Aquela Criança

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A caça estava oficialmente iniciada. Singto nunca imaginou que no dia que fora comemorar o aniversário de um de seus amigos veria Krist cantando para várias pessoas, era como se fosse um presente para ele e não para o aniversariante. No entanto, seu peito doeu ao ver o quão diferente Krist estava, não parecia ser aquele rapaz frágil e simples, Perawat agora era realmente um homem forte e cheio de si.

Não era mais o seu Krist, não era o rapaz que toda noite esperava Singto para dormir, ele agora era um completo estranho para o mais velho, porém ao ouviㅡlo conversar com o grupo de pessoas que estava junto com ele, sua forma de falar, sorrir e olhar para os outros era a mesmo de sempre, então Prachaya chegou a conclusão de que os anos lhe fizeram bem fisicamente.

— Depois de seis anos você decidiu finalmente reaparecer Krist... – murmuou Singto pensativo olhando para a tela do computador onde estava aberta a rede social do homem, enquanto olhava novamente a foto que Perawat postara em seu perfil — O que aconteceu para você sumir?

Singto sabia que sua vida agora iria virar do avesso por causa da volta de Krist, seu extinto estava lhe dizendo que tudo iria mudar, mas principalmente que ele deveria descobrir o que houve com o outro para apenas aparecer neste momento.

— Eu pensei que finalmente iria sentir seu odor, mas você ainda continua sem ele. —Prachaya segurou firme a camisa de Krist que guardava com ele até os dias atuais, sentindo o leve rastro do perfume que o outro usava. — Algo em você me chama atenção, Krist... Por que você não é como os outros?

Dia após dia, Singto seguia os passos de seu alvo, mas não deixava de viver sua vida, tinha seu trabalho e família que precisavam de atenção, porém seu foco era Perawat e assim seria até finalmente se estabilizar em relação ao outro.

Em uma das suas investigações sobre Krist, acabou vendo Jack, Dany e outra criança que estava junto com eles enquanto caminhavam pela rua, e isso foi estranho pra ele já que sua mente ficou confusa sobre aquele garoto.

— Vovô Jack, compra algodão doce pra mim? — O menor pediu sorrindo.

— Você não pode comer doce agora. Krist vai ficar bravo — disse Dany segurando a mão da criança.

— Por favor! — O mais novo fez uma cara de pidão, o que fez Singto sorrir levemente ao ver aquilo.

— Ok ok, mas se levar bronca, a culpa não é minha — Jack disse calmamente comprando o doce para o garoto.

Ao ver toda aquela cena, Singto ficou se perguntando por que Jack se referia a criança sobre Krist como alguém que ela devia respeito diretamente. Mas decidiu ignorar pensamentos e seguiu seu caminho.

Durante a sua tarde de trabalho, Prachaya ficou com a imagem daquela criança em sua mente, foi como se aquele menino lhe chamasse atenção e lhe trouxesse uma sensação de paz e amor. Aquela tinha sido a primeira vez que via aquela criança, mas seu coração sabia que aquele garoto era especial, mesmo sem ter noção alguma do quão especial aquela criança poderia ser para ele

— Singto? — Milly chamou a atenção do outro.

— Ah, Milly... Há quanto tempo está parada ai? — Singto perguntou calmamente olhando para a jovem.

— Eu acabei de entrar e lhe vi perdido em pensamentos — respondeu Milly enquanto olhava para o homem. — Eu vim trazer os relatórios que pediu.

— Ah... Obrigado por isso. —  Singto deu um breve sorriso.

— Singto, você ficou sabendo que Krist voltou a aparecer? — Milly perguntou ao outro que levou seu olhar para ela. — Todos estão compartilhando vídeos dele cantando em um bar.

— Sim, eu vi os vídeos — respondeu Singto. — Eu vi sua família hoje enquanto vinha trabalhar.

— Você já falou com ele? — Milly perguntou calmamente para Singto. — Ele era seu melhor amigo quando começamos a namorar.

— Se ele quisesse conversar, teria vindo falar comigo — respondeu Singto meio grosseiro e encarou a papelada em sua mesa. — Bem, preciso voltar a trabalhar.

