Capitulo 19

1.1K 103 8
                                    

— Então não tenho como impedir isso? — Noah franziu a testa, apoiando os cotovelos na mesa da sala de reuniões. Krystian Wang, seu advogado, estava sentado à sua frente, com os papéis espalhados pela mesa e os óculos de leitura no meio do nariz.

— Você não tem poder de veto. Mesmo que convoque uma reunião extraordinária, as ações dos seus pais juntas seriam o suficiente para ganhar.

Noah respirou fundo, o ar passando pelos lábios. Eles vasculharam tudo, procurando brechas ou cláusulas que pudessem lhe dar uma chance.

Mas não havia nada.

— Merda.

— Fiz uma pesquisa sobre o cais. Há um comprador preferencial. A North Atlantic Corporation.

Noah ergueu a cabeça — Já ouvi falar. Eles não compraram metade de Virginia Beach?

— Essa mesmo. Cobrei alguns favores aos advogados da empresa. Eles já têm planos elaborados para um resort com cassino. E, se molharem mãos suficientes, não deverão ter nenhum problema com o comitê de zoneamento. De acordo com a minha fonte, é praticamente um negócio fechado.

Noah apoiou o rosto nas mãos. Qualquer esperança que tinha de evitar a venda e salvar o cais havia desaparecido. E, com isso, qualquer possibilidade de manter sua promessa ao avô.

— E o Kyle?

Krystian deu de ombros.

— Seu palpite é tão bom quanto o meu. Ele vai receber uma indenização, imagino, mas, como mora lá, vai ter que procurar outro lugar.

— Que monte de merda...

— Mas está tudo dentro da lei. Sinto muito, Noah, mas esses são os fatos. Vender o cais é perfeitamente legal, assim como demitir Kyle e expulsá-lo da casa. Se seu pai estiver se sentindo caridoso, podem oferecer a ele outro lugar para morar, mas eles não têm nenhuma obrigação.

— Então o que eu posso fazer? Tem que haver alguma coisa.

— Honestamente? Não acho que você possa fazer nada além de aceitar que às vezes os bandidos ganham. E há alguns aspectos positivos: o resort deve trazer empregos e riqueza para a cidade.

— Sim, isso vai ajudar os ricos a ficarem mais ricos.

— São negócios. E a vida.

Noah se levantou, andando pelo espaço entre a janela e a porta.

— Mas não faz sentido. Meus pais amam Shaw Haven, amam o clima de cidade pequena. O desenvolvimento vai mudar completamente a cidade. Por que é que eles iam querer isso?

— Eles são seus pais. Me diga você.

Ele parou na frente da janela com vista para a cidade. Os telhados familiares do bairro comercial central o saudaram — igrejas e lojas antiquadas se misturavam a modernos prédios de escritórios de vidro. Do lado direito, podia ver o edifício do pai.

— Não acho que eles queiram isso. Pelo menos, não a minha mãe. Acho que meu pai é outra história. O dinheiro sempre foi mais importante do que o sentimento para ele.

— Há sempre a opção de vender suas ações — o advogado o lembrou. Noah ia falar, mas ele o interrompeu. — Escute. Eu sei que você não quer que eles ganhem, mas não se trata deles, não é? Se trata do que você quer, e o que você quer é salvar o cais.

— Mas não à custa do que é certo.

— Não há decisões fáceis aqui, eu sei disso. E gostaria de poder lhe dar outras opções. Mas, do jeito que eu vejo, ou você aceita a oferta do cais pelas ações, ou não faz nada e se afasta da coisa toda.

Uma luz no Outono - Adaptation NoartWhere stories live. Discover now