(34) Túmulos vazios

2.7K 225 56
                                    

16 de maio

A primeira coisa que Hermione viu quando abriu os olhos foi o rosto de Malfoy e, por alguma razão, ela não conseguia desviar o olhar dele.

Em todos os seus anos de guerra, em todos os campos de batalha em que lutou, ela não achava que já tinha visto alguém parecer tão desesperado, tão fodidamente perdido e vulnerável que fez seu estômago revirar e seu peito parecer vazio. Ela nunca o tinha visto tão... aberto. Era quase assustador vê-lo assim. Ver como sua mão tremia enquanto ele apertava o peito. O olhar perturbado em seu rosto. E seus olhos, o oceano azul mais claro que ela já tinha visto. Suas paredes estavam baixas, e isso o fazia parecer muito mais jovem.

A tensão no ar era palpável e pesada, pesando sobre o quarto como uma névoa, e por muito tempo ninguém disse uma palavra. Os Comensais da Morte apenas olharam, seus olhos piscando de Hermione, para a cabeça em seu colo, e então de volta para Hermione novamente.

— É Astoria... — Blaise sussurrou, e a forma como sua voz falhou foi o suficiente para desviar a atenção de Hermione de Malfoy – por um momento. — Ela está...?

Embora ele estivesse falando com Hermione, seus olhos estavam fixos em sua esposa, procurando por uma pequena elevação de seu peito ou vibração de seus cílios. Desesperado para ver um sinal de vida.

Dos três, Blaise compreensivelmente parecia o pior. Ele parecia quase louco de culpa. A imagem de um homem que abriria as portas da varanda e se jogaria alegremente da borda se Hermione não lhe desse a resposta que ele queria.

— Ela está bem, — ela respondeu rapidamente, sua própria voz rouca e grossa de exaustão. — Eu consegui diminuir o sangramento e deixá-la estável logo depois que Romy e Quinzel saíram para pegar vocês três.

Assim que Hermione disse isso em voz alta, uma onda de alívio varreu a sala.

Theo exalou alto como se tivesse levado um soco no estômago. Ele se encostou no batente da porta para se apoiar, como se o alívio que sentiu tivesse liquefeito seus ossos e ele não pudesse mais ficar de pé sozinho.

A mão de Blaise voou para a boca para acalmar seu soluço de alívio e seus olhos vidrados com lágrimas.

Malfoy apenas ficou parado na porta encarando Hermione. Imóvel. Tão imóvel quanto as pinturas renascentistas com as quais ela frequentemente pensava que ele se parecia. Ela não podia ter certeza se ele estava respirando.

— Ela vai precisar de bastante descanso e poções para reabastecer o sangue – mas depois de alguns feitiços de cura ela ficará bem.

— Como você...? — Blaise sussurrou enquanto dava um passo cauteloso para mais perto. — Você não tem magia...

— Do jeito trouxa. Ela abriu a nuca quando caiu. Não consegui fechar o ferimento – você vai precisar fazer isso com magia o mais rápido possível – mas retardei o sangramento rasgando um pedaço do meu vestido e usando-o como uma compressa. — Os olhos de Hermione desceram para a cabeça loira em seu colo, e ela começou a desenhar círculos em suas costas, evitando os olhos de Blaise. — Mas ela estava inconsciente e com tanto frio pela quantidade de sangue que perdeu. Ela teria morrido se eu não a aquecesse, e eu suspeitava que ela teria uma poção de reposição de sangue sobressalente em seu quarto em caso de emergências. — Ela projetou o queixo em direção à garrafa vazia no chão, confirmando que sua suspeita estava correta. — Eu não tenho mágica, então não poderia levitar ela, então eu tive que a arrastar até aqui.

A forte respiração de Blaise a fez estremecer ligeiramente, esperando que ele a amaldiçoasse por não ser tão delicado com sua esposa.

— Suspeito que ela tenha alguns pequenos hematomas e arranhões nas costas, — Hermione se apressou nas palavras, querendo deixar bem claro para Blaise que tudo o que ela tinha feito era do interesse de Astoria, — e você pode querer lançar alguns feitiços de cura neles quando você curar o crânio dela, só para garantir. Sinto muito, mas não pude evitar...

Secrets and Masks | DramioneWhere stories live. Discover now