Woodvale • Jikook [abo]

[4] the loveless marriage

Há milênios atrás, em uma Terra distante, existiu uma mulher nascida de uma união especial de um alfa lúpus e um ômega poderoso e muito temido.

Ela foi um ser mágico que surgiu dessa união de amor, e foi capaz de unificar os reinos do próprio mundo, governando-o em completa paz como a sua soberana.

Aquele reino perdido havia apenas ficado nas memórias dos seus descendentes, que iam passando a história de geração em geração aos seus sucessores lupinos.

Nesse conto da rainha misteriosa, rezava a lenda de que ela nunca teve filhos e passou todo o seu poder para as suas duas sacerdotisas e seus dois sacerdotes, então, assim conseguiu repassar os quatro elementos da natureza em sua totalidade. Mas ela fizera com a condição do seu juramento de sangue, e só assim tais poderes poderiam ser usados, somente para o bem do povo, para a prosperidade do mundo e para a fertilidade.

Naquele outro mundo não haviam as sereias e os tritões, ou os trols, as pequenas fadas e sereias traiçoeiras, ou os gnomos. Nesta Terra de agora, ainda haviam os poderes que antes pertenciam aos lupinos vindos daquele antigo reino perdido, mas eram divididos entre outras criaturas mágicas.

Os trols e gnomos são seres da Terra que vivem sob as rochas no subsolo, são seres razoavelmente bem aceitos entre os lupinos e sempre estão nos reinos ajudando em serviços braçais, trabalhando nas construções de grandes propriedades. Apesar de tudo, alguns ainda guardam rancor por terem sido escravizados por certo período da história que os próprios lupinos faziam questão de esquecer.

Os lupinos, alfas e ômegas são seres do fogo, apesar de não viverem nas chamas como os elementais dragões que há anos haviam sido extintos.

E os híbridos de lobos são descendentes de seres que há muitos milênios desapareceram da Terra por serem mais suscetíveis às várias doenças que destruíam seus corpos frágeis. Humanos puros.

Havia também o elemento do ar, as fadas místicas que são seres oriundos da mitologia esquecida, a última fada a ser vista foi há milhares de anos atrás. Mas os contos infantis eram contados pelas Amas dizendo o contrário.

O elemento mais misterioso era Água.

Poucas pessoas se atreviam a procurar pelo lar das sereias e dos tritões na maior profundeza do oceano, pois eram seres considerados divinos, poderosos, traiçoeiros e maldosos. Eram cruéis em sua natureza, mas belos e sedutores, destruidores como deuses demoníacos.

Ômegas também tinham a fama de ter o canto da sereia encontrado em sua natureza naturalmente suave, gentil, sedutora e muitas vezes ardilosa. Muitos confiavam cegamente que talvez a natureza tão sedutora e sensitiva dos ômegas tinha relação com algum contato direto com o povo da Água, e isso era quase criminoso do ponto de vista que os lupinos eram seres muito ligados ao fogo, seu elemento oposto.

Por muito tempo, ômegas foram considerados perigosos ao ponto de serem constantemente assassinados pela fogueira da verdade, os Alto Adeptos davam a ordem na maioria dos julgamentos e os alfas, mesmo os reis, costumavam acatá-las.

Mas mesmo sendo tão temidos, também eram profundamente amados e desejados, principalmente por serem tão raros. E com o passar dos anos, com a ausência constante deles no mundo, as leis foram mudando, e até mesmo alguns reis ômegas existiram.

Havia lendas contadas pelas mesmas Amas de Leite, mitos ditos para todas as crianças de Woodvale. Aquelas histórias de que o cheiro adocicado dos ômegas tinha encantos mágicos das próprias princesas sereias, como se aqueles seres da Água tivessem presenteado aqueles dóceis lupinos com algo especial e totalmente único.

Como haviam poucos ômegas no mundo, eram até considerados raros e eram mais disputados e desejados do que qualquer outro ser que existisse, além das sereias. Raramente um ômega nascido teria uma vida medíocre, afinal todos naquele mundo desejavam algo raro e devastadoramente belo para chamar de seu.