05 | Íris

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27 de junho de 1987

Ao contrário de Parvati, Charity acreditava que as torradas deveriam ser a base de cada refeição. Torradas com manteiga e marmite, ovos mexidos na torrada, queijo na torrada, espaguete na torrada, torrada com pasta de chocolate, torrada com geléia - tudo isso era aceitável a qualquer hora do dia e para ser comido em pé, na cozinha estreita.

A oferenda daquela manhã foi feijão com torrada (conta como legume, Heather). Quando Charity engoliu o último bocado, ela fez um sinal para o Profeta Diário com o garfo.

— Alguma coisa parece promissora hoje? — ela perguntou.

— Talvez — Hermione disse. — Procura-se: assistente de jardinagem. Os deveres incluirão cuidar de plantas de origem trouxa e mágica sem atrapalhar. Imbecis e vagabundos não precisam se inscrever.

A risada de Charity ecoou acima do tilintar dos pratos enquanto ela encantava uma esponja para lavar a louça.

— Severus está procurando alguém para ajudá-lo a colocar seu jardim em forma?

— Parece mesmo com ele, não é? Acha que ele vai me dar o emprego?

— Isso depende — disse uma voz sedosa atrás dela. Nem mesmo uma tábua rangente do piso anunciou a aproximação de Snape. Ele simplesmente estava lá. A coruja pigmeu de aparência estúpida de Charity estragou o efeito de sua aparência furtiva ao pousar em seu ombro e morder sua orelha. Snape ignorou. — Você está disposta a se submeter a um Feitiço Silenciador, caso eu considere necessário para minha sanidade?

— Provavelmente não, não.

— Ainda bem que eu não coloquei o anúncio, então. — Um focinho entusiasmado da coruja rendeu-lhe um sorriso de escárnio em seu poleiro. — Desista.

— Dionísio, deixe Severus em paz — disse Charity. — Você sabe que ele não é carinhoso.

Imperturbável, a coruja voltou seu afeto para Hermione e fez o possível para transformar seu cabelo glamoroso em um ninho de pássaro, literalmente. Típico. Snape nem tentou esconder sua diversão.

— Eu não posso duelar esta manhã — disse Charity, seus brincos vermelhos e dourados em forma de pena balançando para frente e para trás enquanto ela reunia vários livros que havia deixado abertos. — Muito para fazer.

— Você não está projetando mais produtos para a Zonko's, está? — Snape perguntou. — Eu ainda não te perdoei pela xícara de chá que mordeu meu nariz.

Charity piscou.

— Alguém tem que manter seus alunos entretidos.

— Para o bem da sociedade, seria melhor mantê-los presos.

Com uma risada, Charity correu para seu barracão. Na maioria dos dias desde a chegada de Hermione a Cokeworth, ela viu Charity mexendo no galpão enquanto Hermione procurava emprego e explorava a cidade. Snape parecia passar a maior parte do tempo em casa, sozinho, mas Hermione não tinha dúvidas de que ele a estava observando. Não havia outro motivo para que a Biblioteca de Cokeworth parecesse ter olhos em todas as prateleiras. Além disso, bem, ele era Snape.

Como diabos ela iria ganhar sua confiança? Se ela não o fizesse, ele iria atrapalhar suspeitando de todos os seus esforços para salvar sua vida. Ele só tinha que ser amigo dela, gostasse ou não. Ok, então a vida dele não precisava de tanta iluminação como ela inicialmente suspeitara, mas os amigos confiavam uns nos outros. Ele certamente parecia confiar em Charity.

Um nó se formou na garganta de Hermione. Ela desejou poder lembrar como Charity morreria.

— Eu poderia duelar com você — ela disse, colocando a mão no braço de Snape enquanto ele se virava para sair. — Eu poderia usar a prática, para ser honesta. Já se passaram alguns anos desde que duelei com alguém. Preciso aprimorar minhas habilidades se quiser ensinar Defesa.

The Poison Garden| SevmioneOù les histoires vivent. Découvrez maintenant