HORA DE DORMIR

2.5K 398 149
                                    

Sírius

Deixei a fêmea sozinha e fui providenciar uma roupa para ela.
Não sei o seu gosto, então escolhi o que a maioria das fêmeas, que conheci durante as minhas viagens, costumam vestir.
Espero que ela goste, por que não serei mais generoso que isso.
Ao retornar para o alojamento, ela está pulando na cama.
Ela parece animada.

— Está tentando voar, fêmea?

Ela se assusta, pula no chão e se senta na beirada da cama. Suas faces estão vermelhas pelo esforço.

— O que faz aqui?! — Ela me olha de esguelha.

— É aqui que ficarei! — Digo firmemente — Consegui isso! — Ponho a roupa na cama e percebo, pela sua expressão, que ela não gostou do que viu.

— Cadê a roupa íntima?

— Para que precisas disso?! — Realmente não entendo a necessidade, já que as fêmeas do meu povo não usam nada por baixo.

— Não é melhor eu ficar nua?!

— Tanto faz! — Digo e vou tomar meu banho, antes que essa discussão sobre roupas íntimas tome uma proporção estratosférica.

Demoro algum tempo no banho, dando tempo suficiente para ela se trocar e se acalmar.
Visto apenas uma calça leve e retorno.
A visão que tenho é de uma fêmea deslumbrante, muito diferente de antes.
Ela parecia um macho com aquelas roupas.

— Que bom que a roupa serviu!

Ela se vira e me encara de uma forma diferente.

— Gosta do que ver, fêmea?! — Não consigo evitar provocar.

— É o mesmo que olhar para a parede! — Ela desdenha de mim— Os prisioneiros têm direito a refeição?! — Ela tem uma aptidão pra mudar de assunto rapidamente.

— Aqui! — Mostro um painel e ensino como usar o equipamento de produzir alimentos. — Digite no painel o que deseja e terá.

Ela aprende rápido e num instante está com um prato estranho nas mãos. O alimento laranja e aguado não me parece comestível.

Enquanto ela escolhe seus alimentos, uso o dispositivo para materializar uma mesa para dois.

— Uau!

Ouço a exclamação e vejo uma fêmea muito surpresa.

— Sente-se e coma!

Olho para os alimentos que ela tem em mãos e fico sem entender como isso pode nutri-la; não é a toa que é tão raquítica.
Ela parece um filhote fêmea do meu povo.

— Isso é suficiente para ti?!

— Sim! Por quê?!

— Hum, é por isso que é tão esguia!

Ela me encara e faz uma careta.

— E isso é ruim?!

— Provavelmente! Com essa alimentação rala, duvido que consiga aguentar uma noite de acasalamento.

De repente, ela se engasga com o líquido do copo e me olha furiosamente.

— Seu idiota, o que você tem a ver com isso?

Ela está vermelha e mantém um olhar feroz sobre mim.
Não entendo a razão disso.
Será porque falei de acasalamento?!
Mas esse é um assunto trivial nas mesas com nossas fêmeas, geralmente é quando acontece os convites para acasalar.
Será que ela está pensando que tenho interesse sexual nela?
Como poderia? Ela parece um projeto de Merhe, perante mim, o que seria equivalente a um pinscher da Terra, só que um pouquinho maior.

Sem Deixar Vestígios: Contos AlienígenasWhere stories live. Discover now