(31) Como deve ser a sensação da morte

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15 de maio

Começou como um formigamento entre as sobrancelhas. Apenas algumas centelhas de magia onde Voldemort estava pressionando sua varinha em sua pele. Era desconfortável, doloroso, mas nada que ela não pudesse cerrar os dentes. Mas então a dor piorou, cresceu até que Hermione pudesse reconhecê-la como magia negra. O tipo mais maligno. O tipo que arrepiava os pelos da parte de trás de seus braços.

E continuou ficando cada vez mais forte, açoitando suas têmporas como se estivesse sendo chicoteada por correntes de metal. Explosões curtas e agudas de dor enquanto Voldemort enfiava sua influência sobre a mente dela e permitia que ela acessasse a dele.

Você deveria estar fazendo anotações, disse uma voz no fundo de sua mente. Você deveria se concentrar na mente dele em vez da sua.

Para ter acesso à mente de Voldemort. Para ver o que ele viu, para saber seus planos para o futuro. Era um momento crucial. Uma chance que Harry teria agarrado se tivesse a oportunidade.

Após sua "morte", sua conexão com a mente de Voldemort foi quase completamente amarrada, e a Ordem sofreu por causa disso. Eles perderam sua vantagem. Harry não conseguia mais prever o próximo movimento de Voldemort, não conseguia mais ter uma noção do que assustava o Lorde das Trevas e onde estavam as fraquezas de sua armadura.

Não olhe para o que ele está mostrando, pense no que ele não está mostrando, no que ele não quer que você veja, a voz continuou, incitando-a a ouvir, ignorar o óbvio e prestar atenção as sombras. Você está na mente dele. Ele deixou você entrar em sua mente. Aproveite essa oportunidade. Aprenda com isso. Estude-o. Tem que haver algo aqui. Algo que pudesse ajudar Harry e a Ordem.

Mas ela não precisava se concentrar na mente dele, porque ela já podia sentir isso na sua. Sua magia já havia deslizado sobre ela, conectando-a a ele, enredando sua influência tão firmemente sobre ela que parecia que ela era ele, e ele era ela.

Ele não estava apenas mostrando a ela o que pensava, ele era a mente dela, e ela era a dele.

A compreensão a atingiu tarde demais. Ela congelou de medo. Ela não conseguia se mover. Ela queria vomitar.
Sua mente era um lugar escuro. Frio e repugnante, e ele queria que ela visse mais disso. Ele queria mostrar a ela mais disso. Mostrar a ela o que os Videntes haviam predito. Seu futuro. Sua vitória. A derrota da Ordem.

Para começar, nenhuma das imagens que ele mostrou a ela fazia sentido.

Edifícios explodindo.

Fumaça espessa subindo no ar.

Violentos flashes de luz verde.

Uma pistola preta comum com cabo dourado.

Uma igreja em chamas.

Uma ponte desabando em um lago congelado.

Uma torre de sino de pedra desmoronando.

Relâmpago azul sobre uma silhueta escura – talvez um castelo, mas desapareceu antes que Hermione pudesse ter certeza.

E o número quatro. Hermione via isso em todos os lugares. Ficava piscando entre cada imagem, um plip, como uma queimadura de cigarro em um pedaço de filme.

Como as portas de uma igreja que ela não reconhecia estavam queimando, o número quatro de repente piscaria diante de seus olhos antes que a visão se encaixasse na seguinte. E continuava acontecendo.

As vigas de suporte de uma ponte quebraram, permitindo que a estrutura caísse em um lago gelado abaixo.

Quatro.

A arma foi recarregada com uma única munição.

Quatro.

Tijolos racharam e se estilhaçaram, uma torre alta caiu e se espatifou no chão.

Secrets and Masks | DramioneWhere stories live. Discover now