Capítulo 01

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O sol de inverno estava no meio do céu, iluminando os dois homens que lutavam com espadas no pátio aberto do castelo das Terras do Norte.

Espelhando os afloramentos rochosos na paisagem de neve, bandeiras pretas marcadas com um único corvo branco tremeluziam nos ventos frios. Tijolos de pedra cinza escuro brilhavam enquanto a luz do sol transformava o gelo em joias fugazes, e o barulho de metal contra metal, grunhidos de esforço e gargalhadas ecoavam em direção ao céu.

A espada larga roçou a bochecha de Yibo, a queimadura da pele cortada e um fio quente de sangue escorrendo pela bochecha o fez sorrir. Soko parou por um breve momento, horrorizado por ter golpeado seu rei. Yibo aproveitou o momento de distração e avançou para o pescoço dele. Soko se defendeu e, com outra gargalhada, a luta continuou.

Fumaças brancas de vapor escapavam a cada exalação, o suor esfriava na pele aquecida. O cabelo escuro de Yibo estava úmido e grudado em seu rosto pálido; seus olhos escuros brilhavam de alegria, como sempre acontecia quando ele lutava com Soko.

Tendo sido amigos desde a infância, Yibo não confiava em ninguém como confiava em Soko. Cercado por cônsules, guardas e funcionários que obedeciam a todos os seus caprichos, ele podia contar com Soko para ser sua honestidade e racionalidade. Ele lhe dizia verdades quando ninguém mais ousava, e ele nunca se continha quando eles treinavam ou lutavam, como estavam fazendo agora.

Yibo estava sujeito à responsabilidade e ao dever, como os reis costumavam ser. Mesmo quando menino, Yibo havia estudado os costumes antigos, a tradição de seus ancestrais nas Terras do Norte. Estudou, treinou, estudou, treinou, quando ele preferia fazer qualquer outra coisa, mas foi Soko quem voluntariamente ficou ao lado dele. Irmãos, mesmo que não houvesse uma gota de sangue compartilhado entre eles.

O cabelo de Soko era loiro-acinzentado e desgrenhado, seus olhos azuis eram penetrantes. Ele tinha um sorriso travesso e sagaz, uma mente perspicaz para aprender e um olho mais aguçado para as mulheres, enquanto Yibo era sombrio e taciturno e seus olhos eram atraídos pelas formas dos homens. Soko era livre para agir de acordo com seus impulsos e nunca houve escassez de mulheres satisfeitas no castelo das Terras do Norte, mas Yibo nunca foi livre.

Quem usa a marca, leva a coroa.

Preso pela responsabilidade e pelo dever. E pela marca de nascença em seu pulso. Até mesmo o mero pensamento...

Ele sibilou de dor e largou a espada, puxando o protetor de pulso de couro, se atrapalhando para desamarrar as tiras.

— O que foi? — Soko perguntou, imediatamente preocupado. — Ainda coça?

— Não — Yibo respirou fundo. Ele finalmente puxou o protetor de seu braço e cobriu a marca de nascença com seus dedos frios. — Queima.

— Queima? O que...

Nesse momento, as pesadas portas de madeira do pátio abriram-se para dentro. Soko girou e entrou em posição, com sua espada erguida para proteger Yibo, sem culpa, sem questionamento. O jovem mensageiro ergueu as mãos em alarme, respirando com dificuldade, os olhos fixos na lâmina.

— O que é? — Soko exigiu.

— Com licença, meu senhor — o mensageiro disse, curvando a cabeça para Yibo. — Um cavaleiro solitário vem. Em ritmo constante.

Um cavaleiro solitário vindo para a cidade não era incomum. Os
aldeões trocavam alimentos e mercadorias o tempo todo.

— E daí? — Yibo perguntou, ainda segurando seu pulso. — Por que a urgência?

O mensageiro engoliu em seco.

— O cavaleiro e o cavalo carregam a bandeira amarela do Cônsul dos Anciões.

Golden Eclipse ‧ YizhanWhere stories live. Discover now