Capítulo Dezesete

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Observo a mesa do meu escritório na matriz da empresa lotada de papéis

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Observo a mesa do meu escritório na matriz da empresa lotada de papéis. Eram vários contratos, relatórios e balancetes para serem revisados o mais rápido possível.

Após duas semanas fora o trabalho se acumulou, e agora terei que fazer algumas horas extras para poder organizar tudo.

Passo o dia em minha sala, focado em resolver todas as pendências, só parei para almoçar mas logo voltei ao trabalho.

Fico na empresa até próximo ao horário que a Cath sairá da faculdade, o que foi bom pois adiantei bastante o meu trabalho.

Saio da empresa junto com o Andrey, falo com ele que iremos buscar a Cath e ligo para o Robert o dispensado. No caminho para a faculdade, acabamos passando por um acidente e nos atrasamos uns quinze minutos.

Após o Andrey estacionar saio do carro e não a vejo em lugar algum, ligo para ela várias vezes mas não tenho êxito.

O Andrey vai  até a portaria da faculdade para   perguntar a um dos seguranças de lá se viu a Cath sair e volta minutos depois.

— Um deles a viu sair  uns cinco minutos atrás, mas não soube dizer para onde ela foi. — O Andrey fala e me preocupo.

Quando ainda estávamos na Califórnia eu mandei que o setor de relações públicas da minha empresa divulgasse uma nota em um dos jornais falando sobre o meu casamento com a Cath, agora todo mundo sabe da nossa relação e temo que ela possa ter sido sequestrada.

Andamos um pouco ao redor da faculdade, escutamos um grito de dor e corremos  procurando de onde vem. Chegamos em um parque próximo a faculdade, e vejo um homem em cima de uma moça tentando abusar dela.

Nos aproximamos e tiro o maldito de cima da garota que para minha surpresa é a Cath, acerto vários socos na cara do desgraçado, mas logo me afasto. Deixo o Andrey cuidar com o maldito e vou até a minha esposa que está deitada no chão.

Me aproximo dela que está assustada e chora, seus olhos fechados apertados demonstram todo o horror que sentiu.

Chamo por ela mas não obtenha resposta, a abraço aliviado por ter chegado a tempo de impedir que o maldito fizesse algo pior com ela.

A pego em meus braços ela geme de dor e perde a consciência em seguida, levo ela até o carro, entro e logo em seguida o Andrey assume a direção nos levando para o hospital.

— O agressor é o ex-noivo da senhora Smirnov, já liguei para a polícia e deixei um dos seguranças responsável por vigia-lo até os agentes chegarem. — O Andrey fala.

— Após nos levar para o hospital quero que cuide dele para mim, quando ela for atendida e estiver bem eu irei visitá-lo. Mas até lá o faça se arrepender amargamente de ter machucado a minha mulher. — Lhe respondo.

O percurso até o hospital foi rápido, ao chegarmos a levei diretamente para a área de emergência e ela rapidamente foi atendida.

Mesmo sob protestos  dos médicos não sai do lado dela um minuto se quer, eu estava muito preocupado, pois ela continuava inconsciente aumentando meu desespero.

— Senhor Smirnov, após fazermos alguns exames de imagem descobrimos que a sua esposa sofreu uma lesão abdominal grave,  infelizmente o traumatismo contundente que ela sofreu no abdômen resultou em  hematomas entre o fígado e o baço dela.  — O médico traumatologista diz o diagnóstico após o fim dos exames que fez em minha esposa.

— Ela irá ficar bem? — Lhe pergunto.

— O corpo  geralmente é capaz de reabsorver os acúmulos de sangue ou seja o hematoma,  mas isso pode demorar vários dias ou semanas. Infelizmente nós não poderemos esperar que o corpo dela absorva o coágulo sanguíneo, pois o hematoma se rompeu. Precisamos opera-la imediatamente para conter a hemorragia no fígado e baço, pois ela pode vir a óbito com esse sangramento  dentro da cavidade abdominal. — Ele me responde.

