Capítulo 10

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|Enzo|

— Você só pode falar com ela por dez minutos, ok? Geralmente não permitimos visitas, mas talvez no caso dela, ajude. Ela está relutante com o tratamento. — O médico que vinha atendendo Miriam desde que ela deu entrada aqui estava otimista da melhora dela, mas ele disse que seria um processo bem longo.

Caminhamos por um longo corredor até que ele me indicasse o quarto dela. Ela estava deitada na cama, bastante apática. Uma enfermeira entregava suas medicações. Miriam tomou as pílulas ainda sem me notar ali na porta.

— Volto em dez minutos — Ele disse se retirando e a enfermeira saiu logo atrás dele.

O quarto era muito bom, não parecia uma clinica, talvez isso ajudasse mais no tratamento. Pela janela se podia ver um longo jardim, repleto de flores.

— Miriam — Ao ouvir minha voz, olhou pra mim, mas não falou nada — Como você está? — Perguntei me aproximando mais.

— Eu não sei.

— Joshua está comigo, em segurança. Achei que gostaria de saber. — Ela da de ombros.

— Você pode ficar, eu não quero ele, ele me faz lembrar do Juan e do que não tivemos. Deus me castigou por eu ter enganado o Juan e me tirou ele, então eu não quero essa criança, ela é amaldiçoada — Ela se levantou bastante alterada e grudou as unhas em meu antebraço. Seus olhos tomados pela loucura. — Eu não quero ele, pode jogar no lixo!

— Como pode dizer isso, Miriam? É seu filho, sangue do seu sangue! — Digo com raiva.

— Eu não quero ele, você não entende? Ele não é do Juan, ele é seu! Seu maldito esperma acabou com a minha vida. Por causa dele, eu perdi meu amor, eu perdi tudo — Ela me bate novamente e o médico entra acompanhado de duas enfermeiras. 

— É melhor você sair, ela está tendo outra crise nervosa — Obedeço o médico e fico no corredor aguardando que ele retorne. 

Miriam estava muito pior do que achei que ela estava. Eu sabia que ela não era uma pessoa ruim, vi ela cuidando bem do menino em vários momentos. Vi carinho em seus gestos. Ela cuidou para que o menino ficasse comigo e não em uma instituição. Aquela não era ela, e eu começava a duvidar de que ela fosse voltar a si novamente.

— Por enquanto não acho prudente liberar mais visitas, vamos tentar de novo daqui a uns dias ou semanas. Isso vai depender do quadro dela — Ele diz para mim, assim que fecha a porta atrás de si.

— Pode me ligar quando tiver noticias dela? — Ele afirma com a cabeça e me da um sorriso.

— Ela tem chances de melhorar, já vi pessoas em situações até piores que retornaram as suas famílias. — Eu sabia que estava sendo um filho da puta egoísta, mas eu não queria ela de volta na vida do Joshua. Ele ainda é um bebê e não entende nada, mas visualizo um garotinho sofrendo pela loucura de sua mãe e tudo que quero fazer é protege-lo. Nem que eu precisasse sumir daqui com ele.

Aproveito que ainda tenho um tempo e vou até o apartamento dela. Reúno todos os pertences do menino e coloco em caixas que trouxe no porta malas. Eu teria que entregar esse apartamento, não teria condições de bancar dois imóveis. O apartamento dela já foi alugado com os móveis, então eu só teria que levar roupas e itens pessoais. Como fui eu que arranjei este lugar pra ela, não foi difícil achar o contato da proprietária. Expliquei toda a situação da Miriam, mandei um laudo da clinica para ela saber que eu não mentia e ela disse que iria finalizar o contrato e não cobraria multa. Isso era ótimo. Mas tive que pagar uma alta taxa pela limpeza do imóvel. Nada mais junto, já que ela deixou o lugar em péssimo estado. Reuni os pertences dela em caixas e malas e levei tudo para meu carro. Antes de ir para a casa de Mariah pegar meu filho, dei um pulo em casa e deixei todas as caixas e malas na garagem para que tivesse espaço para a cadeirinha. Eu tinha que manter o meu filho completamente seguro.

Hoje e Para SempreWhere stories live. Discover now