C5

838 32 2
                                    

[1/3]

Noah Urrea 
Los Angeles, 2 de novembro de 2021

Gosto de domingos. Quando andava na Universidade era o dia da semana em que podia tirar algum tempo para descansar. Hoje em dia, uso este dia para estar algum tempo com a minha filha.

Passava um pouco das 8 da manhã, eu já tinha tomado banho e tinha bebido uma caneca de café fumegante. Agora era a hora de acordar a minha pequena, já que eu tinha planos para fazer com ela, antes de irmos almoçar com Any e Josh.

Parei em frente ao quarto dela, Chelsea ainda dormia. Ela tinha o mesmo estilo de dormir que a mãe, sempre de barriga para baixo e com as mãozinhas por baixo da almofada. A sua cara estava ligeiramente amassada. Aproximei-me dela e olhei para dentro do berço de grades, passei a minha mão sobre os seus cabelos loiros que lhe caiam pelas costas. Chelsea foi despertando aos poucos.

- Bom dia – sorri para a pequena que se sentava na cama e coçava os olhinhos.

- Hum – ela resmungou enquanto a pegava ao colo e a levava para dentro da casa de banho que havia no seu quarto. Coloquei-a sentada sobre o tampo da sanita e liguei a água quente para encher a banheira.

- Vamos acordar – falei com ela que apenas me encarava com a sua carinha de sono. Comecei a tirar-lhe a roupa, tirei-lhe a fralda que ela ainda usava, e quando a banheira estava cheia, coloquei-a dentro de água.

Chelsea desatou a chorar e eu assustei-me. Primeiro pensei que a água estava demasiado quente, mas assim que coloquei a minha mão, percebi que afinal não era isso.

- O que foi? – perguntei com calma, mas a pequena continuou a chorar. As suas bochechas começaram a ficar mais rosadas devidos às lagrimas que continuavam a cair – Chelsea! – chamei-a, mas ela continuou.

Tentei dar-lhe banho mesmo com ela aos prantos, o que não foi tarefa fácil. Assim que a tirei da banheira, o choro pareceu cessar, mas assim que a deixei na cama para a começar a vestir, ela voltou às lágrimas.

Respirei fundo, devia ser apenas mais uma birra. Não acontecia com frequência, mas por vezes, Chelsea tinha estes ataques de choro. No início, não sabia muito bem com reagir, agora, espero que ela se acalme. O choro é uma das formas do bebé se comunicar com aqueles que o rodeiam, e mesmo que a minha filha já consiga dizer algumas palavras, ela não se consegue comunicar tão bem.

A pequena debatia-se na cama, como não queria que ela se magoasse, coloquei-a no chão. Fui até um dos móveis brancos que havia no seu quarto e retirei de lá uma fralda. Andei até à mesma e vesti-a, ela continuou em lágrimas. Sentei-me ao seu lado no tapete, queria que ela compreendesse que eu estava ali com ela e para ela.

Chelsea ainda irritada colocou-se de pé, o seu rosto estava demasiado vermelho e a sua respiração acelerada. Ela levou as mãos aos cabelos e puxou os mesmos, como não queria que ela se magoasse, segurei em ambas das suas mãos. Chelsea não reagiu bem ao meu gesto, já que começou a tentar soltar-se. Larguei as suas pequenas mãos, ao mesmo tempo que ela se sentava no chão. Alguns soluços escapavam-lhe pela boca.

Ficámos ali mais uns minutos, até que finalmente o choro cessou. Chelsea recostou o seu corpo no meu, abracei-a o mais que pude e foi deixando pequenos sussurros de conforto saírem pela minha boca. Ela foi respirando fundo e aos poucos fechou os olhos, entrando numa respiração mais calma e profunda. A minha pequena acabou por adormecer.

Estas birras são normais e por isso eu tento sempre manter a calma. Da mesma maneira que um adulto se irrita com algo, as crianças também o fazem. É por esse motivo que eu sempre apoio a minha filha e espero o tempo necessário para que ela se acalme.

The Secretary - NOARTWhere stories live. Discover now