 

- Ta amarrada no toco gatinha? - perguntou - Danada fome - ele falou e todo mundo riu

- Você demorou três dias pra comprar a coca - GR falou 

- Ainda bem que ele não é da linha de frente, ta ficando lento - meu sogro falou rindo 

- Vamos arrumar a mesa - Minha mãe falou se levantando

- Antes da gente comer eu quero dar um presente pra vocês - falei sorrindo 

- Eita, ja to nervoso - TH falou 

Peguei as caixinhas e entreguei pra eles, entreguei a de Ítalo que me encarou curioso

- Podem abrir - falei 

Ítalo abriu a caixa devagar e o vi analisar os pequenos sapatinhos brancos de crochê, ele riu sozinho tirando eles da caixa enquanto todos observavam os testes de gravidez dentro da caixa

- Vamos ter um bebê amor? - ele falou sorrindo, os olhos estavam cheios de lágrimas 

- Sim, nós vamos - sorri e ele tocou minha barriga devagar olhando para  a mesma 

- O papai já te ama antes mesmo de te conhecer meu amor - ele falou e me deu uma nostalgia por ter dito a mesma coisa sozinha mais cedo - Obrigado Maria, por me escolher pra dividir esse momento lindo da vida, vou ser o melhor pai do mundo pra essa criança - ele falou me abraçando 

- Eu não tenho duvidas meu amor - falei o abraçando e enxugando as suas e as minhas lágrimas 

- Eu vou ser pai porra! - Ítalo gritou animado e todo mundo na sala gritou junto 

Assim passamos a nossa tarde, almoçamos juntos e comemoramos a vinda do meu bebê que nem nasceu mas já é extremamente amado e mimado, em alguns anos minha vida virou de cabeça para baixo, mudei de casa e encontrei conforto no lugar e nas pessoas que menos imaginei que teria. Hoje sou formada na mesma profissão que meus pais e dou muito orgulho a eles, tenho amigos que estão comigo em todos os meus momentos e tenho um marido que me ama incondicionalmente, que faz tudo por mim e por nós, tudo aconteceu da maneira que tinha que acontecer e sou completamente grata por tudo, tudo isso graças ao meu morro, o nosso morro, o morro do alemão.



Morro do alemãoWhere stories live. Discover now