Capítulo 09

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Yibo não queria admitir, mas as Terras Ocidentais eram bonitas. Pela distância que percorreram antes de o sol subir para o céu da tarde, parecia quase igual às suas próprias terras: vales verdes, grama, campos e riachos. Mas, à medida que o crepúsculo se aproximava, onde as Terras do Norte teriam começado a se erguer até o sopé ondulado na base das montanhas, as Terras do Oeste permaneceram planas. Os riachos ficaram mais largos e frequentes. Pontes de pedra arqueadas, largas o suficiente para dois cavalos cruzarem, ou um cavalo e uma carroça talvez, ligavam todas as porções de terra, e a estrada seguia o caminho do rio por vales pitorescos.

O som constante da água correndo sobre as rochas era pacífico. As canções da vida selvagem eram aquelas que Yibo nunca tinha ouvido antes. Haviam garças, pássaros que Yibo só tinha visto em livros antes. Haviam coelhos, veados e esquilos.

Era um mundo diferente de suas nevadas terras nortistas.

Quando a luz do dia começou a diminuir, Karasu os levou para fora da estrada, através de um riacho raso atrás de um penhasco no vale. Era bem escondido e invisível da estrada, caso alguém viesse procurar.

Yibo desceu de seu cavalo e ele e Soko ajudaram a libertar Kohaku de Maghdlm. Os dois guardas amarraram os cavalos onde eles poderiam se alimentar de grama alta, Xiao Zhan começou uma fogueira e Karasu encheu vasilhas com água do riacho.

Maghdlm parecia maltratada, e o céu escuro escondia os verdadeiros horrores de seus ferimentos. Eles a deitaram perto do fogo, e ela se mexeu e gemeu, mas não acordou.

— Como ela está? — Xiao Zhan perguntou, ajoelhando silenciosamente ao lado deles.

— Não muito bem — respondeu Yibo. Ele puxou a capa de Maghdlm como um cobertor. — Somente a manhã dirá se ela vai sobreviver. Eu ficarei surpreso se ela viver para vê-la.

Karasu entregou a Xiao Zhan uma vasilha de água e ele lhe deu um sorriso agradecido antes de se sentar na grama macia. Ele enfrentou o fogo e tomou um longo gole.

— Ah, as águas de casa nunca foram tão doces.

Ele se inclinou e entregou a vasilha a Yibo. Ele bebericou primeiro, depois deu um longo gole. Estava fresca. Talvez tenha sido porque passou um dia inteiro sem beber, mas essa foi provavelmente a melhor água que Yibo já provou.

Ele passou a vasilha para Soko, que deu um longo gole, depois a jogou para Kohaku, que havia se aproximado. Ele bebeu de uma vez e enxugou a boca com as costas da mão. 

— Estou morrendo de fome. — disse ele. Ele sorriu diretamente para Soko. — Quer ver quem consegue pegar um coelho primeiro?

Soko se levantou em um salto. 

— Desafio aceito!

E Yibo e Xiao Zhan os viram desaparecer mais ao fundo na ribanceira, discutindo e rindo enquanto avançavam. Ele sorriu para Xiao Zhan. 

— Eles são como crianças.

Xiao Zhan sorriu, mas o sorriso desapareceu rapidamente. A metade de seu rosto ficou escondida nas sombras, e foi quando Yibo percebeu que eles estavam sozinhos.

— Karasu foi colher as frutas que viu no riacho — disse Xiao Zhan como se estivesse lendo sua mente. — Hikari e Unagi farão o primeiro turno, então já foram dormir.

Yibo olhou para onde os dois guardas Ocidentais estiveram e, com certeza, agora havia duas formas adormecidas na grama.

Yibo se chutou por não pensar em sugerir a divisão de turnos para que alguém pudesse vigiar. Ele suspirou. 

— Eu me tornei complacente em tempos de paz, ao que parece. Eu devia ter pensado nisso.

— Você aprendeu estratégia tática e de combate, eu presumo — disse Xiao Zhan.

Golden Eclipse ‧ YizhanOnde as histórias ganham vida. Descobre agora