09 | Querida

2.2K 129 6
                                    

AVISO: cenas de tortura e representações gráficas de violência e massacre.

.

24 de dezembro

Pingo.

Pingo.

Pingo.

Draco assobiou quando entrou na caverna. Ele olhou para a escuridão, procurando a figura que ele sabia estar lá enquanto caminhava para dentro. Ele segurava uma lamparina na mão, com a chama encantada para ser estranhamente brilhante e vigorosa, emitindo muito mais luz do que deveria. Salazar sabia que isso era necessário; essa tumba era escura como breu.

Enquanto caminhava, ele concentrou sua magia em levitar o cadáver de uma grande vaca atrás dele. O sangue do animal escorria esporadicamente de uma incisão em sua garganta, deixando um rastro escarlate no concreto arranhado.

Pingo.

Pingo.

Pingo.

Draco assobiou novamente e aproximou o corpo para perto de si, na esperança de levar o cheiro da morte para dentro da tumba e atrair a fera que estava lá dentro.

Um estrondo profundo cortou o silêncio sinistro, com suas vibrações batendo no peito de Draco. A temperatura aumentou repentinamente, e então ela estava lá.

Não era grande o suficiente para seu dragão aqui embaixo. Os tetos podiam ser altos para ele, mas o tamanho colossal dela dificultava sua passagem por eles. Seu peito e cauda raspavam no chão enquanto ela se esforçava para rastejar em direção a ele.

Assim que ele a viu, ficou mais fácil respirar. O aperto incômodo que ele carregava no peito diminuiu, e a pontada nojenta que ele carregava no estômago desde a separação se suavizou.

Ele odiava o fato de o Lorde das Trevas ter insistido que ela fosse mantida sob a base de operações deles enquanto se curava.

Ele disse que queria ficar de olho nela para garantir que ela recebesse o melhor atendimento. Ele queria que ela se recuperasse o mais rápido possível, não porque ele se importasse com ela como Draco, mas porque ele não poderia deixar sua arma mais letal fora de serviço por muito tempo.

A Ordem estava aterrorizada com seu dragão, como deveria estar. Para muitos, ela era um pesadelo que ganhava vida; um demônio alado que se materializava no campo de batalha e estava faminto por seus gritos. A simples visão dela muitas vezes reduzia até mesmo os homens mais corajosos a uma poça de desespero. Seu rugido, por si só, fazia com que os soldados mais valentes da Ordem se ajoelhassem.

Ela era majestosa e poderosa. E ela pertencia a Draco.

Embora sua mãe tivesse dado a ele o pequeno ovo antes de morrer, Draco estava convencido de que seu mestre tomaria o dragão para si quando soubesse de que espécie ela era, que arrancaria o ovo dos dedos pálidos de Draco quando percebesse a destruição que seu hálito flamejante um dia causaria. Ele o fez, de fato, inúmeras vezes desde que ela nasceu, mas não era para ser assim.

Os dragões Chifre-de-Fogo Escandinavo escolhiam apenas um cavaleiro. Eles se uniam a uma única bruxa ou bruxo por toda a vida e nunca respondiam a mais ninguém. Eles nem mesmo permitiam que outra pessoa tivesse a alegria de voar em suas costas, a menos que seu mestre permitisse. Suas decisões eram definitivas. Não havia segunda chance. Sem exceções.

Mas o Lorde das Trevas ainda havia tentado torná-la subserviente a ele. O bastardo louco havia tentado criar laços com ela desde o momento em que ela havia saído do ovo. Ele tentara alimentá-la com as mãos, tentara acalmá-la e até tentara ensinar a coisinha a cuspir fogo, mas tudo terminara com pequenos beliscões e as bordas das vestes em chamas. No final, ela não queria ter nada a ver com o bruxo das trevas. Ela só queria Draco e, até hoje, onde quer que ele estivesse, ela o seguia.

Secrets and Masks | DramioneWhere stories live. Discover now