Dois

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Estamos procurando à duas horas e eu paguei 4 novos dons. Nós não falamos com as pessoas mas sabemos quais são esses dons graças ao presente do meu pai, ele sente quando a pessoa é talentosa e sabe qual é o dom dela.

Com um humano é mais difícil, ele não consegue ter certeza, mas com vampiros é mais concreto,é certo.

Papai disse que por hoje é o suficiente e estamos voltando para casa, correndo é claro, mas por ter a porcentagem menor sou mais lenta do que vampiros e híbridos comuns, porém meu pai não espera e eu tento o máximo que posso para não perde-lo de vista, o que é extremamente difícil, mas não posso perde-lo eu me perderia nessa floresta.

Não sei voltar para casa sozinha afinal meu pai nunca faz o mesmo caminho duas vezes.

Estou com a visão turva pelos dons novos e nervosa pela minha punição.

Não recebi comida e nem água ainda e agora são 17:00 da tarde, não sei se irei aguentar até o final, bom, é raro eu aguentar.

Estamos em casa.

"Para o porão, monstrinha" Inquieta me movo para o lugar que me foi mandado, o porão, por mim nomeado meu inferno particular.

O espaço é quase totalmente preenchido com uma maca hospitalar, suspensórios, uma gaiola, um grande X em um canto da sala e armários com os mais diversos objetos de tortura. A maca, por exemplo é utilizada para os jogos de meu pai e seus experimentos, todos me usando como cobaia.

Pouco tempo depois meu pai aparece do meu lado.

"Vá para o X" Caminho até lá com ele logo atrás, James prende meus braços e pernas, anda lentamente até um dos armários e pega uma vara e assim se passa a próxima hora ele me espancando sem pausas com toda a sua força.

Cansada, sobrecarregada, com sede e fome eu luto para manter meu olhos abertos.

Meu pai me liberta, mas ao contrário do que eu imaginava ao invés de me deixar ir para o meu quarto ele me manda sentar na cadeira posta por ele no centro da sala, me sento e mais uma vez sou amarrada. Com a cabeça baixa, cabelos cobrindo os lados do minha face e rosto inexpressivo, o vejo caminhar pelo quarto, porém, sem conseguir ver o objeto que ele tinha em mãos. Ele dá voltas e voltas em torno da cadeira e quando menos espero sou atingida por uma dor dilacerante, jamais sentida antes.

Meu grito é ensurdecedor, a pressão diminuir, a dor não está mais aumentando e aos poucos consigo me concentrar em algo que não fosse o meu mais novo machucado.

Com a respiração extremamente difícil procuro o que havia me machucado.

Uma faca. Uma faca na minha coxa esquerda.

Ele me esfaqueou!

Passei a vida tendo a certeza de que meu genitor tinha a coragem de fazer tudo de ruim comigo, imaginava diversos tipos de tortura ou como ele poderia me matar, mas sinceramente nunca imaginei isso.

Estou quebrada, as dores em meu corpo não são nada comparado ao meu frágil e inocente coração.

O ar foge dos meus pulmões mas eu não me importo em buscá-lo. A pouca vontade de viver, de me livrar do meu pai se foi e é substituída pela intensa vontade de morrer.

Sem mãe, sem parentes ou amigos. Com um pai que só pensa em me machucar e vencer uma luta ridícula as minhas custas.

Quem sou eu? Nada. Não sou nada! Não tenho com quem ou pelo que lutar então por que eu ainda tento me manter viva? Por que eu não deixo a escuridão me dominar, é tão mais simples.

Há pouco sangue escorrendo pela minha perna, já que a faca está estancando o sangramento, isso não é o suficiente para ele que com certeza vai tirar essa faca.

Onde ele está?

Lentamente levanto a cabeça e lá estava ele com os olhos fortemente fechados e mãos pressionando os ouvidos na tentativa de abafar meu alto grito. Ele abre os olhos regados de ódio, tira as mãos dos ouvidos, agara a faca que ainda está em minha perna esquerda e corre ela pela minha coxa aumentando cada vez mais o corte e eu grito, grito sem parar uma hora irá acabar, tem que acabar.

Ele tira a faca e crava na outra perna sem me dar tempo de recuperar o fôlego, e mais uma vez ele aumenta o corte ambos com aproximadamente 10 centímetros cada.

Não aguento mais, dói muito. Meus olhos querem se fechar e eu não permito, eu luto mas a escuridão finalmente me vence.

772 palavras

The Kings Volturi- A Companheira Onde histórias criam vida. Descubra agora