PRÓLOGO| EM ALGUM MOMENTO 6 DIAS ANTES DA QUEDA (reescrito)

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Faz.

Foi assim que se ouviu reverberar pela primeira vez a tão suave e conhecida voz, soando como milhões de profanos segredos sussurrados em uníssono no mais secreto íntimo da mente de Jimin, tão intensa e cortante que o fazia remexer-se dentre os lençóis numa quase perdida tentativa de evitar sucumbir ao carnal que tanto o era oferecido de bom grado, que tanto havia outrora ansiado.

Que tanto queria sentir.

Toca-te.

A calma melodia da voz voltou a incentivar, fazendo com que o noviço questionasse a própria sanidade enquanto repreendia a sensação que aquele som trazia.

Sei o quanto queres fazê-lo, Jimin, sente , morde o maior pedaço.

Trêmulo, o rapaz passou as mãos pelo rosto e levantou-se da cama de madeira bruta, ajoelhando-se no meio do quarto, cuja única luz que o iluminava ainda vinha da lamparina quase apagada em cima do móvel de madeira ao canto. Buscou pelo rosário dourado, bem ali ao lado, e o enrolou-o entre as mãos, sentindo-se arrepiar da cabeça aos pés.

Precisava pedir perdão a Deus.

Não é o momento correto de ajoelhar- te, carneirinho...

Desesperado, Jimin rezou para que o Senhor o libertasse de cada vontade impura que a madrugada o trouxera, cada desejo que a sua carne alimentava e o fazia buscar, e mandasse aquela voz, ou o que quer que ela pudesse ser, de volta aos confins da Terra.

— Santíssimo Senhor — iniciou sua prece, com os olhos fortemente fechados e as mãos trêmulas frente ao rosto, enquanto escutava a voz expressar sons pecaminosos aos seus ouvidos e dizer-lhe o quanto cada toque era bom. Os mesmos sons que havia ouvido e gostado de ouvir semanas atrás. —, perdoai-me por ser fraco e libertai-me destes promíscuos desejos de meu corpo. — pediu, sentindo-se sufocar com a culpa. — Perdoe-me... — murmurou, sentindo sua garganta doer em desespero. Queria chorar. — Eu não sei o que acontece comigo, não consigo me parar... Fazei de mim um servo novamente.... Por favor, Senhor... Eu pequei, sou sujo. Me perdoe...

Não és mais um servo, carneirinho.

— Eu suplico a ti, Santíssimo, perdoai-me. — a voz baixa do noviço pedia, mas seus olhos ainda enxergavam a sua imagem vinculada a dele imersa naquela abominação imoral

Ele não te perdoará, Jimin, não adianta pedires perdão se não te sentes arrependido por querer pecar.

Jimin sentia-se apavorado.

De olhos ainda fechados, o noviço repetia, mecanicamente, toda e cada prece que aprendera durante sua vida, mas não era suficiente.

Não era suficiente, pois a voz tinha razão.

Jimin reproduzia rezas, mas sua mente o fazia imaginar-se junto ao florista do subúrbio. Fazia vê-lo em cima de seu corpo, a morder os lábios, segurando suas coxas com força; fazia vê-lo a gemer em seu ouvido, dizendo-lhe que era tudo o que ele queria; fazia vê-lo a beijar-lhe o pescoço, a masturbá-lo lentamente, da exata forma que ele queria que fizesse ao afundar as mãos entre as suas pernas.

Tira a bata e descobre o quão delicioso és. Sejas meu, Jimin.

— Sai de minha mente... Não és bem-vindo na minha vida! — Jimin praguejou, mentindo para algo que estava dentro da sua cabeça e o conhecia bem, pondo-se de pé novamente, passando a caminhar pelo cômodo pouco iluminado.

Por que me mandas sair, carneirinho, quando tu mesmo chamaste-me aqui? Evocaste a minha lembrança, a minha voz e o meu corpo; desejaste o toque das minhas mãos e dos meus lábios, Jimin.

DESCONSTRUINDO O ÉDEN | yoonmin حيث تعيش القصص. اكتشف الآن