Capítulo 17

1K 152 30
                                    

|Mariah| 

Já fazia dias que eu não ouvia o nome, Enzo ou Joshua, pela minha casa. Eu só não sabia se era algo bom ou não. Eu sentava na mesa do café da manhã esperando que minha mãe ou meu pai fizessem algum comentário sobre, mas nada era dito além de amenidades sobre o trabalho de ambos ou sobre o neto recém nascido.

Minha pesquisa para um novo, possível lar, não iam tão bem. Tudo era pequeno demais, ou grande demais e muito caro. Talvez eu deva pensar em algo para reforma. Só assim conseguiria algo perfeito, adaptado as minhas necessidades. Mando uma mensagem para o corretor informando ele minha nova prioridade. Uma casa, mediana com amplo quintal para que eu possa montar meu laboratório. Pego as bolsas com todos os brinquedos e roupinhas que comprei para meu sobrinho e coloco no porta malas do meu carro. Hoje eu iria até Angra visitar meu irmão e sua família. Gui estava evoluindo super bem, em todos os quesitos e eu estava tão orgulhosa dele. Meu menininho teria uma vida longa e feliz. Eu o amava tanto. Com tudo pronto, tomei a direção e segui rumo a casa do meu irmão. Era uma viagem de praticamente três horas, mas valeria a pena. Um final de semana perto do mar, renovaria minhas energias, e me manteria temporariamente longe dele.

Com um por do sol, fantástico, adentrei na rua que meu irmão morava e avistei ele no portão com o pequeno Gui, em seus braços. Ele estava tão lindo. 

— Olha, filhão. A titia azeda veio finalmente ver você — Sorrio para ambos e vou até meu irmão, pegando o meu amado sobrinho.

Segurar um bebê, sempre mexia com as minhas emoções. Era assim com o Joshua também. Eu amava aquele garotinho, que mesmo tão pequeno, já tinha sofrido bastante, mas ele tinha sorte, ele tinha o Enzo como pai e mesmo que eu tivesse minha diferenças e magoas em relação a ele, sabia que ele não poderia ter um pai melhor que ele.

— Você está tão crescido — Beijo o topo da sua cabeça.

— Está ficando cada dia maior, nem parece que foi um bebê, tão prematuro — Afirmo com a cabeça olhando para ele volto a olhar para meu irmão. Que de uma hora para outra, havia se transformado em um pai de família.

— E a Manu? — Pergunto.

— Está lá dentro finalizando a mesa na varanda. Ela preparou um super café da tarde pra você — Sorrio para ele. — Onde estão suas coisas? — Entrego a chave pra ele e entro.

Encontro Manu na varanda dos fundos, terminado de colocar uma boleira muito bonita no centro da pequena mesa. A varanda tinha uma vista espetacular da imensidão do mar, sendo beijada pelo por do sol alaranjado. Assim que me viu, sorriu e veio na minha direção, me cobrindo com um abraço terno e gentil.

— Pegou muito engarrafamento? — Nego.

— Só o suficiente — Ela sorri e beija a cabecinha do filho.

— Ele não está lindo e enorme? — Pergunta transbordando orgulho da sua pequena cria.

— Gui é perfeito — Sorrimos uma pra outra.

— Ajeitamos o quarto do Gui pra você, ele está dormindo conosco, acho que tão cedo não vou deixar ele sair de perto da gente — Meu irmão entra com minha mochila e as sacolas de presente.

— Onde eu coloco? — Pergunta a Manu que sorri.

— Pode me dar, que eu guardo lá no quarto — Ela sorri e pega as coisas da mão dele.

— Senta, Mariah. Está em casa, sabe disso — Sem cerimonias puxo uma cadeira e meu irmão pega a jarra de suco rosa e me serve.

— Ela fez suco de morangos pra você. Foi até a feira hoje cedo comprar tudo — Ele sorri todo orgulhoso.

— A Manu é um amor, sempre foi — Constato.

— Sim, como a vida é louca, não é? Onde imaginaríamos essa vida? — Sorrio pra ele.

— A vida é realmente imprevisível. Sempre achei que a essa altura, já seria mãe, teria sei lá, uns cinco cachorros, talvez, três filhos. Eu sempre sonhei com uma família muito grande, você sabe — Digo com um suspiro.

