Capitulo 12

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— Mamãe, eu pareço boba? — Sammy franziu a testa, puxando a palha que saía de suas mangas. — A Ruby disse que eu pareço.

— Você não parece boba — Sina falou, colocando um chapéu velho na cabeça da filha. — E, mesmo que parecesse, isso seria bom. Porque o Espantalho não tinha cérebro, lembra? Então, se a Ruby disser mais alguma coisa, diga a ela que é porque você é ótima atriz e interpreta o Espantalho muito bem.

— A Ruby não se importa. Ela diz que a Dorothy é o melhor papel de todos os tempos. Especialmente porque ela pode levar um cachorro com ela para todos os lugares. Não é justo.

— É um cachorro de pelúcia. Não é tão emocionante. — Sina tentou esconder o sorriso. — E a Dorothy é chata. Não para de falar em ir para casa. Ela nem gosta de Oz, e isso é loucura. O lugar é cheio de estradas de tijolos amarelos e pirulitos.

Sammy parecia ligeiramente mais calma.

— Pelo menos o Matthew também parece bobo — ela falou, olhando pela janela para a casa ao lado. O garoto estava de pé na varanda, com o cenho franzido enquanto Noah tentava colocar nele o capacete de latão. — E eu ainda tenho coração, não tenho? Ao contrário do Matthew.

Sina estava ocupada demais olhando para Noah. Graças a Deus eles não se beijaram na volta do clube de dança, do jeito que ela queria. Nos poucos dias desde que haviam ido dançar, ele voltou a ser o amigo perfeito. Sorrindo tranquilo e acenando para ela quando a via. Era como se qualquer momento mais caloroso entre eles no último sábado nunca tivesse acontecido.
E isso era bom, não era? Ela tinha o suficiente para lidar em sua vida, não precisava de mais complicações.

Nem mesmo uma complicação tão linda quanto Noah Urrea.

— Mamãe, pelo menos eu tenho coração, certo? — Sammy repetiu.

Sina desviou os olhos do vizinho gato.

— O Matthew tem coração. É o personagem dele que não tem.

— E eu tenho cérebro.

— Isso mesmo.

— Ele ainda pode dormir aqui hoje à noite?

Sina nunca deixava de se surpreender com a maneira como a mente de Sammy funcionava. Ela seguia de uma conversa para outra com pouca lógica na mudança. Isso fazia Sina se perguntar quanto a cabeça de sua filha estava confusa.

— Claro que pode. — Noah havia levado o saco de dormir e o pijama mais cedo. O plano era voltar da peça direto para casa, depois fazer pipoca e colocar um filme.

— E, quando ele me convidar para ir até a casa dele, podemos dormir na casa da árvore, não podemos? Porque isso seria justo.

— O quê? — Sina mal ouvia. Estava muito ocupada observando Noah enquanto ele passava a mão pelo cabelo. Ele estava olhando para o bangalô? Ela não sabia dizer.

Sammy suspirou de forma dramática.

— Nada. Podemos ir agora?

[...]

A peça começaria às sete, mas a srta. Mason pediu que todas as crianças chegassem uma hora mais cedo. Eles iriam para a sala de aula antes de subirem ao palco. Sina se dirigiu ao auditório, que já estava com uma quantidade considerável de pais e familiares.

Olhando ao redor, viu uma fileira de cadeiras vagas no meio e foi até lá.

— Há um lugar aqui, se você quiser. — A voz baixa de Noah a fez erguer a cabeça.

Ele estava sentado duas fileiras atrás, sozinho.

— Ah, oi. — Ela lhe deu um sorriso tenso. — Obrigada, mas é melhor não.

Uma luz no Outono - Adaptation NoartWhere stories live. Discover now