11 | Filhote de Leão

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10 de janeiro

"A felicidade pode ser encontrada, mesmo nos momentos mais sombrios", disse Dumbledore certa vez. "Se alguém apenas se lembrar de acender a luz."

Hermione havia repetido esse discurso milhares de vezes desde o início da guerra.

No início, ela o usava como um ponto focal. A frase a havia fundamentado. Tirou-a da direção sombria que seus pensamentos geralmente tomavam e lhe deu força. Ela a usava para se arrastar durante as batalhas, para se lembrar de que a Ordem poderia vencer essa guerra, que havia luz no fim do túnel, que eles só precisavam se manter firmes e fortes.

Ela repetiu a frase quando evitou por pouco maldições verdes ao arrastar o cadáver de Charlotte Sheldon por um prédio em chamas, quando Jason Aldo morreu em seus braços dois anos após o início da guerra, e toda vez que queimavam o corpo de outro soldado caído.

Era uma frase que Hermione conhecia bem, mas até mesmo ela tinha de admitir que Dumbledore não poderia ter imaginado como as coisas aconteceriam. Ela se perguntou se ele ainda estaria tão otimista em relação ao futuro se pudesse ter visto como os corpos se amontoariam nas ruas. Se ele soubesse quantas crianças morreriam no primeiro ano. Ou quantos de seus amados alunos dariam as costas uns aos outros e assassinariam seus amigos no campo de batalha.

O mundo havia se tornado um lugar muito mais sinistro desde que ele fizera aquele discurso. Não havia uma lanterna forte o suficiente para banir o tipo de escuridão que havia eclipsado o mundo desde sua morte. Alguns lugares não foram feitos para brilhar mais. O mundo estava manchado agora; toda a luz havia sido apagada para deixar um mar infinito de vazio em seu lugar.

As palavras de Dumbledore perderam o sentido para Hermione com o passar dos anos. À medida que a guerra se arrastava e os cadáveres se acumulavam, ela achava cada vez mais difícil racionalizar as palavras, mas agora, ao olhar pela janela e ver Astoria e Blaise passeando juntos pelos jardins, de mãos dadas e com sorrisos nos rostos, ela se viu lembrada delas.

Apesar de tudo, apesar da guerra, da decadência e do estado do mundo, eles haviam se encontrado.

Hermione nunca havia acreditado em almas gêmeas. Sempre achou que a noção de uma pessoa ser perfeitamente compatível com outra era ridícula e, francamente, infantil. A ideia de que duas almas que eram tão inegavelmente adequadas acabariam, de alguma forma, se encontrando - mesmo nas circunstâncias mais ridículas e bizarras - sempre pareceu absurda, até mesmo cômica...

Talvez fosse porque a parte lógica de seu cérebro sempre se baseava em evidências e fatos para provar uma hipótese, ou talvez a guerra a tivesse tornado cínica. Qualquer que fosse o motivo de sua teimosia, ela nunca havia deixado de acreditar no assunto. Não quando viu Harry e Ginny fazerem seus votos. Nem quando Luna e Neville tiveram seu primeiro filho. Ou mesmo quando Ron protestou contra sua inocência e declarou que não era culpa dele ter se apaixonado por Romilda, que eles estavam simplesmente destinados a ficar juntos.

Não importa o quão emocionantes tenham sido aqueles momentos, Hermione ainda não acreditava em almas gêmeas. Esses casais eram claramente adequados um para o outro, amavam-se profundamente e morreriam para proteger o seu parceiro, mas estariam destinados a ficar juntos?

Não, não no modo de pensar de Hermione.

Ela pensava que suas crenças sobre almas gêmeas eram inabaláveis, imutáveis ​​- até que ela viu como Zabini e Astoria eram juntos.

A devoção deles um pelo outro era diferente de tudo que Hermione já tinha visto. Eles não apenas se amavam, isso nem sequer começava a arranhar a superfície de como se sentiam, quase parecia um insulto referir-se a eles dessa forma. Era como se o seu outro significativo fosse o centro de todo o seu universo. Se Astoria era o coração de Zabini, então ele era o sangue dela. Ambos vitais para a sobrevivência de um, mas incapazes de existir sem o outro. Eles precisavam um do outro.

Secrets and Masks | DramioneWhere stories live. Discover now