18 | Glicínias

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1º de setembro de 1987

Foi ideia de Granger viajar no Expresso de Hogwarts. Por que ela desejava se cercar de uma horda de idiotas barulhentos e viciados em hormônios antes do absolutamente necessário estava além do conhecimento de Severus, mas ele concordou. Claramente, ela era uma má influência. Ele não se importou muito. Depois que ele concordou com seu plano maluco, ela se juntou a ele no sofá para um beijo tranquilo antes de partirem para Londres.

Uma conversa muito séria sobre o que eles estavam fazendo espreitava no horizonte. Severus podia sentir isso, como um feitiço empoleirado na língua de um oponente. Por enquanto, ela parecia contente em continuar como se substituir poções passivo-agressivas por beijos fosse perfeitamente normal e esperado. Ele não iria reclamar.

Charity os acompanhou até Kings Cross. Na Plataforma 9 3/4, ela beijou uma mancha de batom vermelho na bochecha de Severus, depois na de Granger. Severus enxugou o dele.

— Sejam bonzinhos — Charity disse, atraindo Granger para o tipo de abraço esmagador que Severus se recusou a se submeter em público.

— Farei o meu melhor — disse Granger. — Voltarei para ver como está o Felix Felicis no Natal.

— É melhor. E você vem à minha festa de Ano Novo, certo?

— Claro.

Granger olhou para Charity como se ela estivesse absorvendo o máximo possível de detalhes sobre ela, gravando o momento em sua memória. Se Severus já não soubesse que Charity iria morrer durante a guerra, aquele olhar teria revelado a horrível verdade.

Levitando seus baús atrás deles, Severus e Granger embarcaram no trem e encontraram um compartimento abençoadamente vazio. Charity acenou para eles da plataforma como uma mãe mandando os filhos para a escola. Granger manteve um sorriso brilhante voltado para a janela até o trem sair da estação.

— Muffliato — disse ela com uma voz subitamente estrangulada pelas lágrimas. — A guerra ficou muito ruim depois do meu sexto ano. Não sei como... não me lembro... — Estremecendo, ela agarrou seu pulso. — Desculpe.

Ela não sabia como Charity morreu? Por que diabos não? Estudando o reflexo de Granger na janela, ele percebeu a oscilação do queixo dela. Severus hesitou por um segundo antes de colocar a mão no assento acolchoado e deixar seu dedo mindinho tocar o dela.

— É suficiente — disse ele, usando o polegar da outra mão para limpar os restos do batom de Charity de sua bochecha.

Um cronograma aproximado teria que ser suficiente. Se isso fosse tudo que ela pudesse lhe dar, ele faria funcionar. Charity deixaria o país após o sexto ano de Granger, mesmo que Severus tivesse que recorrer ao uso da Maldição Imperius.

A porta do compartimento se abriu, deixando entrar Héstia Jones, Charles Weasley, uma cambaleante Nymphadora Tonks e um garoto ruivo de óculos que só poderia ser outro Weasley. Cancelando o Muffliato, Severus afastou a mão da de Granger.

— Desculpe, senhor — disse Charles. — Todos os outros compartimentos estão cheios. Importa-se se nos juntarmos a você?

— Sim — Severus disse, ganhando uma cotovelada nas costelas de Granger, — mas como o Diretor provavelmente irá objetar se eu fizer vocês ficarem parados no corredor durante toda a viagem, suponho que não posso fazer nada a respeito. Sentem-se.

— Olá de novo — Granger disse, sorrindo para a Srta. Tonks enquanto as crianças se espremiam no assento oposto. Severus quase havia esquecido que apresentou a Srta. Tonks a Professora Hughes no dia da chegada de Granger. Parecia que foi há muito tempo.

The Poison Garden| SevmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora