The Secretary - NOART

C12

Noah Urrea 
Los Angeles, 15 novembro de 2021

A viagem de carro não durou mais de 20 minutos, mas esse tempo foi suficiente para a minha filha adormecer na sua cadeirinha, que estava colocada ao me lado.

Assim que o carro parou, o motorista saiu do seu lugar e deu a volta ao carro, abrindo a minha porta. Antes de sair certifiquei-me de que a minha gravata estava bem posta, depois peguei na minha filha ao colo, encostando a sua cabeça entre a dobra do meu pescoço. Assim que coloquei os pés fora do automóvel, pude sentir milhares de flash serem disparados na minha direção. Eu já esperava que isto fosse acontecer, por mais que o evento fosse feito num local privado, os paparazzi arranjavam sempre maneira de entrar e tirarem algumas fotos para os sites de fofoca.

- Pode ir buscar o carrinho de Chelsea – pediu ao motorista, e assim que o mesmo fechou a porta traseira, caminhou até à mala e retirou o carrinho desdobrável, que rapidamente e com eficácia foi montado.

- Aqui tem, senhor Urrea – o homem na casa dos 50 anos disse-me, ao mesmo tempo que me entregava o carrinho aberto. Com um aceno de cabeça agradeci-lhe e dispensei-o. O mais velho voltou a entrar no lugar do condutor e retirou o carro da frente do enorme tapete vermelho, por onde passariam todos os convidados.

Coloquei Chelsea deitada no carrinho e puxei a proteção do sol para a frente, logo depois cobrindo-a com uma manta. Eu sei que era de noite e não estava sol, mas os paparazzi sempre tentam arranjar maneira de tirar uma foto do rosto da minha filha e eu não gosto nada disso. Quero preservar e proteger a sua imagem até ao dia em que ela me diga que está preparada e pronta para entrar neste mundo da fama. Se eu quero assim tanto proteger a imagem da minha filha porque é que a trago a eventos? Bom já tive que explicar muitas vezes que eu gosto de ter a companhia dela por perto, a sua presença é algo fundamental para que eu saiba que tudo vai correr bem, já para não dizer, que ter Chelsea perto de mim é como ter a presença de Madelyne, comigo também.

Esperei mais uns segundos e logo o carro onde vinham os meus pais parou e eles saíram. De mãos dadas caminharam até mim e mais uma vez fomos inundados por flashes de câmaras fotográficas que amanha estariam nos sites maís nojentos do país.

Depois dos meus pais, foi a vez de Josh e Any, Lamar e Heyoon, se aproximarem de nós. Eramos os primeiros a chegar, e era assim que eu queria que fosse. Em forma de fila começámos a dirigir-nos para o tapete vermelho que nos levaria até à entrada do evento.

Eu ia na frente ao mesmo tempo que empurrava o carrinho da minha filha, se em tempos eu possa ter sentido que isso seria uma vergonha e que mancharia o meu nome e o nome da minha empresa, hoje eu tenho orgulho de tudo o que envolve a minha filha. Com passos firmes aproximei-me dos fotógrafos, certifiquei-me de que Chelsea estava bem protegida antes de pousar para as fotos. Não perdi muito tempo com os paparazzi, já que em poucos minutos estava parado em frente ao fotografo e ao jornalista que faziam parte da minha equipa.

- Jeremy quero umas fotos bem bonitas – disse-lhe antes dos flashes da sua máquina me cegarem os olhos.

- Como acha que vai ser o lançamento da nova edição da revista? É algo muito desejado? – Justin perguntou com o microfone virado para mim. Atrás de si estava uma câmara que iriam transmitir todo o evento.

- Posso dizer que esta é das melhores edições já desenvolvidas pela VOGUE e, por isso, eu acredito que vai ser mais um top de vendas. Trazer esta revista, com todas as alterações e a nova cara que lhe demos é algo que já ambicionávamos há muito tempo – disse.

- Senhor e Senhora Beauchamp, acreditam que esta edição vai ser uma revolução na indústria? – Justin perguntou e apenas quando olhei para o lado é que percebi que Josh e Any estavam mesmo atrás de mim, os dois de mãos dadas, e um sorriso avassalador nos lábios.