Capítulo 2

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Seis anos atrás.

|Mariah| - Parte I

Encarava o palitinho que mostrava duas listras ainda sem acreditar. Como eu fui burra! Nossa, meus pais ficariam tão decepcionados comigo. Tento respirar, mas o banheiro do Jonny me sufocava. Abri a porta e encontrei ele fumando um baseado, enquanto dedilhava o violão. Encaro o homem a minha frente, mas não consigo conhecê-lo. Ele me encarou com um sorriso nos lábios.

— Que cara é essa, princesa? — Ele solta a fumava, enquanto deixa o violão de lado.

— Eu estou grávida — Levanto o palito do teste que tinha acabado de fazer. Primeiro ele parece não entender o que eu disse, mas então ele encara o teste. Suas feições mudam de calmo para irritado.

— Você está o que? — Ele se levanta e vem até mim tomando o teste das minhas mãos.

— Grávida... estou grávida — Respondo num fiapo de voz.

Ele quebra o teste ao meio e me olha com fúria.

— Você vai fazer um aborto, está me entendendo? — Ele segura meu punho com força — Eu não posso assumir isso agora. Estou de mudança pra São Paulo! — Escuto aquilo sem acreditar.

— Como assim está de mudança? — Aquilo não fazia sentido na minha cabeça. Estávamos juntos a alguns meses e ele me dispensa assim? 

Sabe quando você olha para uma pessoa e é amor a primeira vista? Eu me senti assim quando o conheci. Estava em um barzinho com minhas amigas do trabalho quando o vi tocando. Sua voz era perfeita, assim como seu rosto. Jonny tinha olhos azuis piscina, cabelo castanho claro e uma pele dourada pelo sol. Seu sorriso e corpo eram perfeitos e ele estava olhando para mim. No final da sua apresentação ele pediu a um garçom para me entregar o número de telefone dele e mesmo morrendo de vergonha, eu liguei. Conversamos por horas sobre nossas vidas. Omiti quem era minha mãe, afinal de contas eu tinha acabado de conhecer o cara e não sabia se era um interesseiro. Marcamos de sair e foi perfeito em todas as vezes, até acontecer nossa primeira vez. De lá pra cá ele parecia ter perdido o interesse. Já não ligava como antes, vivia sumindo e eu sabia que era questão de tempo até ele sumir de vez e aquilo acabava comigo, porque eu era perdidamente apaixonada por ele. Fazia de tudo para agradá-lo, até a besteira de deixar a camisinha de lado em um das últimas vezes que transamos. 

— Consegui um contrato em uma gravadora pequena — Explica sem vontade.

— E eu? e o bebê? — Consigo perguntar em um fiapo de voz.

— Não viaja, Mariah! Eu não quero você, nem esse feto ai — Aponta com desdém para minha barriga. E nem venha me pedir dinheiro para tirar, que eu não tenho. Sei que seus pais tem dinheiro, então pede pra eles. — Ele fala como se eu e o bebê não fossemos nada para ele, e na verdade era assim que ele nos via, como um nada. Sem pensar duas vezes peguei seu precioso violão e bati com toda minha força no chão. Uma, duas vezes. 

Quando ele ouviu o som do violão se partindo em mil pedacinhos, ele praticamente voou em cima de mim, me empurrando no chão.

— Puta que pariu, sua vadia, o que você fez? — Ele abaixa pegando o que restou do seu querido violão e vê o estrago que eu fiz.

Nessa hora ele me olhou e eu soube, que aquela foi a pior decisão que eu poderia ter tomado. Ele pegou o que restou dele e me acertou, várias e várias vezes, até se cansar, enquanto eu estava deitada no chão em posição fetal. 

— Que porra é essa Jonny? Tá maluco, cara? — Seu colega de quarto entrou e empurrou ele pra longe de mim. Todo meu corpo doía.

— Essa vadia acabou com meu violão — Ele tentava voar em cima de mim, mas o cara segurava ele.

Hoje e Para SempreWhere stories live. Discover now