— Ei, irmã — Ele segura minha mão com um sorriso amplo no rosto — Isso ainda vai acontecer, você é tão jovem. Você vai viver isso tudo — Lanço um sorriso triste pra ele.

— Os médicos não me dão muita esperança para engravidar de novo. Eles dizem que tem pouquíssima chance de conseguir e se conseguir, pode ser de risco — Explico o que milhares de médicos me falaram.

— E desde quando isso importa? Pra Deus nada é impossível, você sabe. Temos muitos exemplos de que as coisas acontecem quando tem que acontecer e se caso um dia, você realmente não puder gerar seus próprios filhos, sempre pode adotar. Eu pretendo, quando o Gui estiver maior. Quero dar a mesma oportunidade que nos foi dada. Um lar estável, com amor. — Sorrimos um pro outro, porque realmente tivemos muita sorte. Nossos pais adotivos foram perfeitos em todos os momentos.

— Já pensei sobre isso também. Sabe que no abrigo existem muitas crianças maravilhosas — Ele sorri pra mim, afirmando com a cabeça.

— Você realmente tem o dom, Mariah. Fez meu filho dormir, sem nem perceber — Só agora reparo que ele está completamente adormecido em meus braços.

— E ai, como andam as coisas em casa? Mamãe disse que você está procurando uma casa — Meu irmão coloca um pedaço de bolo na minha frente e empurra na minha direção.

— Já passou da hora de ter meu canto, mas está difícil encontrar algo que eu finalmente fale, é isso, sabe? Estou procurando agora uma casa que possa ser reformada. Preciso de espaço para meu laboratório.

— Se eu souber de algo, te aviso, acredito que logo, logo você ache algo que seja perfeito. E como estão as coisas com o Enzo? — Ele pergunta com um sorriso cretino.

— Complicadas — Desabafo — Andei passando um tempo considerável com ele e com o Joshua, mas brigamos e tem dias que não sei dos dois. Deveria estar aliviada, mas não estou — Meu irmão e Manu se entreolham e sorriem, antes de se voltarem pra mim, de novo.

— Você sabe que no passado eu fui contra sua relação com ele, mas eu também era muito imaturo, assim como ele. O Enzo amadureceu, Mariah. Ele se tornou alguém de quem se orgulhar, sabe disso. Do nada um filho caiu no colo dele e ele assumiu sem nem titubear. Eu sei que é o certo, mas sabe que muitos caras dariam um jeitinho aqui e ali para se livrar da responsabilidade, mas pelo que eu soube, ele está fazendo um trabalho impecável com o menino.

— Ele ama muito você, Mariah. No casamento da minha irmã, ele não tirava os olhos de você. É um olhar puro, amoroso e de devoção. Ao contrário da maioria dos homens da família, ele sempre soube o que quis e acho que vocês dois juntos, podem viver uma história linda de amor e superação — Manu me lança um sorriso doce ao terminar de falar.

— Eu não consigo esquecer a traição, o acidente — Digo num fiapo de voz.

— Eu sei — Meu irmão, diz. — Mas poderia ter acontecido comigo na direção, ou apenas com você. Não vê o acidente da Manu? Se seguisse seu raciocínio, culparia ela pelo parto prematuro do Gui? Isso não faz sentido, Mariah. Simplesmente estava no seu destino aquilo tudo. Se ele realmente te traiu naquele dia, é algo que talvez você precise encarar. Eu não sou a favor de traição, mas você sabe que ele tinha sérios problemas com drogas e bebidas e até onde sei, aquele foi o último dia que ele fez uso. No casamento, ele só ficou no suco de fruta. A tia Lara disse que ele é totalmente contra drogas e álcool, então ele se arrependeu. E ele só tinha dezoito anos, a gente faz muita merda nessa idade, só não acho que devemos pagar a vida inteira por elas. Talvez, você esteja condenando sua futura felicidade, por um erro do passado e quem mais vai sofrer com isso, é você — As palavras do meu irmão tocam um ferimento muito antigo no meu coração.

— Eu realmente não sei se consigo superar tudo isso — Digo.

— Mas ao menos, tente, irmã e verá o sol voltar a brilhar nos seus dias. Quero muito te ver feliz, você merece demais — Sorrio para ele e para Manu. Esses dias aqui realmente iriam me fazer muito bem.




Hoje e Para SempreWhere stories live. Discover now