Capítulo 16

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Maghdlm ainda estava cansada e os hematomas em seu rosto agora pareciam os de um cadáver esmurrado. Xiao Zhan se lembrava de ter visto um pescador morto quando era bem jovem; ele havia sido jogado no mastro de seu barco pelo mau tempo, lançado ao mar e se afogado. Os curandeiros disseram que ele estava morto antes mesmo de atingir a água e, pela impressão do mastro afundado na lateral de sua cabeça, Xiao Zhan acreditara.

Maghdlm estava parecendo muito com ele.

Xiao Zhan sabia que Yibo não confiava exatamente nela, mas Xiao Zhan sentia pena dela. Ela era além de velha, pequena e frágil, e alguém tentou matá-la. Não qualquer pessoa, mas alguém de dentro do Cônsul dos Anciões. Eles poderiam não ter desferido o golpe, mas ordenaram que fosse feito.

Ela estava sozinha, fora traída e deixada para morrer.

E ela os estava ajudando. Um tanto relutante, Xiao Zhan podia admitir. Quando Yibo pediu a ela para ensiná-lo a abrir a porta, ela piscou como uma coruja antes de neutralizar sua reação. Mas ela acabou cedendo.

As flechas ainda apontavam para sua última localização e o Yibo segurava a bolsa de elementos. 

— Potássio, lantânio, vanádio, índio — disse ele, enquanto espalhava a poeira de metal na bússola ladrilhada no chão. E antes que Maghdlm pudesse dizer o encantamento, Yibo o recitou de memória. Xiao Zhan não tinha certeza se conseguia se lembrar de cada palavra, já que eles só as ouviram uma vez, mas Yibo certamente sim.

Maghdlm também não conseguiu esconder sua surpresa.

Guardas armados estavam de prontidão, caso não fossem as Terras do Oeste para as quais eles acabaram de abrir a porta, e as faíscas roxas ganharam vida, formando um círculo no ar. Eles podiam ver os guardas de Xiao Zhan em branco do outro lado, katanas erguidas, esperando para ver quem deveria passar. Kohaku fez as honras.

Yibo conduziu Erelis com Xiao Zhan, e eles o apresentaram a Asagi, cujos olhos brilharam ao ver a pilha de livros que Erelis carregava com ele. Erelis olhou maravilhado para a sala em que se encontravam e a vista exterior até se lembrar da sua missão e, dentro de instantes, os dois homens mais velhos já estavam a discutir os livros de história e os mapas.

Yibo tinha dois guardas do Norte cuidando de Erelis.

— Não é nada pessoal — Yibo murmurou para Xiao Zhan. — Erelis significa muito para mim, e eu me sentiria melhor sabendo que ele não se encontra sozinho em uma terra estranha.

Xiao Zhan entendia. 

— Se eu tivesse pedido a Asagi para visitar as suas terras sozinho, eu insistiria em ter guardas com ele também.

Kohaku voltou trazendo três garrafas de vinho de arroz e um grande sorriso. 

— Vou mostrar a Soko como nós, ocidentais, bebemos. — ele nem mesmo parou quando voltou pela porta.

Yibo riu e Xiao Zhan suspirou. 

— Não devemos deixá-los sem supervisão — disse Xiao Zhan.

— Verdade. Eles não podem beber antes de irmos ver Elmwood e Samiel. — então Yibo fez uma careta. — A menos que você ache que eles gostariam de lidar com esses dois embriagados.

— Absolutamente não.

— Você está pronto para partir? — Yibo perguntou.

Xiao Zhan olhou ao redor do grande salão de seu castelo, absorvendo a familiaridade, e respirou fundo antes de dar a Yibo um aceno de cabeça. 

— Nós voltaremos.

Yibo sorriu. 

— Nós voltaremos.

Golden Eclipse ‧ YizhanWhere stories live. Discover now