Faça o que eu digo, não faça o que eu faço

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(S/N)

Depois dos esclarecimentos, descemos para onde deveria estar o último corpo conservado.

Care ao meu lado ignorava totalmente o olhar fulminante de Damon. Ele nem sequer tinha o direito de julgar ela, na verdade, se não fosse por ela eu teria deixado Bex fazer a cabeça dele de bola de boliche.

Enzo mantinha a postura, porém as batidas aceleradas demonstrava o contrário. Não seria pra menos também, Kol quase arrancou a espinha dele pela barriga e agora caminhavam lado a lado. Claro que propositalmente, se não podia o torturar fisicamente, assim o faria psicologicamente. Pelo que bem conheço dele, está saboreando cada segundo da tensão que causara.

Não tem como eu amar mais esse garoto.

Alex nem se fala, estava congelada por, principalmente, terem a feito manter seus capangas distantes enquanto trabalhavam com ela. Era só ela com 3 originais e 2 rebeldes suicidas.

Enzo teve a sorte de ter roupas dele por lá, já eu, continuava com os braços e vestimenta cobertos pelo meu próprio sangue seco. Seria meio impossível não me pintar de vermelho sendo obrigada a arrancar as mãos nas algemas. Lembrar o que fui obrigada a fazer, mandava uma corrente elétrica estranha que ouriçava cada pelo na extensão dos meus braços e pernas. A dor do decepar foi tanta que por pouco não desmaiei, mas de jeito nenhum aceitaria ser sequestrada pela dupla de imbecis com risco de que voltassem para tentar mais qualquer artimanha. O problema foi o tanto de sangue que esguichou no momento que a carne se rompeu com a pele e ossos quando pulei e forcei o meu peso com tudo pra baixo. Aquelas algemas e correntes eram feitas para prender lobisomens e sei lá mais o quê, então eu sabia que não conseguiria arrancar elas do teto, mesmo assim ainda teimei ter um resquício de esperança. O desespero de quando fui ao chão no meu sangue empoçado e perceber que minhas mãos continuaram lá em cima, me fez gritar à todo pulmões. Perdi cerca de dois minutos em choque com a situação sem perceber que ainda esguichava minha vitalidade pelos cotocos que ficaram. 

Seria cômico se não fosse tão trágico.

Voltei a mim ao me dar conta que a dor agoniante começara a dar lugar ao sono. Se eu dormisse só reviveria mais uma ou duas horas depois, e ficaria muito puta se ao invés de mãos novas, ganhasse dois big dedões nas extensões dos braços.

Tenho quase certeza que não me daria muito bem dando uma de Edward mãos de tesoura, Fred Kruger, ou sei lá. Então me levantei e cutuquei-as para que caíssem das algemas. Por sorte eu não tinha nada no estômago, pois a bile subiu pela garganta fazendo presença na minha boca.

Fui obrigada a ficar de quatro com o pulso da mão direita encaixada no pulso certo e segurando com o outro cotoco para que se prendessem novamente. Após cicatrizado o suficiente, fiz a mesma coisa com o esquerdo, mas percebi que minha vista estava escurecendo, em vista disso recostei na parede para conseguir me recuperar.

Meu outro pulso estava quase cicatrizado no momento que Caroline estourou a porta de entrada. De primeira eu pensei estar viajando e ignorei o que desconfiava ser um refúgio da minha mente traumatizada, porém não demorei a reparar na cara assustada dela.

Ela me ajudou e até trouxe bolsas de sangue pra mim. Conversamos antes de ambas nos recuperarmos para chegar aqui, eu estava louca pra sugar duas almas, contudo ela me encheu tanto o saco que acabei cedendo. Não sei se foi mesmo por nós ou o receio de não cumprir com minha palavra no estado que estava, mas a loura decidiu me acompanhar e parar de fingir que nossa amizade não existia.

Descemos um lance de escada grande para chegarmos aonde Alex indicou. Não importa quantas vezes eu entre aqui, sempre vou encontrar um esconderijo novo, assim como acabara de descobrir que havia um andar no subsolo.

Cara ou coroa?Onde as histórias ganham vida. Descobre agora