[8] the cold of your eyes

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As masmorras de Vormir ficavam abaixo do nível do castelo, onde a luz do dia não chegava e a única coisa capaz de iluminar as densas paredes de pedra eram os candeeiros presos às paredes, com o fogo pungente ardendo em suas tochas.

Park Jimin seguiu em silêncio e a passos falsamente tranquilos o alfa que andava à sua frente, Sam, o subordinado fiel ao rei Jeon. Haviam andado muito até chegar àquele nível do castelo, no subterrâneo, onde tudo era ainda mais assustador e mal iluminado, e ainda mais gelado e brutal.

Cada passo que deu até ali foi milimetricamente observado por todos os criados e soldados do Norte, Jimin notou que eles o olhavam com ódio e uma forte pontada de desprezo. O ômega não podia negar que por mais que fosse um príncipe do Sul, podia compreender a raiva dos Nortenhos, afinal, Norte e Sul de Woodvale sempre estavam em guerra e a última desavença entre os dois reinos terminou na morte do rei e da rainha Jeon.

Mesmo que não tivesse nada a ver com aquilo, Jimin podia compreender a raiva do povo e jamais os julgaria por isso, jamais iria se revoltar contra uma população que foi tão injustamente massacrada. Por mais que amasse o seu pai e a sua mãe, o garoto sabia muito bem que eles não foram governantes conhecidos por sua bondade ou fidelidade às suas promessas.

A cada passo dado naquelas escadas assustadoras e corredores escuros, mais e mais Jimin se sentia observado por todos os soldados alfas pelos quais passava. Engoliu em seco e tremeu levemente, tanto de frio quanto de terror, porque sabia muito bem o quanto corria perigo naquele lugar, e que aqueles homens tampouco deveriam se importar pelo fato de ele ser um príncipe... podiam violá-lo se quisessem, e os cheiros e olhares intensos de todos aqueles alfas estavam cada vez mais alarmantes e intensos conforme ele caminhava entre eles.

Naquele instante, por maior terror e medo que sentiu ao ser tão atentamente observado por tantos alfas com o dobro do seu tamanho e força, o ômega ainda seguia silenciosamente o soldado à sua frente, mantendo a postura ereta e o rosto complacente, exatamente como sua mãe o ensinara a ser: Um nobre, um príncipe.

Desceram um número extenso de escadas, viraram corredores e mais corredores e desceram ainda mais níveis de escadas até chegarem à um calabouço onde havia uma única cela separada, que para o alívio do ômega estava vazia, mas que para o seu desespero era fria como todos o restante do lugar, além de ser muito úmida e solitária como a morte.

Finalmente o alfa que andara tão silenciosamente até ali virou-se para olhar em seus olhos, e Jimin observou os olhos aquilinos e azuis, assim como o cabelo loiro escuro e o rosto gentil. Achou-o agradável, mas não particularmente bonito.

—Vossa majestade, eu o trouxe a uma cela particular porque temia que os alfas... —Sam olhou de maneira receosa para o ômega. —Aqui estará mais seguro do que nas outras celas compartilhadas.

Jimin apenas assentiu, sabendo exatamente o que ele queria dizer com aquilo, sentindo um amargor na boca.

—Sou grato. —O ômega sussurrou e então suspirou olhando em seus olhos azuis. —Posso confiar também que os soldados... não farão nada comigo?

O olhar do alfa foi significativo.

—Eles estão muito agitados porque é muito raro que ômegas cheguem perto dessas masmorras, normalmente os prisioneiros ômegas ficam em outra área, então... irei dar ordens, também mandarei redobrar a segurança e pedirei que alguns guardas betas fiquem alertas também. Nada de mal irá lhe acontecer, sua alteza.

Com tudo aquilo, Sam quis dizer indiretamente algo que o ômega já sabia: Instintos alfas são imprevisíveis, e aqueles soldados e prisioneiros não estavam acostumados a ver e sentir um cheiro de ômega há anos, então sim... ele corria um perigo terrível, mesmo que Sam afirmasse para ele que está a salvo ali.

Woodvale • Jikook [abo]Onde histórias criam vida. Descubra agora