Faz.
Foi assim que se ouviu reverberar pela primeira vez a tão suave e conhecida voz, soando como milhões de profanos segredos sussurrados em uníssono no mais secreto íntimo da mente de Jimin, tão intensa e cortante que o fazia remexer-se dentre os lençóis numa quase perdida tentativa de evitar sucumbir ao carnal que tanto o era oferecido de bom grado, que tanto havia outrora ansiado.
Que tanto queria sentir.
Toca-te.
A calma melodia da voz voltou a incentivar, fazendo com que o noviço questionasse a própria sanidade enquanto repreendia a sensação que aquele som trazia.
Sei o quanto queres fazê-lo, Jimin, sente , morde o maior pedaço.
Trêmulo, o rapaz passou as mãos pelo rosto e levantou-se da cama de madeira bruta, ajoelhando-se no meio do quarto, cuja única luz que o iluminava ainda vinha da lamparina quase apagada em cima do móvel de madeira ao canto. Buscou pelo rosário dourado, bem ali ao lado, e o enrolou-o entre as mãos, sentindo-se arrepiar da cabeça aos pés.
Precisava pedir perdão a Deus.
Não é o momento correto de ajoelhar- te, carneirinho...
Desesperado, Jimin rezou para que o Senhor o libertasse de cada vontade impura que a madrugada o trouxera, cada desejo que a sua carne alimentava e o fazia buscar, e mandasse aquela voz, ou o que quer que ela pudesse ser, de volta aos confins da Terra.
— Santíssimo Senhor — iniciou sua prece, com os olhos fortemente fechados e as mãos trêmulas frente ao rosto, enquanto escutava a voz expressar sons pecaminosos aos seus ouvidos e dizer-lhe o quanto cada toque era bom. Os mesmos sons que havia ouvido e gostado de ouvir semanas atrás. —, perdoai-me por ser fraco e libertai-me destes promíscuos desejos de meu corpo. — pediu, sentindo-se sufocar com a culpa. — Perdoe-me... — murmurou, sentindo sua garganta doer em desespero. Queria chorar. — Eu não sei o que acontece comigo, não consigo me parar... Fazei de mim um servo novamente.... Por favor, Senhor... Eu pequei, sou sujo. Me perdoe...
Não és mais um servo, carneirinho.
— Eu suplico a ti, Santíssimo, perdoai-me. — a voz baixa do noviço pedia, mas seus olhos ainda enxergavam a sua imagem vinculada a dele imersa naquela abominação imoral
Ele não te perdoará, Jimin, não adianta pedires perdão se não te sentes arrependido por querer pecar.
Jimin sentia-se apavorado.
De olhos ainda fechados, o noviço repetia, mecanicamente, toda e cada prece que aprendera durante sua vida, mas não era suficiente.
Não era suficiente, pois a voz tinha razão.
Jimin reproduzia rezas, mas sua mente o fazia imaginar-se junto ao florista do subúrbio. Fazia vê-lo em cima de seu corpo, a morder os lábios, segurando suas coxas com força; fazia vê-lo a gemer em seu ouvido, dizendo-lhe que era tudo o que ele queria; fazia vê-lo a beijar-lhe o pescoço, a masturbá-lo lentamente, da exata forma que ele queria que fizesse ao afundar as mãos entre as suas pernas.
Tira a bata e descobre o quão delicioso és. Sejas meu, Jimin.
— Sai de minha mente... Não és bem-vindo na minha vida! — Jimin praguejou, mentindo para algo que estava dentro da sua cabeça e o conhecia bem, pondo-se de pé novamente, passando a caminhar pelo cômodo pouco iluminado.
Por que me mandas sair, carneirinho, quando tu mesmo chamaste-me aqui? Evocaste a minha lembrança, a minha voz e o meu corpo; desejaste o toque das minhas mãos e dos meus lábios, Jimin.
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DESCONSTRUINDO O ÉDEN | yoonmin
قصص الهواة[concluída | yoonmin | fantasia | shortfic] No ano de 1485, no meio do apogeu da Inquisição Papal na Baixa Idade Média, no subúrbio de Roma e onde hoje localiza-se a Cidade do Vaticano, Park Jimin, um jovem fascinado pelo ato de evangelizar e o mais...