EFEITO COLATERAL

3K 407 151
                                    

Sírius (O conquistador)

Hoje tudo saiu errado, o que era pra ser uma missão diplomática, acabou sendo uma armadilha para pegar a arma que estava sob minha proteção e me destruir.
A soberba me fez imprudente e não avaliei melhor a situação, então era minha responsabilidade os meus subordinados estarem mortos agora.
O rei Kany me pagaria por cada vida perdida aqui.

Minha cápsula de escape acaba sendo perseguida através do salto pelo portal e mais que isso, foi atingida e empurrada noutra direção.
Pelos dados no meu sistema de navegação, fui empurrado para um pequeno sistema solar da via láctea, onde tem um planeta habitável chamado Terra.
Não parece tão ruim, é um planeta de passagem e há uma base de aliados de All-One aqui, só preciso chegar lá em segurança.
Essa última parte é que será bem difícil, pois ao entrar em sua atmosfera, viro uma bola de fogo e pra piorar, estou em rota de colisão com uma nave militar.

Avaliando minha trajetória, não há tempo suficiente para desviar e a maldita nave é tripulada por um espécime local.
Maldição! Não posso entrar em território alheio já causando baixas em seus habitantes.
O teletransporte do meu bracelete não pode me levar a grandes distâncias, mas calculando a distância entre mim e a nave à frente, consigo chegar até lá sem problemas.
O choque entre as espaçonaves causaria uma explosão e isso cobriria meus rastros, ao menos por um tempo.

Aciono meu bracelete e no segundo seguinte, estou em cima da aeronave; o piloto toma um grande susto quando arranco parte da fuzelagem e o puxo do seu assento.
Não entendo como eles conseguem se manter no ar com uma barca tão ultrapassada como essas.
Simplesmente consigo rasgar isso com as mãos e nem preciso usar minha tecnologia de aumento de força ao máximo.
O próximo passo foi nos envolver num campo antigravitacional para que não entrássemos em queda livre.

Fico surpreendido quando o nativo tenta me enfrentar e em suas tentativas inúteis, acaba arrancando da minha cintura a arma que tenho tentado proteger a todo custo.
É nesse instante que percebo que o cilindro de contenção está danificado e seu conteúdo reage ao ferimento na mão do humanóide e atraído por seu sangue, invade seu corpo.
Não tenho tempo de ativar a proteção do tubo de contenção, tudo acontece muito rápido.
Agora estou realmente ferrado.
Eu deveria entregar a arma ao conselho intergaláctico e isso mudaria minha situação perante a confederação.

Isso estava indo de mal a pior.
Neste momento eu teria que lidar com mais esse problema; eu teria que extrair a arma que se infiltrou no corpo desse humanóide e não poderia descartá-lo num lugar ermo como planejei.
Meu próximo destino era o local que os terráqueos chamavam de zona neutra.
Ajustei meu teletransportador portátil para levar duas pessoas e como previ, não consegui chegar no local exato.
O humanóide estava tremendo, certamente por conta da absorção da arma.
Jogo-o no chão e providencio uma fogueira para aquece-lo, afinal não quero que ele morra.

Ao remover o item que protegia sua cabeça me deparo com algo que não imaginei; era uma fêmea humana.
Mas o que diabos um ser do sexo feminino fazia numa aeronave sozinha?!
Esses machos estúpidos não temem pela segurança de suas fêmeas?!
Não posso acreditar que as obrigam a enfrentar situações de perigo como esta, se bem que isso não é da minha conta.

Fico observando seus traços delicados e sua pele parece seda, os lábios são cheios e perfeitos.
Observo seus dedos se moverem. Não tenho dúvidas de que está tentando alcançar alguma arma oculta.
Só que tirei tudo dela.
A pesar de suas armas não poderem me causar danos, não posso arriscar mais contratempos.

— Sua arma é inútil aqui, humana! — Aviso em sua língua.

Por sorte, deu tempo baixar o arquivo das linguagens e dialetos, acervo cultural e histórico usados pelos terráqueos antes da minha cápsula ser destruída. As informações foram transferidas diretamente para meu cérebro, portanto, consigo falar todas as línguas da Terra e essa é a falada nessa parte do continente.

Sem Deixar Vestígios: Contos AlienígenasWhere stories live. Discover now