04| 42 DIAS ANTES DA QUEDA (reescrito)

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#CaiuNoGolpe🍎


Jimin estava confuso e angustiado.

Segurando um terço prateado entre suas mãos que chacoalhavam por ação das rajadas de vento frio, ele encarava o céu escuro e de poucas estrelas pela terceira noite seguida e se perguntava por quanto tempo mais faria aquilo apenas por não ser capaz de calar as vozes na sua cabeça.

Durante todo e cada segundo daqueles oito dias que se passaram, Jimin sentiu a sua fé balançar e esticar de todas as formas possíveis. Sentiu-a se incomodar durante as suas orações matinais, quando ajoelhava-se para agradecer por mais um dia de vida e percebia o questionamento do porquê de estar fazendo aquilo crescer até que se perdesse no meio das suas preces e por elas passar a nutrir pontual desânimo. Sentiu-a fraquejar no decorrer do dia, enquanto cuidava da igrejinha vazia e sentia seu peito doer, com tantos questionamentos pesando dentro dele ao passo que limpava o chão com uma flanela, prostrado sobre os seus joelhos. Notou-a escapar dentre os seus dedos em todos os momentos em que se pôs a evangelizar e a tentar convencer as pessoas de que a mesma fé da qual estava duvidando era capaz de salvar e até mesmo quando tentava comer algo e não se enxergava merecedor do alimento que recebera ou quando, sem nem ao menos notar, mordiscava os próprios dedos e arrancava pedaços da sua fina epiderme ao dar ouvidos aos seus pensamentos até sentir o sabor ferroso do sangue que deles escorria espantar a sua língua.

Sua mente não parou um segundo sequer de questionar toda e cada ação dos soldados, e até mesmo as do Sumo Pontífice, conforme as palavras do florista ecoavam no seu subconsciente, tal qual brados dentro de uma caverna escura e vazia. Seus pensamentos emaranhavam-se em nós cada vez mais apertados enquanto questionava-se sobre o que a sua fé o levava a fazer, se é que era ela que o movia a fazer todas aquelas coisas.

Forçando seus olhos a procurarem a lua minguante no céu romano, Jimin tentava distrair-se da pressão que estava sufocando seu peito há dias, aquela mesma que pairava sobre seus pensamentos e os bagunçava para então destruí-los e fazê-lo ficar perdido nos seus destroços.

Não fazia ideia do quão seria difícil escapar do emaranhado em que ele mesmo havia se feito aprisionar.

Jamais imaginaria que, em tão pouco tempo, sua mente fosse virar de ponta-cabeça de tamanha forma, principalmente a respeito daquilo que era a razão da sua existência.

Jimin esperava, preso a uma ingênua esperança, por qualquer sinal de Deus que confortasse seu coração e o pusesse de volta nos eixos que sempre o guiaram, porém, por mais que ele quisesse e pedisse, nada acontecia.

Absolutamente nada.

Fechou os olhos uma outra vez e respirou fundo, sentindo o vento frio daquela madrugada que se despedia bater contra o seu rosto e bagunçar os seus cabelos. Tentou orar mais uma vez, esperançoso e desejoso de que seu coração pudesse voltar a encher-se da mesma fé que sempre o preencheu, como aconteceu a todo momento da sua vida até aquelas três semanas atrás. Ansiava por um sinal, qualquer um, que lhe dissesse o que estava certo ou errado, que dissesse que ele estava errado em duvidar e questionar os planos do criador.

Contudo, da mesma forma com a qual estava começando a se sentir tristemente habituado, nada se sucedeu.

Seu coração continuou apertado, seu peito permaneceu pesado e sua mente insistiu em duvidar. Mesmo assim, Jimin prosseguiu a sua desesperada prece que, por mais que estivesse sendo feita devotamente, teve como único resultado o peso do primeiro grande tremor que abalaria toda e cada estrutura daquele outrora sólido e essencial pilar da sua vida: A sua fé.

DESCONSTRUINDO O ÉDEN | yoonmin Where stories live. Discover now