21 | Ranúnculo

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2 de setembro de 1987

Ela havia embalado sua escova de dente. Severus não sabia por que achava isso cativante. Era prático – uma necessidade para pernoitar. Talvez o que o fez sorrir foi o modo como ela se retirou para o banheiro no instante em que chegaram aos aposentos dele, dizendo que precisava de um minuto. Ele ouviu a escovação pouco tempo depois. Os pais de Hermione eram dentistas, ela disse a ele uma vez. Talvez a higiene dental fosse sua versão de colcha favorita: familiaridade reconfortante, com cerdas e um sabor mentolado em vez de tecido amaciado pelo tempo.

Severus passou a língua pelos próprios dentes tortos. Hum.

A mão de sua varinha coçava para alcançar o glamour que ele usava com mulheres trouxas. Não funcionaria. Hermione conhecia o rosto dele. Ele não conseguia nem transformar seu corpo magro e pálido; ela já o tinha visto praticamente nu. Ver a memória do evento provou que ela se lembrava de cada detalhe do físico dele com uma clareza surpreendente.

E, no entanto, aqui estava ela, escovando os dentes no banheiro dele, planejando ficar com ele a noite toda.

Deixando-se cair no sofá, Severus inclinou a cabeça para trás para olhar para o teto. Como os aposentos do Mestre de Poções não tinham janelas, algum ex-professor empreendedor havia encantado o teto para dar aos quartos um pouco de luz natural. Era semelhante à vista oferecida no Salão Principal, mas o céu do Mestre de Poções dava a impressão de estar olhando de baixo da superfície do lago. A lua crescente e minguante era uma mancha pálida e oscilante, distorcida por cada ondulação da água. Por um breve momento, ele considerou deixar apenas a luz da lua iluminar seus aposentos, mas não. Ele queria poder ver o corpo de Hermione. Ele deixaria as velas acesas.

Finalmente, ela saiu do banheiro, sem colar com glamour. Ao se levantar para cumprimentá-la, ele se perguntou se ela teria deixado sua bravata na floresta.

Ela não tinha.

— Diga-me o que aconteceria a seguir — disse ela, — depois que eu deixasse a sua versão futura me tocar.

Ele não teve que considerar sua resposta por muito tempo.

— Talvez eu levasse você para minha sala de aula e dobrasse você sobre sua velha mesa — disse ele com um sorriso provocador.

Ela sorriu.

— É minha sala de aula naquela época.

— Muito bem, então eu usaria sua mesa atual em vez daquela que você tinha quando era estudante. Você me deixaria?

O sorriso suavizou-se, tornando-se quase tímido.

— Você sabe que eu deixaria.

Ele tinha de admitir que sim, o que tornou mais fácil dizer:

— E no Ministério? Talvez, depois de dançarmos no baile, não conseguíssemos esperar até sairmos do prédio. Teríamos de encontrar um escritório vazio ou um armário de suprimentos onde eu pudesse tocá-la, prová-la e foder você o mais rápido possível.

Ela deu um passo mais perto, parecendo um pouco sem fôlego quando disse:

— Sim. Sim para... tudo isso.

Ele não tentou esconder sua risada. Ele esperava ter conseguido esconder o rubor que tentava tingir suas bochechas.

— Talvez — disse ele, — sentindo nostalgia por esta noite, eu simplesmente trouxesse você a este alojamento e te dissesse para tirar a roupa.

Ele parou por um momento, observando a maneira como ela se inclinava em direção a ele, embora ainda estivessem a um metro de distância. Antes que ele pudesse reunir coragem para dizer, "Hermione, tire a roupa", como ele havia planejado, ela ergueu o queixo e pareceu reunir coragem de uma forma que o fez quase se perguntar se ela tinha sido uma Grifinória... Carmesim e dourado continuaram a colorir seus pensamentos enquanto ela se despia, seu olhar nunca se desviando do dele. Suas roupas caíram no chão, uma peça após a outra: roupões, camisa, calças, sutiã e calcinha. Severus engoliu em seco.

The Poison Garden| SevmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora