42. drunk.

2.2K 187 74
                                    

Megan Rutherford, point view
Penn State University, Pensilvânia

— O Jaden vai ter que substituir o Chase até o final de fevereiro. — disse Avani, segurando a bandeja com seu almoço em mãos. Estávamos no prédio do Direito, onde marcamos de nos encontrar essa semana.

— Porque? — perguntei, mastigando uma das minhas cenourinhas.

— Chase está com a garganta inflamada por causa de uma gripe. — Bryce responde. — Jaden vai ser o vocalista da Scorpio por um mês e meio.

Afirmo com a cabeça e volto minha atenção para a salada no meu prato. Fazia séculos que eu não via Jaden. Depois da nossa discussão á algumas semanas, ele parou de me escoltar até a livraria, o que me fez andar em alerta todas as vezes nas voltas pra casa.

Também não via muito Alabama. Isso porque ela e o namorado sempre andavam grudados.
Ou seja, não ver Jaden quer dizer que de quebra eu também não iria ver a sua namorada loura.

Tayler estava sentado a algumas mesas de mim. O time todo estava lá, mas ele parecia muito disperso, estando em qualquer outro lugar que não fosse aquela mesa de refeitório.

Eu sabia que parcela daquilo era culpa minha. Nosso relacionamento esfriou muito depois da minha discussão com Jaden. Depois dele dizer que não conseguia ficar longe de mim.

A real é que quando eu entrei nisso eu sabia das consequências. Eu fui acusada três vezes seguidas pelos melhores amigos dele que isso daria merda. E mesmo assim, eu continuei com tudo.

Quero esquecer dele, porque sei que futuro com ele não há. Pessoas machucadas machucam pessoas. Eu sou uma pessoa machucada, e ele também.

— Você tá estranha esses dias. — comentou Nailea baixinho comigo.

— Acho que tem a ver com o Tayler. — comento. — As coisas meio que esfriaram entre eu e ele.

— Conversa com ele sobre. — ela diz, comendo um pedaço da sua batata frita. — Isso ajuda muito minha relação com Melissa, principalmente ela que mora um pouco longe.

— Não queria encher ele de preocupação. O draft dele é em menos de quatro meses. Ele tá treinando todos os dias e não tem tempo pra nada. Meu medo é sobrecarregar ele mais do que devia.

— É, mas o seu bem estar está em jogo também. — ela diz. — E isso não é o tipo de coisa que se deixa pra lá.

Após o comentário de Nailea, ela se retira da mesa. Fico sozinha ali pelo menos cinto minutos, até ver meu namorado se levantar da sua, e caminhar até a minha. Ele se sentou ao meu lado, e eu ri quando vi que as pernas dele quase não cabiam debaixo da mesa.

— Eu já perguntei pra você quantos metros você tem?

— Eu tenho dois metros e oito. — ele diz, após me beijar. — E você tem quantos? um metro e meio?

— Engraçadinho. — digo em tom irônico. — Eu tenho um e sessenta e seis de altura. Não sou eu que sou baixinha, você que é alto demais.

— Enfim, — ele começa a dizer. — estava pensando em fazer alguma coisa com você essa noite. Depois do meu treino. Só eu e você.

— Esse evento requer que eu fique nua? — eu pergunto, roçando meu nariz com o dele.

— Muito provavelmente. — ele diz, e me rouba um beijo. — E eu também.

— Amei a ideia.

Me despeço de Holder com um beijo nos lábios. Comecei a andar para fora do refeitório, com um sorriso bobo no rosto, ainda olhando para trás enquanto eu acenava para ele.

— Porra!

Olho para frente, e vi vários papéis no chão. Elevei meu olhar, e vi Jaden plantado na minha frente, sem reação nenhuma.

— Desculpa. — eu disse, e me abaixei para ajudá-lo a pegar os livros. Porém, não tive tempo nem de juntar dois cadernos, já que ele os puxou da minha mão e saiu andando pelo refeitório.

[...]

A Basset House estava praticamente vazia. Todos eles ainda estavam no treino, ou voltando dele, porque nenhuma alma se encontrava aqui.

Fazia pelo menos quinze minutos desde que eu voltei do trabalho. Estava jogada na cama de Tayler, assistindo a um novo episódio de How to get away with a murderer — quanta ironia — enquanto meu namorado não chegas em casa.

Meus pensamentos foram trocados pelo barulho agudo do toque do meu telefone. Com uma feição confusa, pausei o seriado e peguei o celular em mãos. Um numero desconhecido apareceu na minha tela, e mesmo com medo, atendi.

— Oi, é a megan.

Eu sei. — diz Jaden do outro lado da linha.

— Hossler? O que você está fazendo me ligando de novo? — eu pergunto surpresa. — Que merda você está fazendo?

Você não tinha esse direito... — ele diz, a língua embolando. Puta merda, Jaden estava podre de bebado.

— De que? — pergunto.

De fazer eu pensar em você. — ele diz. — Todos os dias, de novo e de novo.

— Porra, Jaden, você está bebado. Vai pra casa. — em desespero, eu digo, pronta para desligar.

— Não Megan, você não entende. — ele fala desesperado, mais rápido do que a própria língua dele deixa. — Eu estou pensando em você pra caralho, todos os dias, toda hora. E isso é uma merda, porque tudo o que eu faço eu lembro de você. Eu escutei Black e pensei "caralho é a nossa música".

— Você não vai nem lembrar disso amanhã.

— Foda-se. — ele diz, ríspido. — Eu passei a noite bebendo e pensando em você. Não é justo. Você deveria pensar em mim toda hora também.

— Vai dormir, Jaden. — relutante, eu digo, antes que "Eu penso em você todos os dias também" pudesse sair da minha boca sem querer. — Vá pra casa, e não me ligue mais.

— Eu nem tenho seu numero salvo, Novata. — ele diz — Eu o decorei.

— Tchau Jaden.

Nas minhas últimas forças, desligo a ligação. Sento na cama novamente, ainda processando todas as informações dos últimos cinco minutos. Jaden basicamente se declarou pra mim porra. Se declarou para mim bebado.

Porra, não é justo. Ele nem vai lembrar disso amanhã. E eu vou levar essa memória pra sempre, no fundo da minha mente, guardada a sete chaves de todo e qualquer ser humano que chegue perto do meu coração.

Até mesmo dele.

| 𝟱𝟬𝟱! 𝗃𝖺𝖽𝖾𝗇 𝗁𝗈𝗌𝗌𝗅𝖾𝗋.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora