Capítulo 04

864 182 46
                                    

Xiao Zhan, Karasu e Kohaku desmontaram de seus cavalos e atravessaram a ponte de pedra para encontrar os três guardas do Aequi Kentron. Um guarda tocou um sino para sinalizar sua chegada, assim como fizeram da última vez que Xiao Zhan esteve aqui. Ele tinha estado no Aequi Kentron antes, três vezes, e o castelo familiar parecia tão acolhedor como sempre foi.
 
Os olhos de Kohaku estavam arregalados de entusiasmo, por nunca ter estado tão longe de casa.
 
Karasu, por outro lado, olhava em volta, inquieta.
 
— Bem-vindo, Rei das Terras do Oeste. Sua presença é uma honra concedida a nós — disse o primeiro guarda, trajando a capa amarela Kentron, com a rosa dos ventos estampada em seu peito.
 
Outro guarda pegou seus cavalos, mas não antes que Karasu agarrasse seu alforje.
 
— Nós o entregaremos em seus aposentos, em seu nome — disse o guarda.
 
Ela o olhou bem nos olhos.
 
— Obrigada pela oferta, mas posso carregá-lo.
 
O guarda ficou um pouco surpreso e pareceu querer protestar, mas o primeiro guarda acenou com a mão para que deixasse o assunto passar.
 
— Este é o caminho para os aposentos da ala oeste, por favor. Depois de tal viagem, banhos e suprimentos foram preparados antes de sua chegada. Os guardas trarão seus pertences.
 
O próprio castelo era pitoresco com torres e bandeiras. O tempo e o número incontável de pés tinham lixado o arenito como seixos lisos do rio, o que fez Xiao Zhan sorrir. História e tradição eram uma honra de que se orgulhava, e ele só podia imaginar quem havia caminhado por esses corredores antes dele, e há quanto tempo.
 
O castelo do Aequi Kentron tinha mais de mil anos, construído e fortificado conforme os anos permitiam. Os antigos pergaminhos e artefatos estavam em algum lugar nas abóbadas, nas profundezas abaixo do castelo, com as criptas e catacumbas originais guardadas por legiões de Cônsules dos Anciões ao longo dos séculos.
 
Xiao Zhan sentia como se estivesse caminhando em solo sagrado.
 
Kohaku ainda sorria de entusiasmo, embora Karasu olhasse tudo com cautela. Ela sempre foi a mais séria, mas seu comportamento era um pouco estranho. Quando eles viram seus aposentos e finalmente foram deixados sozinhos, Karasu inspecionou os quartos, a vista, e Xiao Zhan sabia que ela estava determinando quais telhados eram acessíveis de quais janelas, ângulos e distâncias, e então ela cheirou os alimentos espalhados sobre a mesa.
 
— Ok, Karasu — disse Xiao Zhan. — O que te incomoda? Você se recusou a deixá-los levar seus pertences, você já tem nossos planos de fuga elaborados e agora suspeita que nossa comida possa estar envenenada?
 
Kohaku girou para olhá-los, o pão já a meio caminho de sua boca.
 
— Envenenada?
 
Xiao Zhan balançou a cabeça para deixá-lo à vontade, mas Karasu cruzou os braços.
 
— Eu não gosto deste lugar. Parece... estranho.
 
— Estranho?
 
— Algo não parece certo aqui.
 
— Esta é uma terra velha — explicou Xiao Zhan. — É sagrada. Talvez nossos ancestrais saibam que você está aqui.
 
Ele quis dizer aquilo como uma piada, mas Karasu não sorriu.
 
— Você pode me ridicularizar se quiser...
 
Xiao Zhan foi até ela e colocou a mão em seu braço. Ele confiava em Karasu e em sua intuição, mas esta era a primeira vez que ela esteve tão longe de casa.
 
— Estamos a sete dias de casa, sete dias de nossos oceanos e do empurrão e puxão da água. Sete dias na sela...
 
— E não reclamei nenhuma vez — respondeu ela. — Kohaku, por outro lado, reclamou como uma criança desde o momento em que deixamos o palácio.
 
— Eu não reclamei — disse ele, com a boca cheia de comida.
 
Xiao Zhan e Karasu o encararam porque ele, de fato, reclamara como uma criança chorando durante a maior parte da viagem. Xiao Zhan finalmente se voltou para Karasu.
 
— Eu pediria a você para dar uma chance. Ficaremos aqui por apenas uma semana. Talvez amanhã possamos inspecionar o terreno, e talvez isso a deixe mais tranquila. Aqui é realmente muito bonito.
 
Ela sustentou seu olhar por um longo momento antes de ceder com a sugestão de um suspiro.
 
— Certo. Embora eu não goste disso.
 
Xiao Zhan acenou com a cabeça.
 
— Notei.
 
— Isso é muito bom — disse Kohaku, enfiando uma fatia de fruta na boca. — Vocês deveriam provar.
 
— Nós provaremos, se sobrar alguma coisa — disse Karasu, afastando sua mão. — Xiao Zhan come primeiro, você sabe disso.
 
— Eu estava morrendo de fome — gritou ele.
 
— Está tudo bem — disse Xiao Zhan, acenando para eles. — Há mais do que suficiente para todos nós. — ele pegou um pouco de carne e pedaços de frutas. — Aquela banheira está chamando por mim, de qualquer maneira. — disse ele. —  Vocês dois podem comer tudo o que precisarem.
 
Ele podia ouvi-los discutindo enquanto ele afundava na água quente e, com uma respiração profunda, fechou os olhos e centrou a mente. Ele estava aqui para a tarefa mais importante de sua vida. Ele precisava tratá-la como tal.
 
Depois de se lavar e se vestir, ele voltou para a sala comunal.
 
— O convite para o jantar chegou — disse Karasu.
 
— O pobre rapaz quase morreu de susto — disse Kohaku com uma risada. — Abriu a porta e quase teve sua garganta cortada por Karasu aqui, apenas por entregar uma mensagem.
 
— Ele deveria ter esperado — disse Karasu com uma fungada.
 
Xiao Zhan os ignorou e leu o convite.

Golden Eclipse ‧ YizhanDove le storie prendono vita. Scoprilo ora