— Então faça isso, faça tudo que for preciso para salvar a minha esposa. — Lhe respondo.

Ele me entrega alguns papéis para que eu assine, logo em seguida duas enfermeiras entram no quarto e começam a preparar a Cath para a cirurgia.

— Eu posso ir com ela? — Pergunto para o médico e lhe entrego os papéis assinados.

— Infelizmente não, mas não se preocupe a sua esposa irá ficar bem. — Ele me responde.

Me aproximo da Cath, beijo a sua testa e faço um carinho em seu rosto que está roxo e machucado.

— Estarei te esperando aqui pequena. — Lhe digo mesmo sabendo que ela não pode me ouvir, e as enfermeiras sai empurrando a maca e a levando para o centro cirúrgico. 

Ligo para o Brendon e conto o que aconteceu a Cath e peço a ele que transmita a notícia para a Abi e Allyra. Depois ligo para a minha avó, e cerca de meia hora depois todos eles estavam no hospital junto comigo esperando por notícias em uma sala reservada para nós.

— Filho eu irei com a Abi e a Allyra até a cantina para tomarmos um café. Quer que eu traga algo para você? — A minha avó me pergunta.

— Pode ser um café também. — Lhe respondo e ela sai em seguida.

— A Cath não merecia passar por isso,
aquela menina já sofreu tanto na vida dela. — O Brendon diz e o olho curioso com o que falou.

— Me fala o que sabe sobre ela Brendon? Por que quase ninguém sabia sobre a existência dela?  — Lhe pergunto.

— A Cath não tem um bom relacionamento com os pais. — Ele me responde.

— Isso eu já sei, o que quero saber é por que eles não se dão bem? — Lhe pergunto.

— A Cath tinha um irmão gêmeo, mas ele nasceu com uma deficiência no coração e não sobreviveu muito tempo após o parto. Os pais dela queriam que os médicos retirassem o coração dela e colocassem no outro bebê, mas os médicos se recusaram a cometer esse crime hediondo e horrível. O Dimitri e a Natasha ficaram revoltados com isso,  e cegos pela dor culparam a Ecatherine pela morte do menino. — Ele me responde.

— Que pessoas horríveis, como puderam fazer isso com a própria filha. — Eu digo perplexo.

— Eles fizeram da vida dela um inferno, os familiares dela não valem nada. Já presenciei várias cenas horríveis deles a agredindo e humilhando, e se não fosse pela a Allyra e a Abi a Cath estaria sozinha no mundo.  — Ele me responde e fico com muita pena da Cath. 

Eu perdi os meus pais quando ainda era criança, estava com quase nove anos de idade. Mas mesmo não tendo mais eles eu tive muito amor dos meus avós, eles sempre estiveram presentes em minha vida.

E nesse momento me dou conta do quanto venho sendo egoísta com a minha avó, o quanto venho a negligenciando. Ela ignorou o seu luto quando meu pai morreu e me deu todo o apoio que somente uma mãe poderia dar em meu momento mais frágil.

— O que mais você sabe sobre a Cath? — Lhe pergunto.

— Não muito apenas as coisas que a Abi me conta, mas seis que ela adora cozinhar, odeia os dias do seu aniversário outras datas comemorativas e tem pavor ao escuro. — Ele me responde.

— Por que ela tem tanto medo do escuro? — Lhe pergunto.

— Ela foi sequestrada e ficou duas semanas em cativeiro dentro de um porão escuro até finalmente ser resgatada. — Ele me responde.

Alguns minutos depois a minha avó e as outras mulheres voltam da cantina trazendo café para mim e o Brendon.

As horas foram passando e até agora não tínhamos notícias de como a Cath estava e isso estava me enlouquecendo. Me sinto muito culpado, pois se eu não tivesse resolvido ir busca-la na faculdade e não tivesse dispensado o Robert ela agora estaria bem e em segurança.

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