The Secretary - NOART

C7

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Noah Urrea 
Los Angeles, 3 de novembro de 2021

A espera é algo infernal.

Já tinham passado mais de 12 horas desde que Chelsea tinha dado entrada nas urgências do hospital, e agora eu esperava pela decisão que o médico e da pediatra da minha filha, sobre a opção de operar.

- Noah, tu precisas de comer alguma coisa – a voz da Any atingiu os meus ouvidos, enquanto eu encarava as gotas de chuva que escorriam pela grande janela, à minha frente. Tinha começado a chover há algumas horas atrás, o que tornou o dia ainda mais melancólico.

- Eu não tenho fome – na verdade eu tinha um nó no estômago.

- Eu sei que não, mas a última vez que comeste alguma coisa foi há mais de 12horas, e se realmente queres estar aqui e esperar por notícias da Chelsea, vais ter de comer – Any continuou a insistir.

- Obrigada, mas eu não quero mesmo comer – respondi e Any não se contentou com a minha resposta, já que continuou a insistir. Todas aquelas palavras que ela dizia, apenas me estavam a deixar irritado. Eu só quero notícias sobre a minha filha – EU JÁ DISSE QUE NÃO QUERO, CARALHO! – gritei.

- Não precisas de falar assim comigo, eu apenas estou preocupada contigo – Any justificou-se, ao mesmo tempo que, Josh se aproximava de nós e rodeava, com os braços, o corpo da esposa.

- E eu disse-te que não queria e tu continuaste a insistir. Preocupa-te com as tuas merdas! – exalei com raiva. Eu sei que não devia estar a descontar em Any...

- Noah! – Josh repreendeu-me quando viu as lágrimas nos olhos da sua amada.

- O QUE FOI, CARALHO? DEIXEM-ME EM PAZ! – tentei afastar-me deles, mas Josh segurou-me pelo braço.

- Não precisas de estar a descontar toda a tua raiva em nós. Eu sei que estás preocupado, e todos nós aqui também estamos – Josh largou-me o braço – Acalma-te um pouco, ninguém aqui tem culpa de toda esta situação.

- EU TENHO CULPA! – apontei para mim mesmo, à medida que as lágrimas inundavam os meus olhos – EU DEVIA TER ESTADO MAIS ATENTO! EU DEVIA PERCEBER QUANDO A MINHA FILHA ESTAVA COM DORES, MAS EU NÃO PERCEBI PORQUE SOU UMA MERDA DE PAI! – deixei que a raiva gritasse mais alto que eu, e não me controlei quando soquei o vidro à minha frente. Por sorte, o mesmo devia estar preparado para ataques de raiva, já que não partiu.

- Jacob! – o meu pai repreendeu-me quando eu voltava a fechar o punho, com força, para o voltar a bater contra o vidro – Vai apanhar ar! – o mais velho apontou para as portas giratórias do hospital. Sem ter muito que fazer ou dizer, depois de ter assustado os meus amigos e metade das pessoas que estavam presentes na sala de espera das urgências, encaminhei-me até à chuva que ainda continuava a cair, agora com menor intensidade.

Assim que as primeiras gotas entraram em contacto com a minha pele, permiti-me de certa forma, respirar aliviado. Era bom saber que o mundo ainda estava normal, mesmo o meu estando ao ponto de desabar. Por vezes sinto que aqueles que me rodeiam não entendem a importância da minha filha na minha vida, ela não é apenas o meu maior amor, ela é toda a representação da sua mãe. Chelsea é a única pessoa do mundo que pode substituir a falta que Madelyne faz na minha vida. A minha filha foi a única coisa boa que restou de nós dois, e por isso é tão complicado imaginar-me sem ela. É demasiado doloroso imaginar que posso ficar sem a única pessoa que torna a minha vida feliz, aquela que me tirou do fundo do poço, a que me resgatou da escuridão mesmo tenho apenas 1 mês de vida.

Eu e Mady vivíamos um conto de fadas, tudo era perfeito no nosso mundo, e apesar de muito novos, nós já sabíamos o que queríamos para o nosso futuro. Eu sabia que queria casar-me com ela, formar uma família, espalhar o nosso amor. Ainda me lembro do dia em que Madelyne me revelou que estava grávida...