— Sobre o que me pediu... — Milly colocou a pasta sobre a mesa. — A empresa que Mike trabalha é a agência TRIGON, ela é conhecida por fazer comerciais, ensaios e clipes, vários famosos trabalham lá.

— TRIGON? — Singto repetiu o nome da agência, ficando pensativo enquanto se lembrava da noite do bar onde viu Mike com Krist e outras pessoas.

— Krist é o mais novo modelo da TRIGON — disse Milly cruzando os braços.

— Ele virou modelo? — Singto deu um breve sorriso com aquilo. — Seu sonho era ser músico, mas virou modelo...

— Ele pode seguir vários caminhos sendo artista — respondeu Milly. — Aliás, espero que não me troque por ele. — A garota falou rudemente antes de se retirar da sala de Prachaya.

Quando estavam na faculdade, Singto e Milly começaram a namorar, mas era um falso relacionamento já que Prachaya nunca gostou dela e os dois fizeram aquilo para salvaㅡla de sua família. No entanto, uma amizade colorida acabou nascendo entre eles. O namoro acabou assim que se formaram, mas o sexo sempre continuou.

Naquele momento, Singto percebeu que Milly poderia ser uma possível ameaça a Krist, mas ele queria se negar a vêㅡla como um inimigo já que tiveram ótimos momentos juntos.

Após o longo dia de trabalho, Prachaya seguiu para casa onde terminaria alguns relatórios e depois iria para a academia treinar como de costume. Entretanto, antes de ir realmente para casa, passou no mercado para comparar algumas coisas já que agora estava morando sozinho.

No mercado, enquanto escolhia as mercadorias, ouviu uma risada que de imediato reconheceu de quem era, mas não foi atrás, porque ela ficava cada vez mais próxima. Ao disfarçar escolhendo alguma coisa da prateleira, viu Perawat segurando aquele menino no colo enquanto dava risada com o garoto. Aquela cena aqueceu seu coração, mas ele se sentiu quebrado ao ouvir a criança chamando Krist de pai.

Seu coração estava apertado quando naquele momento teve a certeza que seu melhor amigo de infância já estava casado com alguém, mas pela forma que viu Krist, notou que ele não tinha a marca de quem teria um par. Com aquilo, milhares de perguntas e questionamentos apareceram em seus pensamentos.

“Quem era aquela criança? Por que ela o chama de pai? Por que Krist sumiu por tantos anos? Por que só agora ele resolveu aparecer? Por que meu coração diz que Krist está em perigo? Por que não consigo ir até ele? Por que ainda não sinto seu cheiro? Por que aquele garotinho me lembra Krist quando criança?”

Por toda a noite ficou mergulhado em seus pensamentos direcionados a Krist e aquele garoto, sua mente estava deixando ele cada vez mais inquieto em relação a tudo desde o momento que Perawat desapareceu de sua vida.

Não importava quais pessoas se deitavam em sua cama ou que tentava se relacionar para suprir o vazio em seu peito, seu coração sempre procurava aquele que todas as noites o esperava para poder dormir após uma conversa aleatória sobre o futuro.

Singto sabia que Krist era seu porto seguro, aquele que esteve ao seu lado em todos os momentos, fossem eles de fraqueza ou de felicidade que tivera desde o colegial até o seu último ano da faculdade. Mas agora, Perawat tinha se tornado a sua maior dor, sua fraqueza, sua angústia e sua maior saudade.

O questionamento sobre sua relação com Krist começou a pesar em seu peito, por que fora Singto aquele que sempre decidia escolher, aquele que escolheu permanecer ao lado, aquele que amava beijar e ter noites cheias de luxúria sendo que nunca foram nada além de melhores amigos.

— Por que estou pensando nisso? — Prachaya sussurrou para si mesmo. — Krist nunca me veria como um par...

Naquele momento, Prachaya pela primeira vez em seis anos, deixou lágrimas escorrerem por suas bochechas enquanto encarava a escuridão de seu quarto vazio até finalmente pegar no sono.


• Não se esqueçam de curtir o capítulo •

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